sexta-feira, 31 de julho de 2015

Notícia - Mar virou deserto

O Mar de Aral, considerado o maior lago da Euroásia depois do Cáspio, deixou de existir como unidade geográfica. Quarenta anos de má gestão humana bastaram para reduzir a um terço o seu tamanho, e só um milagre o salvará da dessecação total.



É hoje uma das mais espectaculares regiões do Mundo, não só pelas surrealistas paisagens que ali se descobre, com inúmeros barcos de pesca encalhados num mar de sal e de areia, quando ainda há vinte anos navegavam em águas profundas, mas sobretudo porque nunca se tinha dado oportunidade ao homem de observar com uma tal rapidez o resultado das suas acções e da degradação do meio ambiente daí resultante.

A causa do que alguns especialistas consideram uma das maiores catástrofes ecológicas dos últimos anos é clara: um brutal plano de regadio para as plantações de algodão em 7,5 milhões de hectares desenvolvido pela antiga URSS entre os anos 70 e 80 do século passado.

Nos seus tempos áureos, este mar interior da Ásia central era o quarto maior lago do Planeta e a sua actividade pesqueira dava emprego a 60 mil pessoas nos anos 50 – dali retiravam cerca de 50 mil toneladas de peixe por ano. Agora, as capturas estão reduzidas a zero, o limite das águas retrocedeu 100 quilómetros e o seu volume total ficou reduzido a uma quarta parte do que foi.

A tragédia do Mar de Aral tem sido tema de conferências internacionais patrocinadas pela ONU, nas quais os especialistas se concentraram mais no problema de salvar a zona envolvente do que tratar de dar nova vida ao mar, tarefa considerada praticamente impossível.

Não é só a perda do Aral, como também as consequências que uma mudança tão radical do ecossistema impôs à zona envolvente, e que agora se estão a notar com toda a dureza. Por causa da drástica redução do volume, a salinidade das águas triplicou e a superfície antes coberta por água está agora convertida num imenso deserto.

Para milhões de pessoas que vivem nas suas margens, a situação é dramática: doenças congénitas, cancro e malformações, e um alarmante aumento da mortalidade infantil.

CURIOSIDADES

A ENCOLHER

O Mar de Aral vai continuar a encolher nas próximas décadas. A sua superfície é um terço da que se verificava em 1960.

SALINIDADE

A salinidade atingiu os 35 gramas por litro, quando há quarenta anos era de dez gramas por litro.

DOIS LAGOS

O mar está agora dividido em dois lagos. Foi construído um dique para separar completamente as duas partes.

PÓ VEVENOSO

O vento recolhe, anualmente, entre 40 e 150 toneladas de uma mistura tóxica de pó, deixando improdutivo o solo agrícola envolvente ao mar.

RECUO

Os antigos portos pesqueiros encontram-se agora a mais de cem quilómetros das suas águas.

Mário Gil

terça-feira, 28 de julho de 2015

Legislação - Despacho Normativo n.º 50/2005


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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Notícia - A Atmosfera

A atmosfera:
  
Ao longo da história e formação do nosso planeta, a atmosfera já sofreu diversas mudanças. Poder-se-á dizer que estamos na 3ª fase da atmosfera, o que significa que já houve antes 2 fases em que a atmosfera era completamente diferente da actual, tendo na sua composição uma mistura de gases que era mortífera para a actual vida terrestre.
A composição actual da atmosfera terrestre, pelo menos nos primeiros 100 km de altitude, é a seguinte:

Azoto (Na)
78.08%
Oxigénio (O)20.94%
Árgon (Ar)0.93%
Vapor de água (H2O)0 a 4 %
Dióxido de carbono (CO2)325 ppm  ppm = partes por milhão, ou seja, em cada 1 000 000 existem "x"
Neón (Ne)18 ppm        é quase como a percentagem, mas em vez de ser "por 100"
Hélio (He5 ppm        é por 1 000 000
Criptón (Kr)1 ppm
Hidrogénio (H)0.5 ppm
Ozono (O3)0 a 12 ppm

Além destes gases, ainda existem outras substâncias em suspensão: fumos, pólens, cinzas, poeiras, sais, microrganismos....

Daqueles gases todos, os mais importantes (para já) são os dois primeiros: o Azoto e o Oxigénio, e como se pode verificar, ao contrário do que muitas pessoas ainda pensam, o elemento mais abundante na atmosfera, no ar que respiramos, é o azoto e não o oxigénio.

Existem várias maneiras de estudar e fazer uma divisão em camadas, da atmosfera: podemos fazê-lo tendo em conta a composição química; tendo em conta a ionização das partículas; e a mais simples e conhecida é a que tem por base a variação da temperatura.

A imagem ao lado, mostra a divisão da atmosfera, tendo por base a variação da temperatura. Comecemos por identificar na imagem elementos importantes para a sua interpretação:- no eixo da esquerda está representada a altitude (em km).
- no eixo horizontal (das abcissas - em baixo), está representada a temperatura e, essa recta está situada a 0 metros de altitude.
- uma curva em linha cheia (sem estar tracejada) indica a variação da pressão atmosférica.
- a tracejado, estão representados os limites das diferentes camadas e a curva (em "ziguezague") da variação da temperatura.
Postas estas explicações, podemos partir para a análise da figura:

  1. Verifica-se que está dividida em em quatro camadas, que são aTroposfera, a Estratosfera, a Mesosfera e a Termosfera.
  2. A separar estas camadas (e representadas por um tracejado) estão a Tropopausa (entre a troposfera e a estratosfera), a Estratopausa (entre a estratosfera e a mesosfera), e a Mesopausa (entre a mesosfera e a termosfera).
  3. Verifica-se, pela linha a tracejado e em "ziguezague" (a linha da variação da temperatura), que a temperatura, em cada camada, tem "tendências" diferentes. Assim, Observa-se que na Troposfera a temperatura diminui conforme a altitude vai aumentando (repara-se que a 0 metros de altitude a temperatura é superior a 0oC e no limite superior da troposfera, - a tropopausa, a aproximadamente 12 km de altitude- a temperatura é cerca de 50oC negativos). Na estratosfera a temperatura volta a aumentar, atingindo no seu limite - a estratopausa - um valor próximo dos 0oC.  Na Mesosfera a temperatura continua a

aumentar, mas depois ao atingir uma área conhecida por "camada quente" ela começa outra vez a diminuir. Na termosfera, a temperatura torna a aumentar.
  1. Ao observar a linha da pressão atmosférica (linha a cheio), verifica-se também que a pressão diminui com a altitude.
A camada que mais interessa estudar (por agora) é a TROPOSFERA, que é a camada inferior da atmosfera, a que está em contacto com a superfície da Terra e é nela que acontecem os mais importantes fenómenos meteorológicos (chuva, trovoadas, relâmpagos, arco-íris, nuvens, ventos, etc...), e onde existe uma mistura de gases ideais para a vida terrestre. Também é a camada mais agitada.
Como se verificou, na troposfera a temperatura diminui com a altitude. A temperatura diminui em média, cerca de 6oC por cada 1000 metros, ou seja se ao nível do mar (0 metros) a temperatura for, por exemplo, 18oC, e começarmos a subir uma montanha ali pertinho do mar, se essa montanha tiver 1000 metros, isso significa que no cimo da montanha estarão aproximadamente 12oC (18oC-6oC=12oC).
É na Troposfera que a composição do ar é mais constante: azoto, oxigénio, dióxido de carbono e vapor de água, permitindo assim um ar respirável pelos seres vivos. Contudo, por ser nesta camada que existe a vida, é também esta camada que está mais sujeita à poluição e é assim também, a camada mais suja, principalmente nos primeiros 3000 metros de altitude.

Finalmente, e também já observado na figura, é de realçar e não esquecer que na troposfera a temperatura diminui com a altitude.
         


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Circulação geral da atmosfera

















Índice
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Introdução:

O existência de ar é, para todos nós, um aspecto tão vulgar que nos passa despercebido. No entanto, o ar, é algo material. Quase ninguém se apercebe que (ao nível do mar - 0 metros), a atmosfera exerce uma pressão de aproximadamente 1 kg por cada centímetro quadrado. É a este "peso", a esta "força", que se dá o nome de pressão atmosférica.
   Qualquer instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica chama-se barómetro.
Umas das primeiras experiências com barómetros, foi realizada por Torricelli (físico italiano - 1643).  A experiência dele consistia no seguinte:

Encheu-se de mercúrio (completamente), um tubo de vidro com 1 metro de comprimento. Esse tubo apenas estava aberto numa extremidade. Em seguida colocou-se esse tubo numa tina (vazia) e, verificou-se que havia mercúrio que saia do tubo para a tina, mas só até determinada quantidade... ou seja, parte do mercúrio do tubo passava para a tina, ficando o tubo com apenas 76 cm de mercúrio (ou 760 milímetros). Também se verificava que havia dias em que havia um pouco menos de mercúrio no tubo, e noutros dias parecia que o mercúrio voltava a subir para o tubo. A explicação é, que existe uma força que actua sobre o mercúrio que fica na tina, que impede que o resto do mercúrio que está no tubo saia....essa força é a pressão atmosférica e convencionou-se, desde essa data, que a pressão atmosférica normal é de 760 milímetros de mercúrio(760 mm/Hg)Mais recentemente, meteorologistas, imaginaram uma coluna, com 1 cm2 que fosse desde o nível médio das águas do mar (0 metros) até ao limite da troposfera (a tropopausa), e através de cálculos, chegaram à conclusão que o ar contido nessa coluna pesaria cerca de 1 kg.
A pressão mede-se em bar (1bar é aproximadamente igual a 1 kg), mas como a pressão sofre mudanças muito ligeiras, é mais fácil usar a milésima parte do bar - o milibar (mb). Por isso, é que os instrumentos usados para medir a pressão se chamam barómetros.
Mais recentemente, em homenagem a um matemático e grande estudioso dos fenómenos da pressão - Pascal - resolveu-se usar o nome deste cientista como unidade de pressão.
Nestas novas unidades a pressão normal é de 1013
Assim, as unidades que são mais usadas actualmente para a medição da pressão são:- mb (milibares) sendo a pressão normal nesta unidade, de 1013 mb
- hPa (hectoPascal) sendo a pressão normal nesta unidade, de 1013 hPa
- e, cada vez menos utilizado, os mm/Hg (milímetros de mercúrio) sendo o valor da pressão normal nesta unidade, de 760 mm/Hg

Na superfície terrestre (mesmo nos mares) existem muitas estações meteorológicas que registam os vários elementos climáticos, entre eles a pressão atmosférica. Esses valores são depois assinalados em mapas. No que respeita à pressão, unem-se depois esses valores, de modo a fazer passar linhas por locais que têm os mesmos valores de pressão. A essas linhas chamam-se isóbaras e são linhas que unem pontos de igual valor de pressão. Dum modo geral, essas linhas, depois de traçadas, parecem-se com círculos.
Sempre que a pressão é superior a 1013 mb, diz-se que é centro de altas pressões ou anticicloneOs anticiclone representam-se com a letra A (como na figura acima), ou com o sinal + (por ser maior que o normal), ou apenas pelo valor da pressão, por exemplo 1020.Quando a pressão é inferior a 1013, diz-se que é um centro de baixas pressões, ou ciclones, ou depressõesRepresentam-se com a letra BD, com o sinal  , ou apenas com o valor (por exemplo 990).
O vento não é mais do que ar em movimento. O ar desloca-se entre os centros de pressão, numa tentativa de equilibrar as coisas entre as altas e as baixas pressões.

A fixar -->
Há na Natureza algumas "regras" que convém fixar. Assim, em relação às pressões:


marcaOs ventos sopram sempre das altas para as baixas pressões.
marca
Ao deslocarem-se (das altas para as baixas pressões), os ventos são desviados da sua trajectória. Chama-se a este desvio oEfeito de Coriólis. Se os ventos se deslocarem no hemisfério Norte, sofrem um desvio para a direita. Se os ventos se deslocarem no hemisfério Sul, sofrem um desvio para a esquerda.
marcanas altas pressões, os ventos são descendentes e divergentes (descem e afastam-se)
marcaNas baixas pressões os ventos são convergentes e ascendentes (aproximam-se e sobem).
Como se pode ver pela imagem ao lado, estas "regras" estão lá assinaladas. A imagem corresponde a centros de pressão no hemisfério Norte. No anticiclone podemos observar que os ventos (a vermelho em baixo e a vermelho e azul em cima) são descendentes e divergentes, ao contrário do que se passa nas depressões (imagens da esquerda). Nas imagens de baixo observa-se que os ventos saem das altas pressões e "entram" nas baixas pressões. também se observa que os ventos estão a sofrer um desvio para a direita, quer no anticiclone, quer na depressão.

Os centros pressionários encontram-se distribuídos pelo planeta, mais ou menos como uma "sandwich".... no centro (equador) estão baixas pressões, depois, quer para norte, quer para sul, a seguir às baixas pressões, encontram-se altas pressões, a seguir, baixas pressões novamente, e nas áreas polares estão altas pressões.Nas imagens à esquerda e em baixo,  podem-se observar como se efectua a distribuição das pressões, bem como os principais ventos delas resultantes.
Os alísios, que sopram das altas pressões subtropicais para as baixas pressões equatoriais, são talvez os mais importantes pela sua força e constância.
Na imagem da esquerda pode-se observar no Atlântico Norte, a "nossa" alta pressão.... o anticiclone dos Açores.

Explicador (a) de Biologia / Geologia

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Os candidatos deverão enviar o Curriculum Vitae actualizado para o e-mail:

Notícia - Mutualismo, cooperação ou oportunismo?

Organismos de grupos muito distintos estabelecem por vezes relações complexas entre si, nalguns casos de total interdependência. As formas de cooperação, pelo menos aparente, são dos resultados mais fascinantes da evolução da vida.

No mundo natural, quase todos os seres vivem embrenhados numa complexa teia de relações que se estabelecem entre representantes dos diferentes grupos taxonómicos. As relações de predador-presa, herbívoro-planta e de parasita-hospedeiro, são um exemplo disso mesmo. Em todos estes casos, há uma característica em comum: entre os parceiros destas relações existe uma pressão selectiva comum, mas em sentidos opostos. Ou seja, à pressão imposta pelos predadores, herbívoros e parasitas, sobre as presas, as plantas e os hospedeiros, estes últimos respondem com uma contra adaptação para evitar a pressão.

Pelo contrário, no caso das relações mutualísticas, ambos os parceiros beneficiam das pressões selectivas recíprocas, através de um processo que se designa por co-evolução. O que na prática quer dizer que se ajudam mutuamente. Dentro do mutualismo existem muitas modalidades diferentes, mas o factor comum que conduziu os diferentes organismos a evoluir neste sentido permanece ainda por explicar. Na verdade, verifica-se que muitas relações mutualísticas são mais explorações recíprocas, do que esforços cooperativos entre indivíduos.

Em todo o caso, este tipo de relação atrai de forma particular a atenção dos humanos, que facilmente encontram aqui uma analogia com sentimentos como a amizade ou o altruísmo. Mesmo assim se nos debruçarmos mais profundamente sobre o paralelo, as conclusões sobre o porquê da amizade poderiam ser também algo desconcertantes: será que amizade é motivada por questões de altruísmo ou de egoísmo? Afinal, se calhar até as próprias relações entre as pessoas se podem arrumar, pelo menos de forma metafórica, dentro das categorias: predação, parasitismo e mutualismo…

O mutualismo pode, ser ou não simbiótico e pode ser facultativo ou obrigatório. O mutualismo simbiótico, ou simplesmente simbiose, é aquele em que ambos os organismos vivem juntos numa associação física muito próxima e em que pelo menos um deles não poderia viver independente do outro. A simbiose é por isso sempre um caso de mutualismo obrigatório.

Na verdade, apesar das relações de simbiose existirem um pouco por todo o lado, na sua maioria não são nada óbvias, e muitas vezes utiliza-se essa designação (simbiose) de forma abusiva para outros tipos de mutualismo. As relações entre organismos simbiontes são por vezes tão profundas que chega a ser difícil distingui-los. Um exemplo disso é uma associação de algas e fungos que constitui os líquenes. Também no coral, os Celenterados associam-se a algas que lhes fornecem mais de 80% da energia de que necessitam, em troca da retenção de nutrientes essenciais que provêm da sua habilidade em capturar o zooplancton em suspensão no Oceano. Nas raízes de muitas plantas, que vivem em solos pobres, estabelecem-se relações simbióticas com fungos, que em troca da energia fotossintética fornecida pelas plantas fornecem nutrientes minerais que captam do solo.

O mutualismo obrigatório não simbiótico é um tipo de mutualismo mais frequente do que o anterior. Neste caso, os intervenientes dependem um do outro para sobreviver mas não vivem fisicamente tão próximos. A polinização de flores e a dispersão de sementes está em alguns casos absolutamente dependente de um agente, que pode ser um insecto, uma ave, ou outro animal, que dependa desse recurso, néctar, pólen ou fruto, para sobreviver. Também algumas espécies de formigas vivem dentro dos troncos de árvores, que para alem de abrigo, lhes fornecem alimento através de substâncias açucarinas que segregam, em troca de protecção contra insectos desfolhadores. Também as térmitas da savana africana criam fungos dentro dos seus ninhos, que lá encontram as características indispensáveis para se desenvolverem e que lhes degradam parcialmente o alimento.

O mutualismo facultativo ou oportunista não só é o mais frequente, como provavelmente o mais visível de todos os tipos de mutualismo, já que opera em maior escala ao nível dos animais vertebrados.

Para muitas plantas, apesar de não ser a única forma de se reproduzirem, a ajuda prestada por alguns animais torna-se preciosa e em troca fornecem-lhes alimento. Noutros casos, como em alguma orquídeas de florestas tropicais, as flores não fornecem qualquer alimento aos machos das abelhas que as polinizam. Em vez disso, os machos encontram no interior das flores fragrâncias segregadas por células específicas, que utilizam para desenvolver as suas próprias feromonas para atrair as fêmeas. Como essas abelhas visitam orquídeas de diferentes espécies, estas estão adaptadas de forma a que o pólen se deposite numa parte específica do corpo da abelha, de forma a esta poder visitar muitas outras flores sem que o pólen se perca e para, quando vários dias ou semanas mais tarde entrar uma flor da mesma espécie, poder cumprir o seu papel.

Ao nível da dispersão das sementes, as relações mutualísticas entre animais e plantas desempenham também um papel preponderante. Muitas espécies de plantas evoluíram no sentido de produzirem frutos com cores coloridas, odor intenso e um valor nutritivo elevado. Dentro destes frutos existem sementes pequenas, que podem atravessar o tubo digestivo dos animais sem se degradarem. Desta forma, essas plantas convidam diferentes animais a ingerirem os seus frutos e sementes, por forma a excretarem mais tarde as sementes num outro local.

Para além das relações entre animais e plantas, mais raramente também se estabelecem relações entre animais, como algumas aves que catam parasitas em cima de grandes mamíferos. Um outro caso muito curioso disso mesmo, é a cooperação entre uma ave da mesma Ordem dos pica-paus, o Indicador e uma espécie de texugo que habita em África. Estas aves têm a capacidade de encontrar colmeias de abelhas, mas dificilmente consegue extrai-las das cavidades em que se encontram. Por isso, atraem um texugo que com as suas garras afiadas consegue fazer o trabalho. O texugo come o mel e o Indicador ingere as larvas e a cera de que é feito o ninho. Curiosamente, a capacidade para digerir a cera depende, também ela, da existência de bactérias simbiontes no intestino da ave, que lhe fornecem as enzimas necessárias para a digestão. Na ausência de texugos, os indicadores estabelecem esta relação com humanos que também procuram o mel.

O limite entre as relações mutualísticas e outras de outro tipo nem sempre é claro. Será que os tubarões beneficiam de alguma forma da presença das rémoras que os seguem para ingerir os restos de alimento por si deixados? Se lhes fosse absolutamente indiferente seria uma relação de comensalismo. Mas em alguns casos, as fronteiras são tão ténues que pode mesmo ser difícil de distinguir algumas formas de parasitismo de outras de mutualismo. De certa forma, o mutualismo é por vezes um caso de parasitismo recíproco.

A complexidade das relações entre os diferentes seres vivos faz com que, apesar de muito se investigar nesta área da ecologia, como nas demais ciências, o aprofundar dos conhecimentos conduza a um refinar de conceitos que mesmo assim ficarão sempre aquém da complexidade da realidade.


Alexandre Vaz