domingo, 15 de junho de 2008

Mais de 250 mil alunos inscritos nos exames nacionais


Cerca de 258 mil alunos apresentam-se terça-feira para o início dos exames nacionais finais do ensino básico e secundário. As inscrições nas provas desceram 6,9% em relação ao ano passado, segundo dados oficiais.




No ensino básico, 99.930 alunos (menos 7.201 do que em 2007) testam os seus conhecimentos de língua portuguesa e de matemática ao nível do 9.º ano, na quarta e na sexta-feira, respectivamente. A segunda chamada das provas decorre nos dias 26 e 27 de Junho.

Os estudantes têm 90 minutos para realizaremos os exames, sendo as pautas das classificações de ambos afixadas no dia 11 de Julho.




No secundário, 157.718 alunos (menos 11.849 do que o ano passado), dos quais 96.953 candidatos ao Ensino Superior, prestam provas a partir de terça-feira e até 23 de Junho, numa primeira chamada, e entre 14 e 18 de Julho numa segunda fase de exames. As notas são afixadas a 07 e a 30 de Julho, respectivamente.



Os exames têm início às 09h00 de Portugal Continental, tanto no ensino básico como no secundário, um horário que servirá de referência para os Açores e os diferentes países nos quais as provas se realizam, já que decorrem em simultâneo.



GNR E PSP PROTEGEM EXAMES



Para assegurar a entrega e recolha dos exames nacionais nas escolas de todos o País, a Guarda Nacional Republicana (GNR) mobilizou cerca de sete mil militares, que se dedicam àquela que é uma das maiores operações montadas anualmente em Portugal a partir de terça-feira e até ao dia 18 de Julho.



Segundo o tenente-coronel Costa Lima, a missão da GNR é constituída por quatro etapas, “o levantamento, transporte, guarda e entrega das provas nas escolas”. Um processo que se repete no final de cada exame.



Também a Polícia de Segurança Pública (PSP) foi mobilizada para a ‘Missão Exames Nacionais 2008’. Esta força terá a cargo, essencialmente, os estabelecimentos de ensino das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.

Exames Nacionais: «injustos» ou «benéficos»?


Para os alunos os exames nacionais são uma «prova de fogo», para os pais são «injustos» e representam algo de «lotaria e traição», mas há quem defenda que constituem uma «experiência de vida e uma aprendizagem» que os faz crescer.

Milhares de estudantes iniciam terça-feira os exames nacionais do ensino básico e secundário, aproveitando esta semana para queimar os «últimos cartuchos» e saber a matéria na «ponta da língua».

«Altura de muitos nervos

O peso da responsabilidade dos exames do 9º, 11º e 12º anos sente-se nas palavras de vários estudantes contactados pela agência Lusa, que consideram que são determinantes para o seu futuro académico.

«É uma altura de muitos nervos», disse à Lusa Joana, que obteve uma média muito alta na frequência do 12º ano e que espera conseguir bons resultados nos exames para poder entrar na faculdade.

Apesar de sentir que está preparada para o exame, a estudante manifesta algum receio das provas por considerar que «são imprevisíveis».

Na época que antecede os exames, as únicas conversas entre os estudantes são apenas para esclarecer dúvidas ou falar sobre as provas.

«É uma altura diferente, quase não falamos, estamos fechados a estudar», disse à Lusa Miguel, aluno do 12º ano, que assegura não estar muito preocupado com porque se sente «preparado».

«Traição e lotaria»

Para o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Albino Almeida, os exames «não são justos e têm um quê de lotaria e de traição».

«Ainda continuo por perceber para quem são exames e para quê são os exames», sublinhou, acrescentando que os alunos levam as provas «muito a sério».

«Os jovens estão tensos e preocupados. A maior parte dos pais denota esse clima junto dos seus filhos», acrescentou.

Albino Almeida questionou por que é que não se fala em Portugal sobre o que se debate na sociedade inglesa sobre os exames. A Inglaterra «tenderá a extingui-los da forma como estão, por considerar que os alunos se preparam para os exames mas não ficam mais conhecedores nem aumentam as suas capacidades, o que se prova por haver um índice de reprovação muito alta dos alunos que entram para as universidades».

Para o presidente da CONFAP, os exames são castradores para os estudantes. «As escolas foram capazes de proporcionar aos alunos uma instrução e a seguir, através do exames, barram-lhes o caminho da educação ao retê-los».

Fazem bem à saúde»

Opinião contrária tem o psicólogo Eduardo Sá que considera que os exames «fazem bem à saúde e são uma forma de [os estudantes] entenderem que a vida é uma competição e perceberem que o facto de se envolverem mais ou menos acaba por ter consequências para eles».

O psicólogo salientou a importância das provas de aferição realizadas no primeiro ciclo para quem prestar agora provas, que depois de concluídas acabam por serum certo alívio» porque os jovens puderam mostrar o que valem depois de um ano todo a «treinar».

«A grande vantagem dos jovens já terem feito provas de aferição é altamente vantajoso porque é com isso que podem ir aprendendo a jogar e perceber que não deixa de ser fundamental este tipo de exame», sustentou, rematando: «quanto mais vezes vão a jogo mais aprendem a jogar».

Mas, segundo Eduardo Sá, o que «estraga» é a pressão a que os jovens são submetidos, não tanto pelos exames, mas pelos pais e professores que «exorbitam o tipo de consequências que vão ter».

«Os pais, na ânsia de ajudar, põem-se a dizer coisas como vamos lá ter a cabeça no lugar ou vais ter de te deitar para amanhã estares fresco». «Isto permanentemente acaba por ser esmagador e ter um papel mais desorganizador do que de ajuda», acrescentou.

Para Eduardo Sá, o que está em jogo não é só a entrada na universidade ou o facto de ter um exame. «É uma experiência de vida e uma aprendizagem».

iol

Assaltou 12 escolas


A PSP anunciou hoje a detenção de um homem de 17 anos, que ficou em prisão preventiva, pela prática de furto no interior de 12 escolas na zona de Lisboa, escreve a Lusa.

No âmbito de uma investigação iniciada há cerca de quatro meses, o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa deteve quinta-feira um indivíduo pela prática de crimes de furto no interior de 12 estabelecimentos de ensino, situados na zona da Penha de França e Alvalade, em Lisboa.

O suspeito foi presente ao Juiz de Instrução Criminal, tendo-lhe sido aplicada a medida de coacção de prisão preventiva.

Nesses assaltos, segundo a PSP, o suspeito não demonstrava «possuir qualquer tipo de respeito pelas instituições de ensino», deixando «frequentemente um rasto de destruição».

Com a detenção do indivíduo, aquela força policial acredita «ter conseguido aumentar o sentimento de segurança junto da população escolar» naquela zona.

iol

sábado, 14 de junho de 2008

ENCONTRO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DO ALENTEJO



Défice de atenção responsável pelo insucesso escolar

Os pediatras falam de uma "tolerância excessiva" ao mau ambiente escolar, desafiando os professores a mudar sua capacidade de estimular comportamentos na escola, para evitar problemas maiores e estimular os alunos.

O défice de atenção é hoje a principal causa de insucesso escolar, sendo uma perturbação que atinge cerca de 10 % da população escolar. Entre os principais motivos estão anomalias cerebrais congénitas, síndrome feto-alcoólico, tabagismo materno e toxicodependência materna. Esta é uma das principais conclusões do seminário intitulado "Défice de Atenção na Clínica de Desenvolvimento", numa iniciativa realizada ontem, em Braga, no auditório do Hospital de S. Marcos, pelo Centro de Desenvolvimento Infantil de Braga - em parceria com o Serviço de Pediatria daquele hospital bracarense. Os participantes constataram que cerca de cinco por cento das crianças em idade escolar sofrem de Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA), na sua larga maioria (80%), jovens do sexo masculino. Por outro lado, 30 a 50 % destes casos de perturbações infantis continuam a manifestar-se na vida adulta. Perante esta realidade, Miguel Palha, pediatra do Desenvolvimento Infantil, deixou a ideia de que, presentemente, "há uma tolerância excessiva" ao ambiente escolar existente, pelo que desafiou os professores a terem uma nova capacidade de gerir comportamentos. Caso contrário, em sua opinião, toda a turma se torna hiperactiva. Aquele clínico vai mais longe ao considerar que "não existe contenção comportamental nas salas de aulas", numa alusão a novas perturbações das crianças provocadas pela baixa de auto-estima, consumo de álcool ou substâncias ilícitas. Além destas, também os participantes se referiram às perturbações de ansiedade que contribuem para o défice de atenção, como a adaptação ao meio e o sono (insónias graves). Outra das questões levantadas neste encontro prendeu-se com a falta de apoio do Estado ao chamado "Centro de Desenvolvimento Infantil", que já está em funcionamento em vários pontos do país, proporcionando cuidados específicos a crianças e adolescentes com Perturbações do Desenvolvimento. E questionaram o apoio considerado "insuficiente" (somente 50 %) na comparticipação de medicamentos no tratamento de crianças.

JN

Nega na 1.ª fase de provas facilita entrada no superior


Exames. Quem chumbar à primeira, pode fazer novo teste e concorrer com essa nota à 1.ª fase de acesso ao superior. Quem tiver uma positiva 'à tangente' fica com essa classificação, e só pode fazer melhoria para ir à 2.ª fase de acesso. A três dias dos exames, o Governo diz estar a estudar a questão

Quem chumba prova pode repetir e entrar à primeira

Ter uma negativa na 1.ª fase de exames nacionais do secundário, que começa na próxima terça-feira, pode ser bem melhor do que passar à tangente. Sobretudo se o teste em causa servir de prova de ingresso para a instituição do ensino superior a que o estudante pretende concorrer.

É que quem reprovar nessa prova terá oportunidade de repetir o exame e usar a nova nota, combinada com a média do secundário, para concorrer às primeiras vagas do ensino superior, onde é preenchida a esmagadora maioria dos lugares.

Já o aluno que passe à primeira com um 9,5 - o mínimo exigido - à primeira não terá outro remédio senão usar essa nota para disputar os mesmos lugares. Isto é: até poderá fazer nova prova, para melhoria de nota, mas a nova média só poderá ser usada na 2.ª fase de candidatura.

O paradoxo, denunciado pela Associação Exames Nacionais e Acesso Ensino Superior (AEXAMES), deve-se a uma ambiguidade nas regras de acesso. Desde 2004 que é permitido concorrer à 1.ª fase com notas dos segundos exames, mas a possibilidade destina-se apenas a situações concretas, como a falta ao exame por motivo de doença. Nos últimos dois anos, no despacho que define o calendário e as regras dos exames nacionais, o Ministério da Educação (ME) tornou claro que essa hipótese era vedada a quem se apresentasse às segundas provas para aprovação à disciplina ou melhoria. Desta vez, entendeu não o fazer.

"A segunda situação [melhoria] já era vedada pelas próprias regras de acesso, mas em relação à primeira passam a não haver impedimentos", disse ao DN Bruno Pereira, da AEXAMES, associação que gere o portal www.exames.org. "Esta segunda--feira", acrescentou, a associação enviou aos ministérios da Educação e Ensino Superior e à Direcção-Geral do Ensino Superior um parecer" chamando a atenção para este problema, que poderá configurar nova situação de desrespeito pelo "princípio da equidade", repetindo, a uma escala muito maior, o problema ocorrido em 2006 com os exames de Química.

Pingue-pongue ministerial

Contactado pelo DN, o assessor de imprensa do Ministério da Educação descartou qualquer responsabilidade pela situação, remetendo o caso para o gabinete do ministro do ensino superior, Mariano Gago: "Esse é um assunto de matéria de acesso e deve ser pedido um esclarecimento ao superior", considerou.

Fonte do Ensino Superior disse apenas que "o Ministério tomou conhecimento da questão e vai esclarecê-la junto da Comissão de Acesso. Só depois estará em condições de se pronunciar", justificou.

O prazo é, no entanto, curto: as primeiras provas do 12.º ano, de Português, são às 09.00 de terça-feira.


dn

sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Participação das Famílias na Escola em Espanha



Escola tira 1750 por ano ao trabalho infantil

Três chumbos no 5º ano, e algumas companhias que desafiavam para tudo menos para ir às aulas, fizeram soar o alarme. A escola sinalizou o caso e, aos 15 anos, Débora, em risco de cair nas malhas do trabalho infantil ou da marginalidade, voltou à sala de aula pela mão do Programa Integrado de Educação Formação (PIEF). Como ela, todos os anos 2500 jovens entre os 15 e os 18 anos integram esta medida de combate ao abandono escolar e de prevenção do trabalho infantil, dos quais 70% saem certificados com o 6 º ou 9 º ano.

"Andava bem perdidinha. À toa...", desabafa Débora, enquanto despe a lycra e o fato de borracha que usou na aula de surf prestes a terminar na praia de Carcavelos. Ontem o dia foi de actividades exteriores pois através da brincadeira e do desporto também se desenvolvem competências individuais, como o relacionamento pessoal, a auto-estima ou a disciplina.

"O mais difícil de trabalhar nestes jovens não são as capacidades cognitivas mas as pessoais e sociais", explica Natércia Ferreira, técnica de uma equipa móvel multidisciplinar que acompanha vários PIEF's, entre eles o de Oeiras, a que Débora pertence.

"Para isso há uma relação próxima entre alunos e técnicos e as equipas no terreno acompanham a parte escolar mas também a vertente social destes jovens de risco", acrescenta Joaquina Cadete, presidente do Programa para Prevenção e Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil (PETI), no qual se inserem os 144 PIEF's do País.

A presidente do PETI considera que em Portugal o trabalho infantil não está erradicado, mas tem ganho expressões diferentes. Se nas empresas a exploração infantil é já "negligenciável", permanece o trabalho domiciliário em que as crianças são levadas pelas famílias a fazer trabalhos forçados em casa, como coser sapatos ou produzir peças de roupa, entregues na fábrica no dia seguinte pelos pais.

Desporto e espectáculo

Joaquina Cadete sublinha ainda o trabalho artístico associado à moda, à publicidade e ao espectáculo, em que as crianças são obrigadas a trabalhar muitas horas sem descansar. Para além da saúde mental, que é preciso acautelar, e da dificuldade em gerir expectativas e frustrações, acrescenta.

A Confederação Nacional de Acção sobre Trabalho Infantil alerta também para as horas que as crianças dedicam à prática do desporto profissional, "sacrifício" que deixa "marca para toda a vida". Fátima Pinto, vice-presidente, fala do futebol, realidade actual de trabalho infantil pela sobrecarga horária e pelas exigências a que as crianças são sujeitas, obrigando-as, por vezes, a deixar a escola.

Mas as formas emergentes de trabalho infantil são as mais preocupantes, considera a presidente do PETI, pois estão associadas à criminalidade: tráfico de droga e armas, prostituição e mendicidade.

Prevenir o trabalho infantil passa por impedir que os jovens deixem a escola antes de tempo, diz a directora do PETI. Os casos de risco são sinalizados pelas escolas, Segurança Social, comissões de protecção e tribunais.

Aulas diferentes

"Aqui as aulas são diferentes. É mais fácil", diz Débora, sublinhando o mal estar sentido antes, quando partilhava a turma do 5º ano com colegas muito mais novos. Nestas turmas especiais, o curriculum ajusta-se ao percurso de cada um até estarem adquiridas as competências previstas para os alunos do 6º e do 9º ano. Não há manuais escolares, há dois professores dentro da sala e ainda um técnico que acompanha a situação social de cada um, mesmo depois de tocar para o recreio.

A própria sala "não são quatro paredes brancas", mostra Ronaldo, apontando para os balões colados na parede da escola Aquilino Ribeiro. O percurso de cada um é como se fosse uma viagem. As competências a adquirir são carga colocada no cesto do balão, que se vai libertando à medida que se progride. Quanto mais leve estiver o balão, mais fácil será voar.

Professores lamentam possível encerramento da EB1 do Aleixo

Os professores da Escola EB1 do Aleixo ultrapassaram os receios iniciais de quem foi colocado num dos bairros mais problemáticos do Porto e estão dispostos a continuar nesta escola, embora receiem o seu encerramento.
«Já se fala há muito do encerramento desta escola, mas ainda ninguém me disse nada em termos oficiais», afirmou Francisco Fonseca, coordenador da EB1 do Aleixo, admitindo ter conhecimento de que a Carta Educativa do Porto, defende o encerramento do estabelecimento de ensino.

A escola, situada em pleno Bairro do Aleixo, tem actualmente 55 alunos que frequentam os primeiros quatro anos de escolaridade, contando com oito professores, dos quais três são contratados.

«Esta é uma escola normal, como qualquer outra, mas que carrega o peso da zona envolvente», frisou Francisco Fonseca, defendendo que «se as instalações estivessem arranjadas, bem pintadas, haveria outras condições para motivar os alunos».

Francisco Fonseca, natural de Aveiro, chegou à escola do Aleixo há cerca de um ano, naturalmente «assustado» com o que conhecia deste bairro portuense, que ganhou notoriedade à custa do tráfico e consumo de droga.

Esse receio está ultrapassado e hoje o coordenador da escola local diz que a situação é «perfeitamente normal», uma ideia também partilhada por Liliana Moreira, professora do 3º ano, que foi a última a chegar ao Aleixo.

«Cheguei em Janeiro e, no início, estava muito receosa, o que é uma reacção normal, mas agora sinto-me segura no bairro», afirmou.

Apesar de ter chegado apenas há seis meses, Liliana Moreira já estabeleceu uma ligação forte com os 11 alunos da sua turma, que, antes dela, conheceram quatro professores.

«Tenho pena de deixar esta turma porque não sei quem vai pegar nela, mas este é um problema que acontece a todos os professores contratados», salientou.

Um problema idêntico ao de Cláudia Almendra, professora do 1º ano, que não tem dúvidas em afirmar que gosta da escola, onde lecciona pela primeira vez.

«Se tivesse a garantia de que ficava com a mesma turma e que a escola não fechava, gostava de ficar», frisou a professora dos alunos mais novos do Bairro do Aleixo.

Fonte do Gabinete de Imprensa da autarquia portuense disse hoje à Lusa que ainda não há qualquer decisão sobre a manutenção ou fecho da escola do Aleixo.

Diário Digital / Lusa

Centro sem fundos comunitários para requalificação de escolas

A requalificação do parque escolar com recurso aos fundos comunitários não está a incluir todas as escolas constantes das cartas educativas já aprovadas e cuja decisão de encerramento o Ministério da Educação já terá tomado. A denúncia parte de Fernando Ruas, presidente da Câmara de Viseu e da Associação Nacional de Municípios (ANMP) que acusa o ME de fazer "tábua rasa do que foi dito pelo primeiro-ministro, que afirmou por diversas vezes que nenhuma escola ia ficar sem financiamento para reparações desde que estivesse inscrita na carta escolar". O ME garante que as escolas a encerrar terão por base o insucesso escolar.

Ruas aponta os exemplos das candidaturas feitas até agora pela câmara a que preside. "Apresentámos três candidaturas. Uma aprovada e a outra chumbada com o argumento de que não é prioritária em relação ao reordenamento da rede escolar." O autarca explica que "no caso de uma escola, que viu a requalificação aprovada, irá haver fecho de escolas. Na que foi reprovada e noutra cuja decisão aguardamos, não está previsto qualquer encerramento.

Rui Nunes, assessor do ME desmente e garante que a intenção é "encerrar as designadas escolas do insucesso". E aponta excepções de escolas com acesso aos fundos comunitários como as de zonas rurais com população dispersa. O responsável salienta que "apesar de se tratar de estabelecimentos com tendência gradual para a sua extinção, estas escolas devem constituir-se como parte integrante de um agrupamento de escolas" para terem acesso aos fundos comunitários.

Também o Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) veio lembrar que "na região Centro os fundos comunitários para requalificação do parque escolar do 1.º ciclo do ensino básico (CEB), incluindo a construção de centros educativos, são apenas de 102 milhões de euros quando os pedidos apresentados pelos municípios são três vezes superior à verba disponível".

O sindicalista Luís Lobo exemplifica com os "22 milhões de euros disponibilizados pelo QREN para a 1.ª fase do concurso de requalificação da Rede Escolar do CEB que foram distribuídos por apenas 31 candidaturas de 17 municípios".

O SPRC realizou um estudo tendo por base 33 concelhos com as cartas educativas já aprovadas e constatou que "as verbas do QREN para este programa serão insuficientes".

Recorda que "no centro existem 12 municípios, cujas cartas educativas não foram objecto de homologação". E alerta para o facto de estes municípios correrem "sérios riscos de ficarem sem possibilidade de se candidatarem aos fundos por que não dispõem de cartas educativas".

DN

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Organização do Ano Escolar



FNE considera "insuficiente" a proposta do ministério de organização do ano escolar

A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) considera "insuficiente" a proposta do Ministério da Educação para a organização do ano escolar, nomeadamente na questão dos professores contratados, com horários incompletos e com funções de coordenação pedagógica.

A FNE esteve reunida ontem com o Ministério da Educação, em Lisboa, para negociar as regras de organização do próximo ano lectivo, a primeira reunião de uma ronda negocial entre a tutela e os sindicatos que hoje termina.

Hoje, em declarações à Lusa, o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, qualificou a proposta da tutela como "insuficiente" por não englobar a "situação dos professores contratados, dos docentes com horários incompletos" e por não dar "relevo aos professores de educação especial".

O tempo para o exercício de cargos de coordenação pedagógica dos docentes e das funções de avaliador, previsto no artigo 7º do projecto de despacho, foi também considerado por Dias da Silva como sendo "claramente insuficiente". "Significa que um docente que tenha de avaliar cinco professores não tem para cada um mais do que quatro horas por ano para todas as tarefas de preparação e registo da avaliação", frisou o sindicalista.

Segundo Dias da Silva, a FNE tem registo de "muitos professores" a quem lhes é pedido que, no conjunto das suas actividades semanais, exerçam "outras actividades", o que leva ao "desrespeito do tempo de trabalho individual e necessário à preparação das aulas", bem como obriga docentes a excederem "largamente o limite de trabalho de 35 horas semanais".

Nesse sentido, a FNE exigiu na reunião com o ministério "o pleno respeito pelo tempo de trabalho individual" e apelou à criação de mecanismos que impeçam que "um mesmo docente tenha sucessivamente distribuídas reuniões que fazem acrescer o tempo do seu trabalho semanal".

Em relação ao projecto de despacho respeitante ao calendário do próximo ano lectivo, a FNE contestou "sobretudo o tratamento distinto que nele é feito sobre os educadores de infância", explicou Dias da Silva. "Os educadores de infância têm uma interrupção de apenas cinco dias no Natal e na Páscoa, o que é inferior à dos restantes docentes", explicou.

O ensino de Português no estrangeiro e a situação dos docentes foram outros dos pontos abordados na reunião. "Reiterámos junto da tutela a importância do ensino da Língua Portuguesa no estrangeiro, de garantir a actualização dos vencimentos dos docentes, que não é feita desde 2006, e a resolução do problema do englobamento do subsídio de refeição na respectiva remuneração", explicou.

A proposta foi também considerada "claramente insuficiente" por não atribuir às escolas "um crédito horário suficiente para que cada escola disponha de recursos humanos e materiais essenciais para responder as suas obrigações em termo de apoio educativo".

Perante este conjunto de observações, João Dias da Silva afirmou esperar a marcação "de uma nova reunião para discutir esta matéria", avançando que até agora "nada foi agendado".

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Perfil dos estudantes à entrada do Secundário

O Observatório de Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES) elaborou o relatório Estudantes à Entrada do Nível Secundário de Ensino, que pretende traçar o perfil dos alunos que frequentam o ensino secundário.

Este estudo contou com a colaboração de 11 estabelecimentos de ensino e a participação de 1806 alunos do 10.º ano ou equivalente, através de um questionário on-line.

As vertentes de análise dos dados recolhidos incidem sobre questões como os perfis sociais dos públicos do ensino secundário, os seus trajectos e as expectativas escolares.

O relatório apresenta um conjunto de resultados que, embora não sejam representativos da realidade do ensino secundário em Portugal, interessa revelar.

Assim, o estudo revela que uma grande parte dos alunos que chegam ao secundário advém de estratos socioeconómicos onde as habilitações escolares são iguais ou superiores ao ensino secundário, nomeadamente, os estudantes que seguem cursos científico-humanísticos ou de ensino artístico especializado (Artes Visuais e Audiovisuais).

As disciplinas com maior dificuldade de aprendizagem são a Matemática e a língua estrangeira, sendo que o sexo feminino tem um desempenho escolar ligeiramente superior ao sexo masculino.

A escolha da escola tende estar associada à escolha do curso, ao prestígio da escola e à proximidade de casa.

A razão mais apontada para a mudança de escola é a inexistência do curso pretendido no estabelecimento de ensino inicial, enquanto o motivo apresentado para a mudança de curso se prende com as dificuldades sentidas durante a leccionação do curso ou a inadequabilidade do mesmo à profissão pretendida.

Uma percentagem bastante significativa dos estudantes planeia prosseguir os estudos depois do ensino secundário, independentemente do tipo de certificação do curso que frequentam, sendo que estas expectativas são mais frequentes entre os alunos dos cursos científico-humanísticos do que entre os alunos dos cursos profissionalmente qualificantes que tendem a atribuir maior valor à qualidade da inserção no mercado de trabalho proporcionada pela obtenção deste grau de ensino.

Após o período experimental, entrou em curso o processo de generalização a todos os estabelecimentos com ensino secundário do questionário Estudantes à Entrada do Nível Secundário de Ensino, encontrando-se na recta final um processo de inquirição que envolve milhares de alunos, centenas de escolas e de professores que aceitaram participar nesta iniciativa.

O OTES é um dispositivo de recolha e análise de informação sobre os trajectos dos estudantes do ensino secundário, constituído em 2006 no Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (GEPE), que tem por objectivo produzir informação de apoio à tomada de decisão de diferentes agentes educativos (Ministério da Educação, escolas, direcções regionais de educação, autarquias, associações de pais e outros organismos), contribuindo para um maior enriquecimento das práticas de monitorização e avaliação deste subsistema de ensino.

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Workshop - Consumo Responsável

A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB 2,3 Dr. Pedro Barbosa (Viana do Castelo), vai realizar, no próximo dia 13 de Junho de 2008 (sexta-feira), pelas 21 horas, um Workshop sobre Consumo Responsável que terá lugar nas instalações da Escola Dr. Pedro Barbosa, localizadas na Avenida do Atlântico, em Viana do Castelo.

Esta iniciativa, a realizar no âmbito do plano de actividades desta Associação para 2008, terá como animadora a Dr.ª Rute Moreira, técnica da Rede Nacional de Consumo Responsável que, numa sessão teórico-prática, fará a abordagem de questões relacionadas com aquele tema.

Este Workshop, configurado expressamente para os Pais e Encarregados de Educação, pretende contribuir para a sua valorização pessoal e para a melhoria da qualidade do acompanhamento e apoio que prestam aos seus filhos.

Pretende-se partilhar ideias relacionadas com a sociedade de consumo actual, a dimensão ética do consumo, o poder do consumidor e as mudanças de hábitos de consumo, de modo a contribuir para a formação de consumidores atentos e responsáveis.

Procurar-se-á, também, informar e capacitar os Pais e Encarregados
de Educação para a necessidade da mudança dos hábitos de consumo e desenvolver algumas ideias/soluções para aplicação no dia-a-dia, com impacto a nível do orçamento familiar e da satisfação das necessidades familiares.

Esta actividade tem o apoio da Escola Dr. Pedro Barbosa e das seguintes entidades: IPAD – Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento; Reviravolta – Comércio Justo e Solidário e ISU – Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária.

Link: Workshop - Consumo Responsável
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Comunicação e Família

A Associação de Pais – APAJEFATIMA, dando continuação às sessões anteriores, tem o prazer de vos convidar a participar na 4ª sessão de Educação Parental promovida no âmbito do Programa de Apoio à Família de Fátima (apoiado pela Direcção Geral de Segurança Social) com o tema “Comunicação e Família”, organizada por esta Associação, orientada pelo Dr. Miguel Ferreira (Psicopedagogo – Psicólogo Clínico).
Esta sessão será gratuita e terá lugar no salão paroquial de Fátima (junto à Igreja Matriz) no próximo dia 13 de Junho, sexta-feira das 20:30h às 22:30h.

Nota: Para os pais e Encarregados de Educação que não tenham onde deixar os seus educandos e realmente precisem, haverá um serviço de babysitting a funcionar na CAF do Jardim de Infância com as funcionárias da Associação de Pais.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Alunos em contentores

Os alunos da escola Garcia da Orta, Porto, deverão ter aulas em contentores quando decorrerem as obras de requalificação da escola, mas o projecto e prazos da empreitada são ainda desconhecidos, noticia a agência Lusa.

A escola secundária Garcia da Orta foi um dos 26 estabelecimentos de ensino escolhidos para serem recuperados em 2008/2009, no âmbito do Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário, aprovado em Conselho de Ministros no início do ano.

Madalena Antunes, coordenadora da Associação de Pais e Encarregados de Educação (APGO) do estabelecimento de ensino afirmou à Lusa que «a uma semana do fim do ano lectivo ainda ninguém informou nada sobre as obras».

Segundo sustentou, a grande preocupação prende-se com o facto das obras poderem começar em finais de Junho ou início de Julho, como «previsto», e quando os alunos reiniciarem as aulas, em Setembro, ser desconhecida a realidade no local.

O conselho executivo da escola já anunciou que as aulas decorreriam em contentores enquanto decorressem as obras.

«Disseram-nos que eventualmente as aulas decorrerão em contentores, que são minimamente aceitáveis, mas mais nada», acrescentou Madalena Alves.

Para a coordenadora da associação de pais, a grande questão é saber, de facto, o que vai ser feito na escola, quer em termos de remodelação dos pavilhões, cujas obras são consideradas urgentes, como no que diz respeito às turmas, se serão ou não reduzidas.

«Queremos saber o que vai ser alterado junto da vivência dos alunos, qual o plano de segurança que está previsto, qual a duração das obras e onde vão efectivamente decorrer as aulas», sustentou.

«Não saber nada torna-se complicado», disse, defendendo que «estas informações já deviam ter sido divulgadas».

Para tomar conhecimento de todo o projecto, a APGO vai enviar uma carta a reclamar esta informação à Direcção Regional de Educação do Norte (DREN).

«Fala-se na obra, mas não se vê nenhuma diligência do seu início», sublinhou Madalena Alves.

De acordo com informação oficial, o Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário tem como objectivo recuperar e modernizar os edifícios escolares num processo conjugado de reposição da eficácia física, ambiental e funcional.

O programa considera a intervenção em 330 escolas até 2015 e um investimento total de 940 milhões de euros.

A Agência Lusa tentou obter esclarecimentos sobre o projecto previsto para a Secundária Garcia da Orta junto do conselho executivo da escola, que remeteu a informação para a DREN.

Por sua vez, a DREN referiu à Lusa que esses dados deveriam ser pedidos ao Parque Escolar, empresa responsável pelo programa.

A Lusa tentou até ao momento, sem sucesso, obter esclarecimentos junto do Parque Escolar, bem como do Ministério da Educação.


Iol

Fichas de auto-avaliação em Formato Word

http://concursodedocentes.googlepages.com/

Ficha de Auto-avaliação

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Número de alunos a aprender Latim diminuiu 80%

O número de alunos a aprender Latim diminuiu 80 por cento nos últimos dois anos lectivos. Perante os números, professores e investigadores temem o desaparecimento de uma disciplina que desenvolve o raciocínio e facilita a aprendizagem de todas as línguas.
Este ano estão inscritos para realizar o exame nacional de Latim 313 alunos. Em 2006 eram 1651. Em todo o país, só quatro por cento das escolas secundárias oferece aos estudantes a possibilidade de aprender a disciplina conhecida como a Matemática das Letras.

«O ensino das Humanidades está cada vez mais desvalorizado e o caso do Latim, em vias de desaparecimento, reflecte esse problema. O discurso político passa a ideia de que letras são tretas e o que é preciso são as tecnologias e as ciências exactas», lamenta Paula Dias, investigadora do Instituto de Estudos Clássicos, da Universidade de Coimbra.

O problema, assegura, é quase exclusivamente português. Em Espanha e França, por exemplo, não tem havido redução do número de estudantes a aprender os clássicos e em países como a Inglaterra e a Alemanha, cujos idiomas nem sequer têm origem latina, o ensino «tem sido muito divulgado e incentivado pelo Estado».

Os dados do Reino Unido não deixam dúvidas: entre 2004 e 2007 mais do que duplicou o número de secundárias a leccionar a disciplina e há mesmo 2500 escolas do primeiro ciclo que dão às crianças introdução ao Latim para as ajudar na aprendizagem da gramática inglesa.

«Nós andamos sempre ao contrário dos outros. Lá fora percebem a importância do ensino da cultura clássica. Cá, os nossos governantes acham que só as tecnologias são importantes», corrobora Isaltina Martins, presidente da Associação de Professores de Latim e Grego (APLG). Já o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, entende que o problema não está nas políticas educativas, mas nos estudantes, que simplesmente «não estão interessados».

«Temos professores para ensinar Latim, mas não há procura. O problema existe nas línguas clássicas no geral e até em algumas línguas modernas. Tem a ver com as expectativas e os interesses das famílias», explica.

Para a investigadora do Instituto de Estudos Clássicos, o desinteresse só revela «a falta de apreço geral dos portugueses pelo seu património cultural e literário».

Paula Dias lamenta que o Ministério da Educação não tente combater esta realidade, promovendo o ensino de Latim, e questiona: «Como podem os alunos escolher o que não conhecem?».

Talvez muitos optassem de forma diferente, afirma, se soubessem que a disciplina «facilita imenso a aprendizagem de todas as línguas, por ser matriz de muitos idiomas, ajudando a compreender melhor a etimologia e o vocabulário».

Mas as vantagens não são apenas ao nível das línguas e do conhecimento da história e cultura clássica, em que se baseia a Europa. Os especialistas garantem que o Latim é uma «verdadeira ginástica mental, como a Matemática», desenvolvendo o raciocínio lógico, a memorização e a capacidade de concentração.

Por isso, o Scholastic Achievemente Test, uma prova de aferição realizada em 2007 nos Estados Unidos da América, concluiu que os alunos que estudaram a disciplina «tiveram notas mais altas ao nível das competências linguísticas e também em exercícios de raciocínio», revela a professora Isaltina Martins.

Apesar disso, para muitos estudantes portugueses o Latim ainda é apenas sinónimo de aulas difíceis e sem utilidade prática, implicando «competências habitualmente definidas como chatas, como a memorização».

Diário Digital / Lusa

Sindicatos querem cobrar direitos aos não quotizados

Os sindicatos estão preocupados com o facto de os trabalhadores não sindicalizados beneficiarem do mesmo modo que os seus sócios dos direitos conquistados no âmbito da contratação colectiva. A UGT diz tratar-se de "um desincentivo à sindicalização" e quer seguir exemplo espanhol

Dirigente da CGTP defende justeza da cobrança de taxa

Os sindicatos estão preocupados com o financiamento da contratação colectiva e começa a ganhar força a ideia de cobrar uma taxa aos trabalhadores não sindicalizados que beneficiam, indirectamente, dos benefícios conquistados nas discussões com as associações patronais. É o chamado "cânon de negociação", previsto em muitos países europeus, designadamente em Espanha, e que a UGT propôs ao Governo no âmbito das negociações sobre as alterações ao Código do Trabalho. A medida consiste na inclusão no texto das convenções colectivas (negociadas entre sindicatos e patrões) de uma norma que faça depender a aplicação destas aos não quotizados do pagamento de uma determinada taxa.

Num documento apresentado na última reunião da Concertação Social, a UGT "defende a previsão legal da possibilidade de uma convenção poder fixar que da adesão individual ou de uma extensão possa resultar um pagamento por parte das empresas e trabalhadores não filiados". Ao DN, o secretário-geral da UGT, João Proença, disse que "estamos numa situação lamentável em que quem financia a contratação colectiva são os trabalhadores sindicalizados quando esta beneficia também os restantes. Na prática, é um incentivo à desindicalização".

Esta opinião é partilhada por Joaquim Dionísio, dirigente da CGTP e o mais destacado especialista da central sindical nas questões jurídicas. "Faz todo o sentido. Se os contratos colectivos beneficiam todos os trabalhadores, não devem ser apenas os sindicalizados a financiá-los". Porém, Joaquim Dionísio sublinha que a CGTP não tem posição sobre esta matéria: "Nós nunca discutimos internamente o assunto."

Mas não são só os sindicatos que estão interessados no chamado cânon de negociação. A mais influente confederação patronal do País, a CIP, mostra abertura à ideia e reclama o mesmo direito para os representantes dos patrões. "Quando o assunto for considerado, tem de ser em toda a sua abrangência", ou seja, também as associações patronais poderão cobrar às empresas para que estas beneficiem das disposições da contratação colectiva.

Desconhece-se a posição do Governo já que o gabinete do ministro do Trabalho se recusa a comentar as matérias em negociação. Porém, é assumida a preocupação de Vieira da Silva com a abrangência e eficácia da contratação colectiva. E é o próprio Livro Branco das Relações Laborais - que serviu de base de partida para a revisão do CT - que, ao avançar com a "possibilidade da adesão individual [e não colectiva como acontece actualmente] do trabalhador não sindicalizado à convenção colectiva aplicável na respectiva profissão", acaba por suscitar esta proposta da UGT. A adesão individual a convenções colectivas insere-se numa discussão mais geral sobre a representatividade das associações sindicais e patronais, tida pelos especialistas do Livro Branco como um requisito fundamental para a promoção e alargamento da contratação colectiva.

Dúvidas constitucionais

A pretensão da UGT é considerada "justa" pelos especialistas contactados pelo DN, mas estes alertam para a difícil aplicabilidade da medida e eventuais inconstitucionalidades. Monteiro Fernandes, que presidiu à comissão técnica do Livro Branco, entende que esta medida apenas seria praticável se tivesse um carácter automático mas, nesse caso, chocaria com a Constituição. Isso mesmo é confirmado por Bernardo Xavier, professor da Universidade Católica: "A nossa Constituição está formulada em termos que dificilmente seriam compatíveis com o cânon de negociação." Em causa estão os princípios da liberdade sindical - "nenhum trabalhador pode ser obrigado a pagar quotizações para sindicato em que não esteja inscrito" - e o da independência dos sindicatos - "devendo a lei estabelecer as garantias adequadas dessa independência".

No entanto, estas inconstitucionalidades poderiam eventualmente ser ultrapassadas caso a adesão fosse individual e voluntária. Aliás, isso mesmo consta de um acórdão de 2003 do Tribunal Constitucional, onde se defende "a possibilidade de os signatários da convenção aprovarem norma que torne a sua aplicação a não filiados dependente do pagamento de uma determinada importância a título de custos de negociação ('cânon de negociação', como é designada em Espanha)".

DN