quinta-feira, 31 de julho de 2008

Maldição ou mais-valia?

Já não bastava o trabalho de preparar as aulas, procurar jogos pedagógicos para motivar os alunos, para lhes aumentar a auto-confiança e sentimento de auto-eficácia, ainda vêm as equipas de saúde escolar com propostas para promover determinantes da saúde…Para quê trabalhar a alimentação saudável ? Em casa alguns pais fazem escolhas tão erradas quanto os filhos! E já toda a gente sabe que tem de comer todos os dias 2 peças de fruta e de comer 400g de vegetais (o que só se consegue se no prato abundar verdura ou então com sopa de legumes ao almoço e ao jantar).
Já toda a gente sabe que a carne e o peixe que os restaurantes servem na dose do almoço dá para 4 adultos. Então porque trabalhar com as equipas de saúde escolar? Faz alguma diferença?
Algumas vantagens expressas em estudos indicam que as pessoas referem os profissionais de saúde como uma fonte de informação credível e que o aconselhamento alimentar é seguido de forma rigorosa, principalmente na presença de doença. Na equipa de saúde escolar do Centro de Saúde os conhecimentos são especializados, portanto uma forma rápida e fácil de se conseguir boa informação “ao vivo”. Os pontos de vista da saúde são a aplicação prática do projecto curricular teórico desenvolvido em sala. Os profissionais de saúde na Saúde Escolar do Centro de Saúde trabalham em equipa, o que traz para a escola conhecimentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, higienistas orais, enfermeiros, técnicos de saúde ambiental, e outros saberes especializados.
As novas formas de trabalhar determinantes da saúde focalizam a aplicação prática de conhecimentos contidos no programa curricular, incluem módulos de auto conhecimento e trabalham o “aprender a lidar” com obstáculos. Trabalham atitudes percepcionadas pelos alunos,
influenciam comportamentos responsáveis e saudáveis através de jogos lúdicos com 15 sessões para alunos durante um período escolar. Estes programas trabalham mensagens saudáveis a promover dentro do programa curricular, incentivam a partilha de surpresas entre pares, com a família e permitem ao professor uma maior eficácia nesta luta pela saúde e ambientes saudáveis que é responsabilidade de todos.
A saúde escolar é ainda o interlocutor privilegiado da educação nos Centros de Saúde. Ao detectar necessidades de saúde específicas, os alunos e família podem ser encaminhados para o médico de família ou para o especialista referente ao problema detectado. Há bons resultados de colaboração da equipa de saúde escolar com o encaminhamento de alunos com problemas relacionados com a alimentação para a consulta de nutrição ou de psicologia.
Cada vez menos esta parceria é feita por “carolice” de quem considera estes temas importantes.
Está na altura de, quer a Educação quer a Saúde, ter profissionais com tempos específicos dedicados ao planeamento, avaliação e intervenção em programas integrados de promoção de saúde. A obesidade infantil tem aumentado muito rapidamente e associada a patologia nunca vista até agora. A frequência de crianças com diabetes tipo 2 que era residual está a crescer de forma alarmante. Há crianças com hipertensão arterial e com valores de colesterol elevados, o que era raridade… A alimentação saudável e a actividade física regular impedem o aparecimento da obesidade.
É importante fazer a ponte entre o que aprendemos sobre alimentação e as consequências dos erros que escolhemos fazer. É importante sabermos trabalhar a Roda de Alimentos com asporções alimentares equivalentes necessárias a cada idade. Saber as porções alimentares necessárias para o dia e treinar escolher alternativas saudáveis é imperativo nos alunos, nos professores, nos encarregados de educação, nos manipuladores de alimentos, nos profissionais de saúde e nas instituições parceiras. A vigilância não deve nem pode ficar apenas na saúde.
A saúde escolar é o interlocutor mais próximo, a quem o professor pode recorrer para o esclarecimento de dúvidas práticas sobre saúde a fim de que a prevenção seja de facto geral e precoce. Parcerias verdadeiras são uma mais-valia poderosa. Cabe a cada um de nós activá-las.
Débora Cláudio
Nutricionista da Direcção dos Serviços de Saúde, Área de nutrição
da Sub-Região de Saúde do Porto

400 milhões de euros para as escolas

O Governo irá fazer um investimento de 400 milhões de euros na área da Educação nos próximos sete meses, nomeadamente na instalação de Internet em todas as salas de aulas.

"São 400 milhões de euros que vamos investir nas escolas portuguesas", anunciou o primeiro-ministro, José Sócrates, durante a cerimónia de apresentação do "Computador Magalhães", o primeiro computador portátil com acesso à Internet que será fabricado em Portugal.

Um dos projectos, adiantou, visa a instalação de Internet em todas as salas de aula. "Queremos que em todas as salas de aula haja Internet", sublinhou.

Irá também ser aumentada a velocidade da banda larga nas escolas para um mínimo de 48 megabites por segundo.

O Governo pretende ainda, segundo o primeiro-ministro, instalar uma rede de vídeo-vigilância nas escolas para aumentar a segurança e pretende criar um novo cartão estudante, "para acabar com o dinheiro nas escolas".

"O maior investimento nos próximos sete meses será na Educação", salientou.

jn

Notas piores da 2.ª fase devem-se ao menor peso dos internos

O director do Gabinete de Avaliação Educacional afirmou, ontem, que os resultados da primeira e segunda fases dos exames nacionais do Secundário não são comparáveis, recusando críticas da Sociedade Portuguesa de Matemática, que acusa de ter uma "agenda política".

Segundo dados do Ministério da Educação, divulgados anteontem, as notas da segunda fase dos exames melhoraram face à mesma fase do ano passado, mas caíram significativamente quando comparadas com as provas realizadas na primeira fase deste ano.

Todas as disciplinas de Matemática, por exemplo, baixaram em relação à primeira fase, tendo a média da cadeira de Matemática A descido de 12,5 para 8,9 valores, resultados que levaram a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) a criticar a diferença registada no grau de dificuldade das duas provas.

Em declarações à Lusa, Carlos Pinto Ferreira, director do organismo do Ministério da Educação responsável pela elaboração dos exames, salientou que "todos os anos, tipicamente, os resultados da primeira fase são melhores do que os da segunda, uma vez que as populações de alunos que vão a uma e a outra são diferentes". De acordo com o responsável, o exame de Matemática A foi realizado, na primeira fase, por cerca de 26 mil alunos internos, que frequentaram a disciplina durante todo o ano lectivo, e cerca de 11 mil externos, que estavam chumbados à cadeira e se autopropuseram a exame. Já na segunda fase, pelo contrário, o número de autopropostos assume maior proporção, já que a prova foi realizada por 10 mil alunos externos e só 6500 internos.

jn

Alunos satisfeitos com resultados de Matemática

Iupi! Iupi!". Aos saltos de alegria pelo corredor da "Filipa de Vilhena", no Porto, Tiago Rodrigues, 18 anos, abraçava, efusivamente, colegas e professores.

Os 10,1 valores a Matemática - mesmo sendo uma classificação positiva baixa - é já suficiente para abrir ao jovem uma porta no Ensino Superior.

"Estou feliz, claro. Na primeira fase reprovei com seis valores!", afirmou, ao JN, ainda meio incrédulo com a classificação obtida na prova de Matemática da segunda fase dos exames nacionais, cujos resultados foram conhecidos ontem.

O jovem havia reprovado à disciplina no 11.º ano, motivo pelo qual teve de se apresentar a exame como aluno externo.

"É uma disciplina muito difícil, principalmente no 12.º ano", revelou. Agora que ficou com o Secundário concluído, Tiago pensa conseguir uma vaga em Engenharia do Ambiente, na Universidade de Aveiro. "As médias de entrada não são muito elevadas, por isso devo conseguir um lugar", disse, esperançado.

Ao lado, Catarina Miranda, 20 anos, estava também satisfeita com os 13,2 valores conquistados na prova de Biologia. "Só fiz a prova na segunda fase para ter tempo para estudar", revelou.

Feliz por ter concluído o Secundário estava, também, Bárbara Oliveira, 17 anos. A disciplina de Alemão não lhe correu bem. Então decidiu, em substituição, fazer prova de Geografia como aluna externa. "Estudei a matéria de dois anos lectivos em duas semanas e vim fazer o exame. Tive muita sorte, obtive 10 valores", referiu. Com média final de 16,5 valores, acredita obter um lugar em Psicologia.

FERNANDO BASTO

EUA: Portugal não investe no ensino da língua - professores

Questionados em Nova Iorque sobre as críticas feitas durante o XVI Encontro de Professores de Português dos Estados Unidos e Canadá, que decorreu na semana passada na Horta, Faial, e que reuniu cerca de 120 participantes, os docentes reiteraram as críticas à forma como o Governo português os trata.

Lúcia Lopes, professora na escola Luís de Camões, em Newark, Nova Jérsia, disse que, nos últimos anos, Portugal não gastou «um único dólar» no ensino directo do Português nas escolas comunitárias, deixando toda a responsabilidade nas mãos das associações. «Não colocam professores, não pagam aos que cá estão, não apoiam com materiais escolares, nem formação, nem qualquer outra coisa», disse a docente.

Por sua vez, Raul Rodrigues, da escola secundária norte-americana Durffe High School, de Fall River, estado de Massachusetts, lembrou ter dito no plenário que o «Estado português prefere investir milhares de dólares e apoiar leitorados de Português em universidades onde estudam meia dúzia de alunos estrangeiros», sublinhando que a sua escola «precisa de professores de Português, mas não os encontra porque eles não se formam nas universidades norte-americanas».

«No entanto, o Estado português continua a investir milhares de dólares em Centros de Português em universidades norte-americanas não se sabe bem para quê», acrescentou.

Durante a reunião na Horta, ouviram-se muitas queixas de professores que lutam «com falta de tudo e de mais alguma coisa» para ensinaram Português aos luso-descendentes, reclamando apoio de Portugal. Por outro lado, lamentaram o facto do secretário de Estado Adjunto e da Educação português, Jorge Pedreira, presente no encontro, lhes ter levado uma mensagem que é mais de «desilusão» do que de «esperança».

«De um momento para o outro, a nova legislação do Ensino do Português no Estrangeiro ignora totalmente as escolas comunitárias, a comunidade e o trabalho aqui desenvolvido ao longo dos anos, optando por criar uma certificação que é uma espécie de exame da escola virtual que todos sabem e que ninguém se vai dar ao trabalho de fazer», frisou um dos docentes que participou na reunião com Jorge Pedreira e que preferiu o anonimato.

Lúcia Lopes, por seu lado, referiu que a nova legislação esvaziou estas escolas e estes cursos de qualquer valor junto das comunidades, ao retirar-lhes os professores que aqui se encontravam destacados, agora obrigados a optar entre os EUA, sem vínculo à Função Pública, e as escolas a que pertencem em Portugal. A docente acrescentou ainda não compreender porque razão se revogou toda a legislação que regia o funcionamento dos cursos comunitários desde os anos 70 sem a incorporar na nova lei do EPE.

«Os pais vão agora questionar-se sobre se vale a pena pagarem para os seus filhos frequentarem uma escola comunitária, onde as aprendizagens adquiridas não têm qualquer valor para Portugal», disse. «O caso do Centro de Estudos Lusófonos de Newark, Nova Jérsia, é um exemplo de que o futuro da nossa língua nos EUA está na comunidade, pois é graças aos estudantes que dela saem que este centro é hoje o maior do país», acrescentou ainda.

Outro docente afirmou que estava à espera que o governo apoiasse estas escolas com professores habilitados e material adequado e fornecesse programas e orientações para melhorar a qualidade do ensino.

Nos EUA, existem cerca de 50 escolas comunitárias pertencentes a associações, igrejas e comissões de pais, onde é ensinada a Língua Portuguesa aos filhos dos emigrantes. Pelo contrário, o ensino do Português como língua estrangeira existe apenas em meia dúzia de escolas norte-americanas nos estados da Califórnia, Massachusetts e Nova Jérsia.

Os professores que participaram no XVI Encontro manifestaram-se ainda pessimistas em relação ao futuro deste ensino com a passagem da sua tutela para o Instituto Camões, que dizem estar mais vocacionado para o ensino universitário. A Associação de Professores de Português dos Estados Unidos e Canadá, responsável pela organização do Encontro, pediu, nas conclusões, um compromisso explícito do governo português nesta questão, concluindo que «há a necessidade de implementar uma estratégia comum» para os Estados Unidos e Canadá, «que inclua todos os níveis de ensino, desde o integrado às escolas comunitárias e universidades, através de coordenadores que conheçam a realidade específica deste espaço da diáspora portuguesa».

A APPEUC diz ainda ser necessário «continuar a apostar no ensino comunitário, a par do ensino integrado, através de protocolos com associações ou outras entidades que promovam o ensino do Português junto das comunidades como, aliás, prevê a Lei do EPE». Recomenda ainda que «deve apoiar-se, através de contratação, o destacamento de professores de português formados em Portugal ou nas comunidades para leccionarem na rede de escolas comunitárias, ou no ensino integrado, à semelhança do que acontece actualmente na África do Sul».

Durante o encontro, a APPEUC assinou um protocolo com a companhia aérea SATA para promover o ensino do Português nos EUA e Canadá, através da realização de concursos académicos que vão levar os jovens alunos a visitarem os Açores.

Diário Digital / Lusa

Associações falam em injustiça nas provas

A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) e a Associação de Professores de Português (APP) alinharam nas críticas às "disparidades" entre os exames da 1.ª e 2.ª fase, considerando que os alunos foram avaliados com dois pesos e duas medidas.

No caso da Matemática, a 1.ª fase cotou-se por uma excepcional média de 12, 5 valores (14 entre os alunos internos), com apenas 7% de negativas. Já a 2.ª ficou-se pelos 8,9 de média - abaixo até do ano passado - com 25% dos estudantes a chumbarem.

Diferenças que, em comunicado, a SPM considerou serem a consequência lógica das situações que vinha denunciando: "Este gabinete, composto por professores de Matemática do ensino básico, secundário e superior e contando com o apoio de especialistas em avaliação educativa, criticou o exame da primeira fase por ser demasiadamente elementar, e afirmou que o da segunda fase, apesar de acessível, era de um grau de complexidade marcadamente superior".

Para a SPM, o resultado é um contexto "extremamente injusto" para os alunos, nomeadamente os que fizeram a prova da 2.ª fase, "com possibilidades de acesso ao ensino superior muito díspares".

No Português, a tendência foi inversa, com as médias a subirem de 9,7 valores para 11,3 entre uma prova e a outra. Mas, para a APP, as consequências são em tudo semelhantes: "Criou-se uma situação de injustiça em relação aos alunos que foram à 1.ª fase e fizeram uma prova cheia de ambiguidades", disse ao DN Edviges Ferreira, desta associação. "Esta segunda prova, muito mais acessível e muito mais clara, teve como consequência o regresso da disciplina às médias normais", acrescentou.



PEDRO SOUSA TAVARES

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Algumas reflexões sobre a avaliação dos professores


São variadas as perspectivas de avaliação de professores e todas reflectem a diversidade dos observadores, a complexidade da avaliação das competências profissionais, a variedade dos desafios e das consequências da avaliação. A minha posição é que todas estas perspectivas se poderão constituir mais numa riqueza do que num constrangimento. Assim, a avaliação dos professores é chamada a ir além do simples desenvolvimento de utensílios para clarificar o juízo e a tomada de decisão, tornando-se num instrumento de comunicação e de negociação dos valores e das representações. Assim, ela permitirá aos diferentes parceiros comunicar e conciliar as suas perspectivas, desenvolver um referencial comum e partilhar uma informação comum.
Começaria por referir que avaliar comporta riscos, mas não avaliar os professores representaria certamente um risco maior, quer para o desenvolvimento da profissão, quer para o serviço que ela presta à colectividade. Parece-me, contudo, que o sistema de avaliação regulamentado pelo Ministério da Educação apresenta, na sua globalidade, a avaliação dos professores como uma questão muito ligada à questão do poder da escola, esquecendo que a eficácia do professor não é uma característica ligada a ela própria, mas sim dependente em parte, das condições do seu exercício.
A implementação de uma política de avaliação, para ter êxito, deve ter um consenso o mais alargado possível de todas as partes envolvidas, nomeadamente dos professores. É necessário encontrar um modus vivendi a este propósito, na medida em que é à volta do respeito que se constrói uma boa parte do clima de trabalho e do dinamismo de uma escola. Parece-me que este diploma não reunirá o necessário consenso e, assim, coloco algumas reservas a este sistema generalizado de avaliação, nomeadamente quanto à sua verdadeira finalidade e eficácia no prosseguimento de um ensino de qualidade. Não se trata de associar estas resistências à resistência à mudança, pelo contrário, inscrevo estas reservas numa reflexão autêntica e contínua, sobre as condições a desenvolver para permitir aos professores o desenvolvimento de um ensino de qualidade. A minha resistência face a esta avaliação envolve dois aspectos: por um lado questiono-me sobre a sua pertinência e, por outro, sobre os seus inevitáveis efeitos perversos. Relativamente ao primeiro aspecto, a pertinência, considero o acto de ensinar um acto que assenta essencialmente numa relação humana.
O ensino é uma prática complexa onde inúmeras interacções estão em jogo. Um contexto tranquilo pode conduzir a uma avaliação tranquila. Pelo contrário, um professor que seja objecto de uma contestação ou vítima de uma discriminação viverá uma situação difícil que não se resolverá por um questionário, mas talvez por um acompanhamento. É necessário investir na inserção profissional e, em casos de litígios pedagógicos, desenvolver uma cultura de apoio profissional. Há sempre problemas e é necessário dotar-se de meios e de procedimentos para encontrar soluções, no respeito pelos professores e pelos alunos envolvidos.
São reflexões deste tipo que me levam a pensar que num domínio tão delicado como a avaliação de uma prática tão intimamente ligada à pessoa é importante ter muita prudência. Em matéria de avaliação o “tornar acessível os meios” parece-nos tão importante quanto “torná-la obrigatória”. Colocar o acento na prevenção e na cura será uma forma de assegurar a qualidade dos serviços prestados por qualquer entidade. No dia em que os professores se sentirem como prestadores de serviços de formação e os alunos como clientes, creio que teremos falhado a nossa missão da educação.
Um aspecto positivo do diploma é a obrigatoriedade da auto-avaliação, na medida em que uma competência tem uma dimensão metacognitiva : uma competência implica por definição a capacidade de reflectir sobre a acção, de justificar escolhas e de argumentar as práticas. Tem em conta não apenas o que o professor faz, mas também as razões por que o faz. Implica, assim, a confrontação de vários pontos de vista, incluindo o do professor.
Receio, contudo, que a padronização de um “modelo de auto-avaliação”, depressa passe a fazer parte do espólio institucional, pois, entre outros factores, as tarefas do professor aumentam muito, o que terá grandes impactos sobre a qualidade do seu trabalho.
Um outro efeito perverso deste sistema de avaliação será a obrigação de uma avaliação formal e obrigatória pelos pares, pois esta dificilmente será construtiva num contexto em que a colegialidade, a entreajuda e a prossecução de objectivos partilhados deveriam primar. A avaliação sistemática entre pares poderá trazer, em si mesma, a semente do conflito e da divisão.
Por outro lado, o desconhecimento do “modelo de leitura do avaliador”, ou seja, da inexistência de um quadro teórico que sustente as tomadas de decisão poderá constituir-se, também, num constrangimento a esta avaliação.

Maria Palmira Alves

Sócrates quer portugueses de volta à escola

"O país precisa de regressar à escola", exortou, em Leiria, o primeiro-ministro, garantindo que a qualificação dos portugueses é a única resposta possível à "concorrência da economia global".

"Precisamos de mais qualificações e a todos os níveis", disse o primeiro-ministo, no final da cerimónia de entrega de diplomas a 90 alunos que concluíram cursos de especialização tecnológica (CET) no Instituto Politécnico de Leiria.

"Portugal terá sucesso se apostar na inteligência, no conhecimento, na massa cinzenta, na qualificação das pessoas", sustentou José Sócrates, que elogiou os alunos que decidiram inscrever-se em CET e "regressar à escola".

"Estão a trabalhar, têm família, decidiram sacrificar o vosso tempo livre, para melhorar as qualificações", sublinhou, acrescentando que este é um "exemplo para o país seguir se quiser vencer as necessidades da qualificação".

José Sócrates recordou que, em 1999, quando foram concebidos os cursos de especialização tecnológica, o Governo "teve de enfrentar preconceitos e tabus sociais". "Para muitos na nossa sociedade, quem não fizesse o percurso direitinho, não devia poder ter direito a entrar na universidade", referiu, sublinhando mesmo que "esta oportunidade deveria ter sido dada mais cedo".

O chefe do Governo destacou que os CET "permitem um novo contacto com a universidade" e desafiou os alunos a verem "estes cursos como a antecâmara para a licenciatura".

"Em 2005, eram 294 os alunos inscritos em CET. Em 2008, são 4.811. O mais que posso concluir é que estes cursos são necessários. Se têm gente, é porque temos de apostar neles, nos cursos e nos alunos", disse José Sócrates. Para o primeiro-ministro, "toda a gente estava à espera desta resposta e a maior prova de que faziam falta é que têm sucesso".

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior recordou que a estes alunos são reconhecidos os mesmos direitos em matéria de acção social escolar.

jn

Exames: diferença de resultados «injusta»


O presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, Nuno Crato, afirma não estar surpreendido com a quebra de resultados entre a primeira e a segunda fase dos exames nacionais naquela área e considera a situação injusta para os estudantes, escreve a Lusa.

Nuno Crato reagia à informação, divulgada esta terça-feira pelo Ministério da Educação, de que todas as disciplinas de Matemática baixaram em relação à primeira fase, com as cadeiras de Matemática A e B a descerem de 12,5 para 8,9 valores e de 11,4 para 9,1 valores, respectivamente.

«A diferença de resultados entre a primeira e a segunda fase não nos espanta», afirmou, acrescentando que «a Sociedade Portuguesa de Matemática criticou o exame da primeira fase por ser demasiadamente elementar e afirmou que o da segunda fase, apesar de acessível, era de um grau de complexidade marcadamente superior».

«A nossa equipa, que inclui professores dos Ensinos Básico, Secundário e Superior, e que conta com o apoio de psicometristas e especialistas em avaliação, detectou claramente, pelos enunciados, que os exames tinham níveis de dificuldade muito distintos», reforçou Nuno Crato.

Na sua opinião, o aumento do grau de dificuldade «é extremamente injusto para os estudantes, pois alunos com níveis de conhecimento semelhantes são colocados por estes exames com classificações muito diferentes e, portanto, com possibilidades de acesso ao Ensino Superior muito díspares».

O que se passou foi «grave»

Para o docente do Departamento de Matemática do Instituto Superior de Economia e Gestão, «o Ministério não tem sabido, não tem conseguido ou não tem querido fazer exames de dificuldade semelhante que sirvam de medida fiável do conhecimento dos alunos e do estado de ensino».

«O que se passou nesta época de exames foi extremamente grave, pois registaram-se alguns dos acontecimentos mais significativos e potencialmente mais graves para a seriedade da avaliação, para a exigência do ensino e para o futuro do ensino em Portugal», classificou, dizendo esperar «que os erros sejam corrigidos».

De acordo com o Ministério da Educação, os resultados da segunda fase dos exames nacionais do secundário melhoraram face à mesma fase do ano passado mas as notas caíram significativamente quando comparadas com as provas da primeira fase deste ano.

Nesta segunda fase dos exames do secundário, participaram 118.667 alunos e a disciplina de Matemática A foi uma das que contou com mais estudantes na realização da prova, 16.572.

A classificação no exame vale 30 por cento para a nota final das disciplinas e conta entre 35 e 50 por cento para a nota de candidatura ao Ensino Superior, podendo os alunos que completaram todas as provas nesta fase candidatar-se entre quinta-feira e 7 de Agosto.

iol

Melhores alunos vão receber prémio de 500 euros


O aluno que em cada escola obtiver a melhor média de conclusão do ensino secundário vai receber um prémio de mérito de 500 euros, lançado pelo ministério da Educação (ME), que será atribuído pela primeira vez em Setembro, refere a agência Lusa.

Premiados serão também os melhores alunos dos cursos profissionais e tecnológicos, que tenham obtido a melhor classificação final, refere o ME numa nota divulgada esta terça-feira.

Com o galardão, o ME pretende «reconhecer e valorizar o mérito, a dedicação e o esforço no trabalho e desempenho escolares» dos melhores estudantes de cada escola do ensino público ou privado, bem como das escolas profissionais.

O apoio concedido é da responsabilidade das direcções regionais de educação

Nos cursos científico-humanísticos, o prémio de mérito é atribuído ao aluno que tenha obtido, relativamente a cada um dos cursos, a melhor classificação, arredondada até às décimas.

Em caso de empate, é distinguido quem tiver a melhor classificação na disciplina trienal da formação específica, funcionando como segundo critério de desempate a classificação na disciplina de português.

Para os alunos dos cursos profissionais e tecnológicos, o prémio de mérito é atribuído ao aluno que tenha obtido a melhor classificação final, sendo o primeiro critério de desempate a classificação da prova de aptidão profissional ou tecnológica e o segundo critério a nota da disciplina de português.

Os alunos premiados vão ainda receber um diploma alusivo à distinção concedida. O apoio financeiro para a atribuição dos prémios é da responsabilidade das direcções regionais de educação e pelo gabinete de gestão financeira.

iol

terça-feira, 29 de julho de 2008

Para descontrair dos concursos de docentes











































Dia 26 - Terça-Feira
19h30 - Inauguração presidida por S.Exa. o Ministro de Estado e das Finanças, Prof. Teixeira dos Santos
19h45 - CROQUETE
20h45 - Filarmónica do Crato
21h45 - PEDRO KHIMA
23h15 - VAYA CON DIOS
Dia 27 - Quarta-Feira
19h30 - AVÔ CANTIGAS
21h30 - ADELAIDE FERREIRA e Fernando Girão
23h00 - SORAYA Arnelas


Dia 28 - Quinta-Feira
19h30 - JUST GIRLS
21h00 - Fado em Sibemol
21h50 - CAMANÉ
23h15 - JORGE PALMA e Tim


Dia 29 - Sexta-Feira
19h30 - 4TASTE
21h30 - JOÃO GIL, Sara Tavares e Shout (Godspell)
23h15 - ROGER HODGSON
Fora de Horas: Bandalismo


Dia 30 - Sábado
19h30 - FM 69.0mf
21h30 - AZEITONAS, Rui Veloso, António Zambujo e Quarteto em Mim
23h00 - JAMESFora de Horas: Fiesta Blanca Enjoy the Spirit from IbizaParticipação de Miss Madrid, Barcelona, Cáceres e Girona em biquini branco + 4 bailarinas com fogo e 2 DJs

Apoio a estudantes do secundário

A Universidade de Évora lançou um sistema de apoio aos estudantes do ensino secundário durante o período de exames nacionais de acesso ao Ensino Superior, especialmente direccionado para aqueles que não têm possibilidades para ter outras ajudas complementares.

Através desta iniciativa, dezenas de professores do ensino superior e secundário disponibilizam-se para tirar dúvidas aos estudantes durante esta fase, em quase todas as disciplinas específicas.

O sistema de apoio é aberto a todos os alunos do secundário (11º e 12º anos) do país e está disponível em http://www.especificas.uevora.pt/, até 31 de Julho.

Provas de 20 estudantes desapareceram da mala do automóvel de professora

Cerca de 20 alunos da Secundária da Maia vão ter de repetir o exame de Biologia. Motivo: as provas foram furtadas do carro de uma professora. O Ministério da Educação garante que não serão prejudicados no acesso ao Ensino Superior.

A solução não agrada a pais e alunos, que já sonhavam com férias, quando foram confrontados com este imprevisto. Ontem de manhã, a insólita situação foi relatada aos encarregados de educação. O automóvel de uma professora, encarregada de corrigir cerca de 20 exames, foi assaltado, na semana passada, e uma pasta, que continha um computador portátil e as provas, desapareceu. O crime, que terá ocorrido num parque de estacionamento vigiado na cidade do Porto, foi comunicado às autoridades policiais, que ainda diligenciaram no sentido de encontrar os testes em recipientes de lixo. Em vão.

As provas em causa referem-se à 2.ª chamada do exame nacional da disciplina de Biologia e foram realizadas no passado dia 15. Os resultados deveriam ser afixados amanhã. Como as notas ainda não estavam lançadas e os testes se encontram extraviadas, a escola decidiu ordenar a repetição da prova no próximo dia 11.

Ou seja, quatro dias depois de acabar o prazo de candidatura à 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior, que decorre de 31 de Julho a 7 de Agosto, para os alunos que fizeram os exames nacionais na 2.ª chamada.

O Ministério da Educação garante, porém, que os interesses dos alunos serão acautelados. "Perante esta situação, que é acidental, foi encontrada uma solução que não prejudica os alunos no objectivo principal, que é a candidatura ao Ensino Superior", assegurou, ao JN, fonte do Ministério da Educação, que não esclareceu, para já, outros pormenores.

Não obstante esta garantia, os pais, obrigados a alterar planos de férias, não estão satisfeitos. E os alunos, que terão de submeter-se a nova prova, por um motivo que lhes é completamente alheio, também não.

"O meu filho contava ter 17 valores, de acordo com a correcção disponibilizada. Agora, vai ter de passar mais 15 dias a estudar e pode não correr tão bem", criticou um encarregado de educação, ouvido pelo JN.

Segundo o Ministério da Educação, este foi o único caso de extravio de exames nacionais.


HELENA NORTE

segunda-feira, 28 de julho de 2008

CARBÓPOLIS - SIMULAÇÃO NO ENSINO DE BIOLOGIA



Prémio de Mérito Ministério da Educação

A atribuir aos alunos que tenham concluído o ensino secundário, em 2007/2008, ou o venham a concluir em anos subsequentes, no âmbito dos cursos cientifico-humanisticos e dos cursos profissionais e tecnológico.

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Legislação

Publicado em Diário da República

Despacho n.º 19308/2008, D.R. n.º 139, Série II de 2008-07-21, Parte C do Ministério da Educação - Gabinete do Secretário de Estado da Educação
Distribuição do serviço docente, nas áreas curriculares disciplinares, ao nível do 2.º ciclo.

Portaria n.º 628-A/2008, D.R. n.º 140, Série I, Suplemento de 2008-07-22, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Aprova o Regulamento Geral dos Concursos Institucionais para Ingresso nos Cursos Ministrados em Estabelecimentos de Ensino Superior Privado para a Matrícula e Inscrição no Ano Lectivo de 2008-2009.

Despacho n.º 19489/2008, D.R. n.º 141, Série II de 2008-07-23, Parte C dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Educação
Aprova a rede oficial de cursos de ensino de português no estrangeiro da Europa para o ano escolar de 2008-2009. Fixa os horários a colocar a concurso a realizar pela Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação, bem como o total de horas de redução da componente lectiva por país de que beneficiam os docentes de apoio pedagógico.

Portaria n.º 655/2008, D.R. n.º 143, Série I de 2008-07-25 da Presidência do Conselho de Ministros
Cria o Programa CUIDA-TE e aprova o respectivo Regulamento.


Para publicação em Diário da República

Despacho dos Ministérios das Finanças e da Administração Pública e da Educação
Determina as percentagens máximas para atribuição das menções qualitativas de “Excelente” e de “Muito Bom”, em cada agrupamento
de escolas ou escolas não agrupadas na sequência do procedimento da avaliação de desempenho de pessoal docente.

Despacho do Secretário de Estado Adjunto e da Educação
Regula as condições de aplicação das medidas de Acção Social Escolar, da responsabilidade do Ministério da Educação, a partir do ano lectivo de 2008/2009.


Informações Gerais

― Organização e gestão do currículo
O Ministério da Educação definiu os princípios orientadores a que devem obedecer a organização e a gestão do currículo, com o objectivo de colmatar quer a excessiva disciplinarização da função docente no 2.º ciclo, quer alguns constrangimentos ao nível do cumprimento dos objectivos e das finalidades que presidem à criação das áreas curriculares não disciplinares.
Para mais informações: http://www.min-edu.pt/np3/destaques

― Modernização Tecnológica das Escolas 2006/07
Esta publicação disponibiliza os principais indicadores estatísticos respeitantes à modernização tecnológica do ensino.
Para mais informações: http://www.gepe.min-edu.pt/

― Quatro museus abertos até às 23h00
Durante os meses de Verão, quatro museus nacionais de Lisboa, Museu Nacional de Arqueologia, Museu Nacional do Azulejo, Museu Nacional de Arte Antiga e Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, vão estar abertos, alternadamente, às quintas-feiras, até às 23h00, com diversos eventos.
Para mais informações: http://www.ipmuseus.pt/

Testes de diagnostico para posicionamento dos alunos de Português Língua não Materna (PLNM) em grupos de nível
Em breve serão divulgados novos testes de diagnóstico de PLNM. As escolas podem desde já solicitar estes testes, ainda na versão de documento de trabalho, sob compromisso de os aplicarem e darem retorno dessa aplicação à Equipa de Português (equipadeportugues@dgidc.min-edu.pt).
Para mais informações: http://sitio.dgidc.min-edu.pt/Paginas/default.aspx

1.º Encontro de Tecnologias Interactivas Multimédia na Educação
Vai decorrer no Auditório Municipal da Câmara Municipal da Batalha, no dia 11 de Setembro de 2008.
Para mais informações: http://ww.crie.min-edu.pt/

Ciência Viva no Verão 2008
Na praia, no campo e na cidade de dia ou de noite, faça férias com a Ciência de 15 de Julho - 15 de Setembro.
Para mais informações: http://www.cienciaviva.pt/home/

Formação RBE/DGIDC
Oficinas de formação à distância / online a realizar de Setembro a Dezembro de 2008.
Para mais informações: http://www.rbe.min-edu.pt/

Concursos de Docentes – PALOP / Timor-Leste
Verbete 2008 – disponível a partir das 10:00 horas do dia 21 Julho até às 18 horas do dia 25 de Julho.
Reclamação Integrada – disponível a partir das 10:00 horas do dia 21 Julho até às 18 horas do dia 25 de Julho .
Para mais informações: http://www.dgrhe.min-edu.pt/

Rede de escolas associadas
O Conselho Científico para a avaliação de Professores pretende organizar uma rede de escolas e agrupamentos para desenvolver projectos de colaboração com o Conselho, em matéria de avaliação do desempenho docente.
Para mais informações: http://www.ccap.min-edu.pt/#Rede

Palavras Andarilhas
Encontro de aprendizes do contar de 24 a 28 de Setembro na Biblioteca Municipal de Beja.
Para mais informações: http://www.rbe.min-edu.pt/np4/?newsId=290&fileName=andarilhas1.pdf

Portugueses distinguidos em Olimpíadas Internacionais de Matemática
Dois estudantes portugueses do 11º ano de escolaridade conquistaram medalhas de bronze na 49.ª edição das Olimpíadas Internacionais de Matemática que decorreu em Madrid, Espanha.
Para mais informações: http://www.drealentejo.pt/

Projecto-Piloto com “Associação Empresários pela Inclusão Social”
Aos docentes dos Quadros de Zona Pedagógica do Oeste, Lisboa Ocidental, Península de Setúbal e Lezíria que se encontrem sem horário para o próximo ano lectivo.
Para mais informações: http://www.drel.min-edu.pt/noticias/projecto_piloto.pdf

Ensino: Livros preteridos a documentos digitais, diz estudo

Os livros, um dos recursos mais comuns nas bibliografias de trabalhos académicos individuais ou de grupo, têm vindo a ser preteridos aos documentos digitais, numa tendência que começa a manifestar-se cedo e chega ao ensino superior.
«Tenho alunos que não colocam um único livro na bibliografia, apenas referem páginas de Internet e, embora as escolas tenham bibliotecas, a verdade é que os alunos que lá entram vão direitinhos ao computador, para navegar», contou Rosário Antunes, professora de Português, à agência Lusa.

Com passagens pela Lousã, Portalegre, Castelo de Paiva e pela Ilha de Porto Santo, trabalha agora na Escola Secundária do Caniçal, na Madeira, estando destacada para o Estabelecimento Vilamar, no Funchal.

Rosário Antunes, de 29 anos, não é crítica das novas tecnologias, o que questiona é a forma como os estudantes as utilizam: «Os alunos recorrem à Internet porque consideram ser mais fácil do que pesquisar nos livros mas, a verdade, é que nem aí sabem seleccionar a informação».

«Uma vez vi um aluno na Net a pesquisar sobre o fenómeno 'tsunami' para a disciplina de Geografia. Qual não foi o meu espanto quando ele imprimiu o trabalho e constatei que o texto falava da marca de computadores 'Tsunami'», contou à Lusa.

«Isto mostra que ele seguiu o primeiro 'link' que lhe apareceu no motor de busca e que copiou o texto tal e qual sem sequer o ler», sublinhou a docente.

O recurso à Net em detrimento dos livros tem lugar logo no 2º ou 3º ciclos de ensino e não será alheio aos fracos hábitos de leitura nos suportes tradicionais.

«Apesar de não gostar muito de ler, ainda consulto livros e Net por igual mas vejo, pelos meus colegas, que isso já não é muito comum. Acho que, daqui para a frente, as pessoas cada vez vão recorrer menos aos livros, pois na Internet é mais rápido encontrarmos o que procuramos», declarou José Paulo Justino, de 12 anos.

«Apesar disto, nos livros os assuntos são tratados com maior profundidade e eu acredito mais no que leio nos livros do que naquilo que vejo na Internet», afirmou este aluno da Escola Básica 2/3 Professor José Buísel, em Portimão.

Um ano mais velha, Ana Rita Inácio, da Escola Básica 2/3 Engenheiro Nuno Mergulhão, também em Portimão, recorre «sobretudo à Internet», para pesquisar para os trabalhos da escola, mas ainda consulta «alguns livros».

«A maioria dos meus colegas vai buscar material quase só à Internet mas penso que os livros têm mais informação e mais correcta. Acho que nunca deixarei de consultar livros, talvez também porque gosto muito de ler, mesmo fora da escola, enquanto os meus colegas preferem a tecnologia», explicou Ana Rita Inácio.

A professora Rosário Antunes acredita que «a cultura livresca está a perder-se, o que está relacionado também com a falta de familiaridade de muitos estudantes com os livros nas suas próprias casas».

«Na minha opinião, nós também somos, em parte, culpados, pois devíamos levar mais livros para a sala de aula, para os mostrar aos alunos e estreitar a sua relação com o objecto, mas que professor tem tempo para leccionar toda a matéria e ainda fazer isso?» - questiona.

Aluna da Escola Secundária Dom Manuel Martins, em Setúbal, Beatriz Seves tem obtido melhores resultados com as consultas efectuadas em livros do que no meio digital, o que não a faz ter uma perspectiva mais optimista do futuro dos formatos tradicionais.

«Para um teste de Educação Física, procurei informações sobre lançamento do dardo e do peso na Wikipedia e noutros locais da Net, sem conseguir descobrir os dados necessários», contou à Lusa, acrescentando que «aquilo que necessitava de saber sobre voleibol e basquetebol também não estava 'online'».

Acabaria por recorrer aos livros e não foi preciso uma extensa bibliografia, «pois dois volumes da biblioteca da escola tinham lá tudo», adiantou, regozijando-se com o facto de os colegas que só haviam navegado na Net terem acabado por pedir emprestados os apontamentos que fizera com uma colega também 'bibliófila'.

«Aprendemos mais nos livros, que são melhores para seleccionarmos o que é realmente importante e colocá-lo por palavras nossas, e creio que os professores associam a consulta de livros a um esforço maior da nossa parte mas, no futuro, eles serão cada vez menos usados como fonte de pesquisa», prevê esta estudante de 12 anos.

A conquista de terreno por parte dos meios digitais face aos suportes impressos estende-se ao ensino superior, de acordo com Rogério Santos, docente na licenciatura de Comunicação Social e Cultural e no mestrado de Ciências da Comunicação na Universidade Católica Portuguesa.

Segundo este professor de 58 anos, «os estudantes fazem a pesquisa num motor de busca e seguem as duas primeiras ligações que este indica, não mais do que isso».

«Não há uma preocupação em aferir se aquelas ligações conduzem às melhores páginas sobre a matéria, o que muitas vezes não acontece porque os motores de busca não colocam as páginas por ordem de qualidade», assinalou.

E como os materiais disponíveis na Net não passam «por um filtro de qualidade», estão ali alojadas «muitas primeiras impressões e muita informação sem fundo científico», acrescentou o docente universitário.

«A Wikipédia, por exemplo, é um dos locais mais utilizados pelos alunos - mesmo pelos universitários - como fonte para os trabalhos, apesar de os verbetes serem, geralmente, escritos por pessoas sem créditos nas respectivas áreas», alertou.

As faculdades facultam acesso a bibliotecas digitais como a 'b-on' ou a 'JSTOR', «muito mais fidedignas», mas aí «é preciso pesquisar por palavra-chave, recolher vários documentos e lê-los, ou seja, a selecção equivale ao esforço de consulta numa biblioteca física, e os alunos não têm paciência», considera Rogério Santos.

Por isso, as bibliografias se vão esvaziando de referências válidas e as normas para indicar correctamente um documento consultado vão sendo esquecidas.

«Quando fazem uma 'webliografia' ou 'sitografia', isto é, uma bibliografia de documentos digitais, os alunos colocam o endereço e a data de consulta mas, por norma, não incluem o título do documento, o autor ou o ano», revelou o professor da Universidade Católica Portuguesa.

Para Rosário Antunes, a experiência é mais dramática, já que vai muito mais além do que as falhas em cumprir normas bibliográficas.

«A verdade é que a bibliografia - que muitos alunos até confundem com biografia - tem deixado de fazer parte dos trabalhos, o mesmo acontecendo com o índice. Aliás, já é uma sorte quando os estudantes colocam os números de página», desabafou.

Diário Digital / Lusa

Pomar causa demissões em Viana do Castelo

O arranque do novo ano lectivo, em Setembro, poderá estar comprometido no Agrupamento de Escolas Frei Bartolomeu dos Mártires, na cidade de Viana do Castelo, depois dos órgãos de gestão, Assembleia e Conselho Executivo, terem apresentado a demissão por discordarem da cedência que os Ministérios das Finanças e Educação fizeram do pomar da escola a uma instituição vizinha, o Lar de Santa Teresa.

Segundo informações recolhidas pelo DN, a demissão aconteceu há cerca de um mês, culminando com várias semanas de impasse e críticas internas dos órgãos da escola à decisão, tomada em 2003 pela tutela, e que agora se prepara para ser concretizada.

Em causa está a intenção do Lar de Santa Teresa, em Viana do Castelo, de ocupar 675 m2 de terreno onde funciona o "pomar" da Escola EB 2/3 Frei Bartolomeu dos Mártires - onde decorrem habitualmente actividades escolares -, apesar dos protestos de pais e professores.

Armando Soares Pereira, director da instituição, garante que apenas quer a devolução de um património que pertence ao Lar de Santa Teresa, sublinhando que a "saga" pela recuperação daquela parcela de terreno já dura há 15 anos.

Aristides Sousa, que como docente já presidiu aos órgãos executivo e deliberativo daquela escola e que actualmente é líder do CDS-PP de Viana do Castelo, considera que esta situação é "a vários níveis intolerável" e contraria as afirmações de Soares Pereira, afirmando que este terreno foi expropriado em 1978, passando para a posse da escola. Lembra que o presidente do Lar é também presidente da Assembleia Municipal de Viana do Castelo, eleito pelo Partido Socialista, e frisa que "o património público não é uma quinta do PS".

Acusações e insinuações liminarmente refutadas pela direcção do Lar de Santa Teresa, que rejeita quaisquer conotações político-partidárias. "Governo e militantes do PS com responsabilidade em órgãos de poder e de soberania são os responsáveis pela situação criada e pela perturbação que se reflectirá no arranque do ano lectivo, naquele agrupamento de escolas", afirma, por seu turno, Aristides Sousa.

A escola, que se encontra naquele local desde 1980, já recebeu um ofício da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), enviado também à Direcção-geral do Tesouro, dando conta que já se tinha pronunciado favoravelmente à pretensão do Lar de Santa Teresa de ocupar aquele terreno.


PAULO JULIÃO

domingo, 27 de julho de 2008

Mulheres negras invisibilizadas pela escola e na escola

Ao entrar em minha unidade escolar, onde desde o início do ano letivo de 2006, coordeno ´ações que possibilitem aos nossos mestres e nossos educandos conhecimento efetivo sobre a questão racial para além dos espaços consagrados ao tema tais como: 13 de maio ou 20 de novembro, abolição da escravatura ou morte de Zumbi dos Palmares. Na busca de uma construção de auto-estima positiva àqueles e àquelas que têm a sua história silenciada e que vêem na educação a possibilidade de ascensão social, chamou-me a atenção um mural, exposto a partir da produção realizada numa atividade nas aulas de leitura, cujo objetivo foi incentivar nossas jovens e nossos jovens a escreverem para o festival de poesia e arte, que vem ao longo dos últimos seis anos revelando talentos femininos e masculinos e apostando na interdisciplinaridade no fazer pedagógico daquela escola, que é pública e com uma clientela reconhecidamente das classes populares. O objetivo do mural era contribuir para que a comunidade escolar reconhecesse nossas poetas que, escrevendo sobre o cotidiano, o singular, as coisas simples, o “pouco importante”, nos estimulam a desenvolver a habilidade de reconhecer a poesia e escrever com poesia. A atividade foi desenvolvida com competência, não fosse meu olhar perguntador às imagens atribuídas ao “conhecendo nossos poetas”, título do painel. O leitor curioso deve estar a se perguntar que imagens foram estas que intrigaram e intrigam esta autora? Esta autora responde prontamente: a invisibilidade de poetas negras e poetas negros e a visibilidade somente de poetas brancos, numa sociedade reconhecidamente multiétnica e numa escola que busca em sua prática cotidiana, afirmação de todos e não negação de muitos. A constatação de que o conhecimento nem sempre leva ao reconhecimento faz-me indagar no tocante ao feminino, excluindo neste vagar o masculino por questões identitárias: sou mulher negra e professora que luta pela visibilidade de todas nós, independentemente do status. O que diferencia uma mulher de outra mulher? A cor da pele? As vivências cotidianas de luta? As buscas incessantes pela sobrevivência? Ou a vida? O que muda. Que se transforma. Ou será que as vidas das mulheres negras, que o sabem, nesta sociedade marcada pelo machismo, elitismo e racismo, são construídas nas conquistas cotidianas, nos SIM que a perda do medo de se expor se revelam? SIM, esses que valem mais do que os murais de escolas que ignoram a poesia negra em seus fazeres cotidianos? Que invisibiliza a beleza do ser mulher negra, desqualificando-nos enquanto
produtoras de saberes e fazeres? Pensar a diferença do ser mulher ou as diferenças do ser Mulher Negra é ousar visibilizar as lutas das Luiza Mahin, Nzinga, Ruth de Souza, Elisa Lucinda, Mãe Beata, Dandara, Clementina, Azoilda, para ficarmos apenas em algumas. Professoras, poetas, intelectuais, escritoras, artistas, lavadeiras, arrumadeiras, passadeiras, mães, irmãs, namoradas, esposas, rainhas e amantes, sozinhas ou acompanhadas que, em seus cotidianos construíram, constroem e reconstroem outras identidades, além das historicamente impostas e aceitas. Constroem com dignidade e poesia e merecem ser reconhecidas e conhecidas. Este é o espaço que nossas poetisas e musas de tantos poemas pode e deve ocupar nos murais de nossas escolas. Espaço este que tem na implementação da lei 10.639, que torna obrigatório nos estabelecimentos de ensino básico o ensino de História da África e da cultura afro-brasileira. Um avanço, sem dúvida, pois esta lei é fruto de uma luta histórica dos movimentos negros brasileiros, organizados.

Janete Santos Ribeiro
GRUPALFA – Campo Cotidiano. Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro

sábado, 26 de julho de 2008

A mudança subterrânea em curso

Cada governo ou cada partido ou cada ministro sabe que não pode pedir para o seu tempo médio de vida (enquanto ministro da democracia portuguesa) a possibilidade de executar mudanças sustentáveis e verificar, por resultados escolares consequentes, o alcance das suas políticas. Cada
ministro sabe que estará reformado ou morto antes de se conhecer o impacto de uma ou outra das suas decisões de política educativa.
A revisão participada do currículo, iniciada por um governo do partido socialista, foi um processo longo por ter chamado à participação efectiva todos os parceiros sociais, mais ou menos organizados e com interesses contraditórios (mutuamente exclusivos em muitos casos), e pela ambição de definir adaptações aos perfis de competências do ensino secundário a exigir adaptações nas ofertas de ensino e de organização das escolas, muito além de simples adaptações
de programas de ensino. Os responsáveis governamentais por tais decisões políticas puderam assistir ao arranque do seu programa de mudanças. A proposta original não passou completa para a acção e, mesmo já transformada em acção, veio a ser alterada por medidas avulsas dos ministros que se seguiram, sem que os documentos técnicos tivessem recebido adaptação.
Uma revisão participada, lenta, constitui uma fonte de legitimação das mudanças pela sociedade, procura um sentido social para a mudança que seja consentida pelos agentes educativos que acompanham a sua génese e evolução. Uma boa parte da formação para uma mudança por parte dos professores e outros agentes fica consolidada, ao menos como necessidade sentida, na fase preparatória. Reforma alguma se compadece de poderes que almejam principiá-las e vir a colher frutos. Em democracia, os poderosos têm contrato a termo certo. Mas incapazes de cumprir os seus nobres papéis de executantes honestos das grandes políticas de regime, os políticos de ocasião anseiam por arranhar uma eternidade de circunstância.
A actual nova ministra actua nessa revisão curricular participada, ainda não completamente transformada em acção. Grande parte dos documentos reguladores da organização de oferta educativa e dos programas de ensino mantêm-se aparentemente em vigor. Mas, ao arrepio da lei escrita, este ministério tem conseguido realizar uma clandestina revolução curricular e organizacional. Estão a ser postas em prática por via autoritária muitas medidas que não passaram nas negociações da revisão participada e sem constarem em papel timbrado. Recados e telefonemas das direcções e secretarias fizeram nascer de quase nada cursos profissionais e transformaram os, até há pouco, cursos tecnológicos de futuro em coisa nenhuma do presente. Sem qualquer ligação às empresas das suas regiões e sem quaisquer acordos protocolares, previstos em lei, as escolas públicas ganharam cursos profissionais e os estudantes que tinham pedido a sua matrícula em cursos tecnológicos acabaram matriculados em cursos profissionais com currículos diferentes, em alguns casos, mesmo com novas disciplinas em que não se inscreveram. E tudo feito sem que aos professores fossem dadas quaisquer oportunidades de formação para os programas que conheceram em Agosto e leccionaram a partir de Setembro. Estes falsos cursos profissionais têm falsos aspirantes a profissionais.
Professores impreparados para programas práticos e para avaliações subordinadas ao desempenho profissional que nem sequer está no centro das preocupações já que não há empresas de serviços, comerciais ou industriais envolvidas como ambiente, presente ou futuro, de algum desempenho. Mesmo que a razão prática nos diga haver justiça na aproximação ao trabalho, nada sobrevive em adversativa ideológica, em recusa ao trabalho e ao estudo de hoje. E nada sobrevive no ambiente de desregulação completa da profissão de professor. Profissão, sim! Mas que profissão? Com quantas ferramentas trabalha um professor? Com quais e com quantas pessoas trabalha um professor?

Arsélio Martins
Escola Secundária de José Estevão, Aveiro