quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Conteúdo - Giambattista Vico - Os estudos e a carreira


Abriu-se uma porta para Vico quando o bispo de Ischia, impressionado com suas concepções sobre o ensino da jurisprudência, recomendou-o ao seu irmão, o marquês de Vatolla. Durante nove anos Vico desfrutou das luxuriantes paisagens do Cilento e da grande biblioteca do castelo de Vatolla. Ele lia autores antigos e escritores italianos desde Cícero até Boccaccio, de Virgílio a Dante Alighieri, de Horácio até Petrarca. Ele apreciava Platão e aborreciam-lhe os epicuristas, porque eles ensinavam "uma moral de solitários", uma ética individualista que ignorava as leis imutáveis que governavam a humanidade coletiva. Ele olhou para a filosofia cartesiana e imediatamente reconheceu nela as bases das ciências emergentes, mas descobriu em Descartes erro e perigo. Em 1694 encontrou Dante ignorado, Ficino e Pico postos de lado e o Cartesianismo na vanguarda do debate intelectual. Vico empobreceu em uma cidade que pouco ligava para suas concepções. Ele ficou reduzido à composição de inscrições e à escrita de encômios sob encomenda, algo às vezes degradante, que ele continuou a fazer depois de ser indicado professor de retórica na Universidade de Nápoles, em 1697. Dois anos depois, casou-se com Teresa Destito e enfim foi pai de diversos filhos. Embora não tivesse gosto algum pela política académica e seu cargo fosse dos menos remunerados na universidade, seu brilhantismo e eloquência levaram-no frequentemente a pronunciar o discurso de abertura do ano académico.

Em 1710, Vico publicou o De Antiquíssima Italorum Sapientia (A Antiga Sabedoria dos Italianos), na qual tentava apresentar a sabedoria dos sábios jónios e etruscos através de uma análise filológica das palavras latinas. A metafísica deve encontrar os fatos que podem ser convertidos em verdades e descobrir assim um princípio de causação enraizado no senso comum. Para Vico, este princípio só é encontrado em Deus, o verdadeiro e derradeiro Ens que contém toda a fé e inteligência. A partir deste trabalho fundamental, Vico passou os doze anos seguintes elaborando a ideia de que a abordagem histórica da lei como desenvolvida nas diferentes sociedades, aliada à visão metafísica da lei divina imutável, poderia delinear uma ciência que compreendesse as verdades conhecíveis pelo homem.

Notícia - Uma nova Via Láctea




A Via Láctea está repleta de enigmas fascinantes relativamente à sua origem, à sua evolução e ao seu destino final. Três astrofísicas guiam-nos numa viagem ao centro do nosso bairro cósmico.

Daniela Carollo lembra-se perfeitamente do momento em que sentiu que queria ser astrónoma. “Estava numa pequena aldeia perto de Turim, no Norte de Itália, pelo que se via bastante bem o céu nocturno; era belíssimo”, recorda, na entrevista telefónica que nos concedeu a partir da sua actual casa, do outro lado do planeta, não muito longe do Observatório de Monte Stromlo, próximo de Camberra (Austrália). “Na casa dos meus pais, havia uma varanda de onde podia contemplar as estrelas, e eu tinha um monte de interrogações na minha cabeça; queria explicações para muita coisa.” Daniela tinha, na altura, nove anos. Agora, aos 40, cumpre o seu sonho na Universidade Nacional da Austrália, uma das mais avançadas em matéria de investigação astronómica, enquanto segue a pista das estrelas mais antigas do Universo.

Não podia imaginar que, por aquela altura, nascia na Alemanha uma menina que seguiria o seu exemplo e dedicaria a vida a procurar as mesmas respostas. Chama-se Anna Frebel e explica, também por telefone, a partir do Instituto Astrofísico de Harvard (outro dos “monstros sagrados” no estudo do Cosmos) que “sempre quis ser astrónoma”: “O meu trabalho consiste em procurar velhas estrelas. Podem perfeitamente chamar-me ‘caçadora de fósseis cósmicos’.”

Anna, de 30 anos, adora a cor azul, que associa à astronomia. Não tinha acesso a um telescópio quando era pequena, mas ficava fascinada com os programas e livros sobre o universo. Em Göttingen, a sua cidade natal na Baixa Saxónia, não é fácil contemplar as estrelas, devido à poluição luminosa, mas isso não a desencorajou de estudar astrofísica nem de obter o doutoramento no Observatório de Monte Stromlo.

Quem conseguiu, efectivamente, um telescópio pelo seu aniversário foi Beatriz Barbuy, uma brasileira irremediavelmente atraída pelo Cosmos desde os 16 anos. Actualmente, dedica-se à investigação no Instituto Astronómico da Universidade de São Paulo, onde tem sido responsável, tal como as duas colegas já citadas, por contributos inovadores que estão a revolucionar o que se pensava sobre a Via Láctea. 
As três procuram explicações para a origem desta grande galáxia capaz de albergar os seres humanos, um mistério que mantém intrigados astrofísicos e filósofos. Será possível averiguar como se formou? Parece uma missão impossível.

A Via Láctea é uma galáxia em espiral de componentes essenciais complexos e três partes bem diferenciadas: o centro, ou bulbo, o disco e o halo. O centro é o lugar mais povoado de estrelas e com maior actividade energética, pois contém fontes extremamente potentes de raios X e gama e, segundo pensam os especialistas, alberga provavelmente um buraco negro massivo.

O disco galáctico surge como uma estrutura plana de rotação, feita de poeira e hidrogénio molecular e atómico. É aqui que se encontra o Sistema Solar, a cerca de dois terços do centro galáctico e um terço (cerca de 25 mil anos-luz) da extremidade do disco. O Sol dá uma volta completa à Via Láctea a cada 250 milhões de anos. É também no disco que se situam os braços da espiral, cuja estrutura definitiva conhecemos graças ao telescópio espacial Spitzer. Por fim, o halo é a parte exterior da galáxia, uma forma esférica de gás difuso que abriga as estrelas mais antigas (incluindo 146 cúmulos globulares) e a que mais tem chamado a atenção das nossas três astrónomas, pois contém pistas que poderiam explicar como nasceu a Via Láctea.

Para isso, é preciso começar por distinguir o velho do novo, o que não é possível através de uma simples observação por telescópio. Anna Frebel investiu muito tempo a aperfeiçoar os seus instrumentos a fim de poder farejar as relíquias estelares mais idosas. “Não podemos determinar directamente a idade das estrelas, pelo que temos de recorrer a outros métodos, que consistem em conhecer os seus elementos químicos”, explica a especialista. A composição química de uma estrela varia consoante a geração a que pertença: quanto mais antiga for, mais baixo será o conteúdo em metais.

No início da sua existência, um astro semelhante ao Sol contém, aproximadamente, 75 por cento de hidrogénio e 23% de hélio. O restante é formado por elementos mais pesados (metais como o ferro), fornecidos por estrelas que terminaram antes o seu ciclo. Deste modo, se imaginarmos o nascimento do Universo por ocasião do Big Bang, há 13.700 milhões de anos, “todos os elementos pesados (à excepção do hidrogénio e do hélio), como o oxigénio, o carbono, o ferro... foram criados posteriormente durante as explosões estelares de supernovas”, indica Anna Frebel.

Somos, literalmente, pó de estrelas. É nesse cenário conceptual (um universo que apenas continha hidrogénio e hélio, pois os restantes elementos da tabela periódica surgiriam mais tarde), que a pesquisa começa a fazer sentido. “O que fazemos é procurar as estrelas que têm muito pouca quantidade de elementos pesados, pois esse facto indica que se formaram numa fase muito precoce do Cosmos, quando esses materiais ainda eram escassos.”

Por vezes, o trabalho dos astrofísicos é semelhante a procurar uma agulha num palheiro, mas, nos últimos dez anos, os rastreios estelares em grande escala generalizaram-se, o que lhes permite sondar com maior rapidez a zona do halo galáctico que engloba os antigos astros. “As primeiras estrelas da Via Láctea são tão velhas como o próprio Universo. Estamos a falar de uma idade que pode oscilar entre os dez e os 13 mil milhões de anos. Algumas nasceram antes de a galáxia se formar”, explica Daniela Carollo, que fica sempre maravilhada com a relação entre a nucleossíntese e a vida: “Sem essa síntese de elementos pesados no coração das estrelas, não estaríamos agora a conversar.”

Seja como for, os metais, eternamente minoritários, constituem um elemento de transformação muito significativo, apesar da sua escassez em termos cósmicos. No início, havia tão poucos que os partos estelares se produziam num ambiente quase primitivo. Com a passagem dos éons e a morte de mais estrelas, as consequentes explosões contaminaram vastas zonas da galáxia com novos elementos, e as estrelas nascidas posteriormente surgiram num meio mais metalizado. Ao comparar essas relíquias estelares com o Sol, comprovamos que a nossa estrela é relativamente jovem (nasceu há 4500 milhões de anos), embora tenha evoluído até alcançar a plena maturidade na meia-idade, explica Anna Frebel: “Se se extraísse todo o ferro solar para o colocar ao lado do que as estrelas que ando a procurar contêm, estas só teriam entre um milésimo e um décimo-milésimo do do Sol.”

Entre os tesouros que Anna Frebel conseguiu localizar encontra-se a estrela gigante vermelha S1020549, situada na galáxia do Escultor. A astrofísica desenvolveu uma técnica para determinar as quantidades relativas de tório e urânio no núcleo do astro, e publicou a descoberta na revista Nature: “Pensamos que procede de uma supernova anterior. Neste caso, tal como os arqueólogos recorrem ao carbono-14 para datar os seus fósseis, podemos analisar a relação urânio-tório para avaliar a idade da S1020549.”

A técnica envolve deduzir a proporção daqueles elementos radioactivos que resta no interior do astro e compará-la com as quantidades libertadas na explosão estelar que precedeu o seu nascimento. Como possuem uma existência muito longa, o tório e o urânio funcionam como um relógio para os astrofísicos. A S1020549 é espantosamente velha, talvez um dos objectos mais antigos de todo o Universo; poderá ter cerca de 13 mil milhões de anos (ou seja, é menos de mil milhões de anos mais jovem do que o Big Bang). A especialista alemã acredita que “provavelmente, ainda irá viver muito tempo, embora se encontre numa fase terminal, e finalizará a existência na qualidade de anã branca”.

A pesquisa de fósseis cósmicos e o aperfeiçoamento de técnicas para encontrá-los são também o leitmotiv da investigação desenvolvida por Beatriz Barbuy. Depois de obter o doutoramento pela Universidade de Paris, a cientista brasileira dedicou-se ao estudo das possibilidades da espectroscopia para detectar estrelas pobres em metais. Descobriu, entre outras coisas, que esses objectos celestes continham uma grande proporção de oxigénio relativamente à percentagem de ferro, e propôs-se averiguar de onde o obtinham.

Uma das conclusões a que chegou, publicada na revista Science, é que os astros com oxigénio devem ter nascido de resíduos deixados por supernovas de tipo II, ou seja, as que alcançaram o equilíbrio com um núcleo denso de ferro e níquel. Esses elementos já não podem fundir-se para fornecer mais energia, pelo que a aproveitam para se transformar noutros elementos mais pesados. Quando a estrela possui dez vezes a massa do Sol, pode consumir rapidamente o hidrogénio, por vezes em apenas 35 milhões de anos, e as sucessivas reacções de fusão vão produzindo elementos mais pesados. A estrela que resulta concentra-os no centro, enquanto os mais leves se acumulam no exterior, como as camadas de uma cebola. O colapso final do núcleo de ferro demora segundos; a onda de choque produz uma gigantesca explosão que expulsa as camadas mais periféricas do astro moribundo para o exterior a uma velocidade de mais de 15 mil quilómetros por segundo. A supernova pode emitir uma luz dez mil milhões de vezes mais intensa do que a do astro-rei; com efeito, rivaliza com o brilho de uma galáxia inteira durante semanas.

Por ter uma existência tão breve em comparação com outros vizinhos estelares, as supernovas de tipo II surgiram, provavelmente, nas etapas mais primitivas da Via Láctea. A impressão digital do ferro-oxigénio denuncia as “rugas” de estrelas que nasceram depois dessas explosões, algo que Beatriz Barbuy pode avaliar através dos telescópios gigantes do Observatório Austral Europeu, no Chile. Na década passada, dedicou-se à localização de cúmulos globulares de estrelas numa zona de difícil visualização, o óvalo central do núcleo galáctico. Alguns cúmulos têm dez mil milhões de anos, o que significa que a região nasceu nas fases primordiais do Universo.

Qual o contributo das três astrónomas para o estudo global sobre a origem da nossa galáxia? Há trinta anos, duas teorias competiam entre si para tentar explicá-la. “Uma fala do colapso monolítico de uma enorme nuvem de gás, semelhante ao que as estrelas sofrem, mas numa escala maior”, explica Anna Frebel. Todavia, essa perspectiva começa a ser considerada ultrapassada. A outra hipótese possui um certo sabor darwiniano: fala da sobrevivência do mais apto e começa pela criação de uma “pequena galáxia que se formou a partir do colapso de uma nuvem” e que principiaria, algum tempo depois, a atrair outras mais pequenas, naquilo que a especialista descreve como um processo de “canibalismo cósmico”. Assim, a estrutura inicial cresceria “devorando cada vez mais gás, estrelas e mesmo outras galáxias até adquirir, finalmente, o tamanho da Via Láctea”. A nossa galáxia resultaria, pois, de um banquete cósmico.

As “estrelas Matusalém”, que são quase tão velhas como o Universo, não se teriam formado na galáxia, pois esta não existia quando nasceram, há quase 13 mil milhões de anos. Naquela época, a Via Láctea era muito mais difusa e não teria, evidentemente, o rosto que hoje exibe. “É muito provável que essas estrelas mais velhas tenham surgido em galáxias mais pequenas que foram, posteriormente, canibalizadas pela nossa”, assegura Anna Frebel.

Se pudéssemos viajar para trás no tempo, o que observaríamos, de acordo com Daniela Carollo, não seria a Via Láctea, mas as velhas estrelas que nasceram antes. “Ainda não se veria a galáxia, apenas pequenos halos galácticos ou nuvens feitas de matéria escura e poei­ra. Foi nesses mini-halos que se formaram as primeiras estrelas. Durante a sua evolução, contaminaram o meio estelar. Quando se formou a segunda geração de estrelas, a galáxia ainda não se tinha unido.”

Os fragmentos da Via Láctea que contêm esses astros veteranos também carregam a marca do seu momento angular. É como se fosse outra impressão digital. Nas observações que efectuou sobre o halo galáctico, a astrónoma italiana descobriu que as estrelas mais ricas em metais e, por conseguinte, mais jovens, giram em redor do centro no sentido dos ponteiros do relógio e ficam situadas nas zonas interiores do halo. Em contrapartida, as mais pobres em metais e, consequentemente, mais idosas, fazem-no em sentido contrário e situam-se nas regiões periféricas do halo.

Esta análise coincide com as considerações de Anna Frebel: “Quanto mais remotos, mais primitivos são os corpos celestes que se descobrem.” É provável que a parte central da Via Láctea tenha sido a primeira a sofrer processos de acreção (crescimento por justaposição de matéria), enquanto as regiões exteriores foram posteriormente incorporadas. “Essas estrelas tão velhas foram, provavelmente, acrescentadas há não muito tempo à galáxia.” Anna não rejeita a hipótese de encontrar astros muito primitivos no centro galáctico, mas, como afirma, a “densidade do palheiro é muito elevada e ainda temos limitações técnicas”.

Por sua vez, Daniela Carollo sugere que nos deixemos maravilhar pela actual complexidade da Via Láctea, com o seu disco galáctico, o bulbo central, os halos e a matéria escura. Sublinha que o conteúdo metálico das velhas estrelas na parte exterior do halo é quatro vezes menor do que o daquelas que se encontram nas zonas interiores da esfera de gás. Além disso, são escassas e difíceis de detectar, pois encontram-se a grande distância do disco central, onde a maior parte se concentra, pelo que estão apenas ao alcance de telescópios gigantes com mais de oito metros de diâmetro.

A situação é paradoxal: o mais provável é que o bulbo (ou centro) esconda os primeiros astros que se formaram (entre uma população extremamente numerosa de estrelas muito mais jovens), mas, como se trata de um lugar de enorme densidade, a pesquisa é árdua. Os telescópios têm maiores possibilidades de descobrir objectos antigos no halo, em zonas mais desabitadas. Todavia, a teoria do canibalismo (acrescentar galáxias menores para formar uma maior) adquire cada vez mais força, segundo Daniela Carollo. Pensemos, pois, em termos de estruturas quase vivas de um ­puzzle que se vão juntando à medida que os éons passam. É como se a Via Láctea fosse feita de pedaços atigos e outros mais recentes; como se cada peça fosse composta de galáxias mais pequenas. “Neste momento, pensamos que a parte interna se formou através da união de nuvens galácticas, cuja massa era muito maior, e que isso também se verificou no disco e na parte interior do halo.”

Actualmente, há várias galáxias anãs em redor da nossa Via Láctea; algumas são tão pequenas que possuem apenas, de acordo com Daniela Carollo, dez mil vezes a massa do Sol. Provavelmente, explica a investigadora italiana, constituem os resíduos do mini-halo que formou a extremidade do halo da própria Via Láctea. Por outras palavras, seriam os restos do festim. “Hoje, podemos mesmo observar em directo a forma como se juntam as estruturas cósmicas. A galáxia anã de Sagitário está actualmente a unir-se à Via Láctea”, o que significa que os casamentos intergalácticos continuam a produzir-se nos nossos dias.

Outro facto interessante, indica Anna Frebel, é que as estrelas antigas das galáxias anãs são do mesmo tipo das que existem no perímetro do halo da Via Láctea. Ou seja, conclui, é como “se fossem gémeos idênticos separados, o que nos leva a pensar que o halo exterior do nosso bairro celeste se formou através da acreção dessas galáxias liliputianas”.

Otelescópio espacial Fermi, da NASA, especializado na observação de raios gama, detectou uma misteriosa estrutura gigantesca nunca vista na nossa galáxia. Trata-se de duas bolhas quase simétricas que se estendem por cerca de 25 anos-luz  a partir do centro galáctico, uma para Norte e a outra para Sul. O astrónomo Doug Finkbeiner, do Centro Harvard-Smithsonian, afirma: “Ainda não entendemos por completo a sua natureza e origem, mas pensamos que as bolhas podem ter surgido devido a uma súbita explosão de formação estelar ocorrida perto do centro da Via Láctea.” Outra possibilidade adiantada pelos astrofísicos é que as bolhas “tenham sido criadas por uma erupção do buraco negro supermassivo Sgr A* há vários milhões de anos, como um remanescente daquele despertar que apenas se tornou visível agora”.


L.M.A. - SUPER 153 - Janeiro 2011

Notícia - Rã voadora identificada no Vietname



Uma nova espécie de rãs voadoras que pairam e saltam no ar foi descoberta perto da cidade Ho Chi Minh (antiga Saigão), a maior cidade do Vietname.

Jodi Rowley, uma bióloga australiana, e colegas vietnamitas, analisaram duas áreas florestais a menos de 90 quilómetros da cidade de sete milhões de habitantes. Estas florestas são atravessadas todos os dias por agricultores e por búfalos-asiáticos.

“E… lá, num tronco, ao lado de um caminho, estava uma rã enorme e verde”, disse Jodi Rowley, especialista em anfíbios, que trabalha no Museu Australiano. “Para descobrir uma nova espécie de rã, normalmente tenho de escalar uma montanha, subir uma queda de água e atravessar uma floresta tropical densa e espinhosa”, disse, citada pela agência Reuters.

Este animal de dez centímetros, verde e com a barriga branca, manteve-se escondido dos cientistas porque andava a voar entre o topo das árvores com 20 metros de altura. A rã só vem ao solo para se reproduzir nas poças de água.

A espécie, Rhacophorus helenae, tinha sido encontrada em 2009, mas só agora é que se compreendeu que era um novo anfíbio. O seu habitat está ameaçado. As duas áreas de floresta estudadas estão rodeadas por terrenos agrícolas e campos de arroz. “Não fazemos ideia do que ainda existe nesta parte do mundo”, disse a bióloga.

O nome comum da rã ficou, em inglês, Helen’s Tree Frog, qualquer coisa como a rã-arborícola-de-helena e é uma espécie de agradecimento à mãe da bióloga, chamada Helen, que tem cancro nos ovários. “Pensei que seria a altura apropriada para lhe mostrar a gratidão que tenho por tudo o que fez por mim”, contou Jodi Rowley.

http://www.publico.pt/

Postal Antigo - Espanha - Grutas de Altamira - Javali


Manual - Excel


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Biografia - Joaquim d'Azurém


Joaquim José Faria Ferreira nasceu em Azurém, Guimarães, no ano de 1959.

Com 5 anos vai viver para Paris com a família. É aí que inicia a aprendizagem de música e viola clássica. Em 1984 tem um contacto com a guitarra portuguesa que passa a ser  o seu instrumento de eleição.

Em meados de 1986 regressa a Portugal fixando-se em Óbidos.

O seu disco de estreia, "Transparências", esteve para ser editado pala Ama Romanta, é editado pela Edisom em Maio de 1989. Adopta o nome artístico de Joaquim D'Azurém.

O álbum, gravado em França e em Portugal, inclui os temas "Jardim de Recordações", "Ressurreição", "Dança", "Lágrimas", "Transparências", "Vidas Longínquas" e "Cristais d'Água".

Actua em Bruxelas por ocasião da edição portugália da Europália 91. Actuou também na inauguração do CCB e no Festival de la Guitairre de Thiais (França).

Colabora no disco "O Verbo" (1996) dos Diva e actua na Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

Durante a Expo-98 participa no Festival da Guitarra Portuguesa dirigido por Pedro Caldeira Cabral.

Manteve um site em http://joaquimdazurem.123som.com onde era apresentado outro dos seus trabalhos: "Jogos Matinais".

DISCOGRAFIA
Transparências (LP, Edisom, 1989)
Jogos Matinais ()

Notícia retirada daqui

Desenhos para colorir - Primavera


Conteúdo - A tentar perder peso? Erros a evitar - Saltar refeições


Já todos fizemos isto. A manhãs após comer de forma descontrolada são as mais difíceis. Mas saltar refeições não vai ajudar. Quando come pouco ou nada durante o dia, a tendência é comer demasiado à noite e sentir-se ainda pior. Para evitar isto, deve começar o seu dia com um pequeno-almoço saudável e dividir refeições pequenas e regulares pelo resto do seu dia.

Biografia - Isabel de Portugal


 Filha do rei D. Manuel I e da rainha D. Maria, sua segunda mulher, Isabel nasceu em Lisboa, no dia 25 de Outubro de 1503. Imperatriz perfeitíssima lhe chamaram mais tarde os cronistas espanhóis. Numa Europa repleta de grandes convulsões politicas, religiosas e sociais, ela soube ser a mulher e a colaboradora do poderoso Carlos V. A sua beleza não foi um mito - basta olhá-la, serena e majestosa, pintada por Ticiano. 
             As primeiras negociações sobre o enlace entre D. Isabel e o imperador Carlos V (hoje as revistas diriam "o casamento do século"!) começaram no Outono de 1522, entre D. João III, seu irmão, e a corte espanhola. Ficaram acordados dois casamentos, o de D. João III com Catarina, irmã de Carlos e o de Isabel de Portugal com o imperador. O rei português casou primeiro e os trâmites para o casamento de Isabel demoraram mais uns tempos. Nestas coisas de casamentos, não há nada como uma "fada madrinha", e a recém- rainha de Portugal escreveu ao irmão a falar-lhe das muitas virtudes e beleza de Isabel, sua cunhada. Na Primavera de 1525, veio a Portugal o embaixador espanhol para tratar dos dois esponsais, tendo as primeiras negociações sido firmadas em 17 de Outubro de 1525.Almeinim foi o local escolhido. E aqui foi também celebrada a cerimónia do casamento, por procuração, em 23 de Outubro de 1525. Presidiu à cerimónia o bispo de Lamego, D. Fernando de Vasconcelos. 
             A partir daquele dia, Isabel de Portugal era já imperatriz. Houve festas e bailes e foi representada, pela primeira vez, a comédia Dom Duardos, de Gil Vicente. O dote da imperatriz foi de 900 mil dobras de ouro castelhanas, o que era uma enorme fortuna. Em Janeiro de 1526, começaram os preparativos da partida da imperatriz Isabel de Portugal para Espanha. 
             Com 22 anos, D Isabel parte rumo a Badajoz com uma grande comitiva. A comodidade da época não ia além de uma liteira, sendo o destino Sevilha. De Toledo, onde Carlos V tinha a corte, veio "um luzido acompanhamento", para fazer as honras à futura imperatriz. Carlos V mandou três emissários da mais alta honorabilidade. D. Isabel chegou a Elvas no dia 6 de Janeiro, acompanhada dos irmãos, D Luís e D. Fernando. Ao chegarem à fronteira, deram-lhe por montada uma linda "faca" branca, termo que significa cavalo pequeno, leve e magro, para maior comodidade na viagem. 
             Entrou em Espanha no dia 7. A cerimónia de troca de séquito ocorreu na fronteira, perto do rio Caia. A lindíssima D. Isabel, serena e sem mostrar o mínimo cansaço, ouviu o irmão Luís dizer as palavras do protocolo ao duque de Calábria: "Senhor, entrego a Vossa Alteza a imperatriz minha Senhora, em nome do rei de Portugal, meu senhor e irmão, como esposa que é da cesárea majestade do imperador." No final, em vez do protocolar beija-mão, D. Isabel quis abraçar os seus irmãos. 
             A viagem demorou dois meses. No dia 10 ou 11 de Março de 1526, realizou -se o casamento com os noivos lado a lado, e a cidade de Sevilha engalanou as ruas e viveu dias de grande alegria. Quem esteve presente nas bodas dos imperadores observou os recém-casados e comentou: "(...) Entre os noivos há muito contentamento, pelo menos é o que parece (...), e quando estão juntos, embora esteja muita gente presente não reparam em mais ninguém, ambos falam e riem, e nunca outra coisa os distrai". Como alguém disse, Carlos e Isabel casaram sem se conhecer e amaram-se depois de se conhecerem. 
             Os noivos imperiais ficaram uns dias em Sevilha mas, para fugir ao calor, seguiram para Córdova, com destino a Granada, onde chegaram nos primeiros dias de Junho. Ficaram no Palácio do Alhambra, onde era notória a influência árabe. Os mouros de Granada ofereceram, como prenda de casamento a Carlos e Isabel, 80 mil ducados. 
             Carlos, atencioso e meigo, deu a Isabel, por divisa, "as três graças, tendo uma delas uma rosa, símbolo da sua formosura, um ramo de murta como símbolo do amor e a terceira uma coroa de carvalho simbolizando a fecundidade". D. Isabel, além de ter um rosto de um perfeito oval, "olhos de garça", cabelos longos e loiros, com uma figura "esbelta e harmoniosa", terá percebido na lua-de-mel que a sorte a bafejara. Os noivos ficaram no Palácio do Alhambra, mas as comitivas eram tão numerosas que os familiares do lado de D. Isabel ficaram hospedados em São Jerónimo, magnífico edifício renascentista. Depois da passagem de Carlos V por Granada (onde nunca estivera), o Palácio do Alhambra sofreu beneficiações. Nestes dias de felicidade, Carlos ofereceu um cravo a Isabel, flor que na altura não era muito vulgar. E diz-se que foi por este gesto que um dos símbolos da Andaluzia e de Espanha é o "clavel".
             Em Dezembro, os imperadores partiram para Valladolid, onde chegaram no início do ano seguinte. Aqui, a imperatriz deu à luz, no dia 21 de Maio de 1527, o herdeiro do trono - Filipe (depois rei Filipe II de Espanha, Filipe I de Portugal). Sabe-se que o parto foi difícil e Isabel de Portugal sofreu muito. Como rainha, quis mostrar-se corajosa quando as dores eram quase insuportáveis. Num momento de maior sofrimento, estampado no rosto, a parteira pediu-lhe que gritasse, porque ajudava a descontrair-se, mas a imperatriz respondeu em português: "Não me faleis tal, minha comadre, que eu morrerei, mas não gritarei." 
             Isabel de Portugal tinha residência própria, independente da do marido, onde viviam quarenta damas e açafatas e mais de setenta jovens, rapazes e raparigas, alguns filhos do pessoal que lidava de perto com D. Isabel. Além da morada do imperador, havia as casas dos infantes e infantas (quando já tinham idade para serem independentes), e ainda o palácio da rainha Joana, mãe de Carlos, que vivia em Tordesilhas. 
             Foram contemporâneos de Carlos V e de Isabel de Portugal, umas vezes inimigos e outras vezes aliados, Francisco I de França, Henrique VIII de Inglaterra - que na sua sucessão de esposas contou também com uma tia de Carlos V - Catarina de Aragão e o poderosíssimo Soleimão, o Magnífico, senhor do império otomano no seu período de apogeu. 
             Enquanto Carlos V estava em guerra ou a negociar tratados de paz com países ou regiões da Europa, Isabel tinha as responsabilidades de regente. O seu cargo era, como ficou escrito, "lugarteniente dcl reino de Castilla". Foi regente entre 1529 e 1532 centre 1535 e 1539. Nessa qualidade, viajou bastante. Para amenizar as saudades e para tratar de assuntos importantes do império, Carlos e Isabel escreviam-se com regularidade. Por vezes, o imperador não escrevia durante meses, a ponto de preocupar a imperatriz, que numa carta lhe "ralhou", dizendo que ao menos lhe escrevesse "todos os vinte dias". 
             Devido ao clima demasiado quente de Toledo e de Sevilha, a imperatriz Isabel passava os Verões em Ávila, por ser mais ameno, pois sofreu diversas vezes de paludismo. Viajava no Outono, com regularidade, entre Toledo, Valladolid, Sevilha, Barcelona e Maiorca. Quando tinha notícia de que o marido ia regressar, mandava preparar uma recepção, com grande comitiva, mas durante o tempo em que estava sozinha com os filhos, as damas e conselheiros da corte, Isabel de Portugal fazia uma vida muito ascética. 
             Em 1529, nasceu a filha Maria e, mais uma vez, foi um parto doloroso e complicado. Durante os 16 anos de casamento, Carlos não procurou outra mulher, mesmo nos períodos de ausência de casa. Isabel de Portugal foi novamente mãe, em 1535. Esta filha, Joana, viria a casar com o príncipe João Manuel, filho de D. João III de Portugal e de D. Catarina. Ficou viúva e à espera de um filho, que viria a ser o malogrado rei D. Sebastião, morto em Alcácer-Quibir. 
             Quando Isabel de Portugal morreu de pós-parto, em 1539, o imperador estava ausente em Madrid e ficou muitíssimo amargurado. Refugiou-se no Mosteiro de Sisla, vestido de negro, cor que usou até ao fim dos seus dias. Rezava. E frequentemente os seus vassalos lhe viram lágrimas nos olhos. Temeu-se pela sua saúde, tal era o seu sofrimento pela ausência de Isabel. Para ter perto de si a imagem daquela que ele tanto amara, encomendou um retrato a Ticiano. Era costume fazerem-se as máscaras mortuárias dos falecidos ilustres e terá sido a partir dessa máscara de cera com as feições da imperatriz que Ticiano concebeu o retrato. Quando o imperador o viu, não o achou perfeito e quis que o mestre pintor retocasse o nariz de Isabel. E assim fez Ticiano. Aliás, pintou dois quadros quase iguais. Um desapareceu, anos mais tarde, num incêndio. Resta apenas aquele que acompanhou Carlos V quando se retirou para o Mosteiro deYuste, em 1556, e que esteve na grande exposição de Toledo, de Outubro de 2000 a Janeiro de 2001. 
             A vida de Francisco de Borja está indissoluvelmente marcada pela de Isabel de Portugal, porque este fidalgo viria a protagonizar uma história verídica, devido à morte da imperatriz. 
             Francisco de Borja serviu na corte de Carlos V, onde conheceu a sua futura mulher, dama que foi no séquito de Isabel de Portugal. Deste casamento, nasceram li filhos, tendo sobrevivido oito. Em Maio de 1539, quando morreu Isabel de Portugal, o imperador pediu-lhe que tratasse das exéquias. A imperatriz morreu em Toledo, mas foi a enterrar em Granada. Acompanhou-a também o filho Filipe, que estivera sempre muito próximo da mãe. Entre a morte e o dia "da tumulação", mediaram 16 dias. O calor era tal que, quando Francisco de Borja viu, ao abrirem a tampa do caixão, a face daquela que fora a mulher mais bela do seu tempo, completamente irreconhecível, ficou tão impressionado que terá dato que, a partir daquela data, não mais ser viria nenhum senhor na Terra. Iria dedicar-se, de alma e coração ao serviço de Deus. Ficou viúvo em 1546 e entrou para a Companhia de Jesus, tendo feito votos solenes em Fevereiro de 1548. Foi ordenado sacerdote em 1551 e viria a ser impulsionador da cristianização das colónias espanholas e do Brasil. Foi canonizado em Abril de 1671. 
             Isabel de Portugal, por desejo do filho Filipe, seria trasladada, em 1574, para o Mosteiro do Escorial, 
             Depois da morte de Isabel, Carlos V passou mais tempo isolado. Deixou pouco a pouco os negócios políticos e abdicou, em 1556, a favor do seu filho Filipe, que subiu ao trono como Filipe II de Espanha, enquanto que o seu irmão Fernando lhe sucedeu como imperador da Alemanha. 
             Nos seus tempos de juventude, Carlos teve uma filha, fruto dos amores por uma flamenga, Margarida Van der Gheist. Esta filha casará com um Médicis e depois, já viúva, com o duque de Parma. Já viúvo de Isabel de Portugal, aos quarenta e cinco anos, o imperador Carlos V teve uma relação amorosa com uma jovem, que lhe deu um filho - , João de Áustria. No recolhimento de Yuste, Carlos V não se afastou completamente da vida política, mas levou uma vida simples. Olhando para o retrato de Isabel, terá então recordado os anos de felicidade com a imperatriz perfeitíssima. 
             Carlos V da Alemanha, Carlos I de Espanha morreu a 21 de Setembro de 1558. Isabel e Carlos estiveram algum tempo separados, também na morte. Mas depois passaram a repousar lado a lado, no Mosteiro de São Lourenço do Escorial, panteão dos monarcas espanhóis, mandado construir por Filipe II. 

A autora agradece a Maria do Carmo Holbeche Beirão Cortez a sua colaboração.

Biografia retirada daqui

Fontes:
Manuel Rios Mazcarelle, Dicionario de los Reys de Espanha, 1996.
Carlos Fisas, Historias de las Reinas de Espacia - la Casa de Áustria, 18ª edição, Madrid, Planeta, 1997.
Manuel Fernadez Álvarez, Carlos V el rey de los Encomenderos Americanos, Madrid, Anaya, 1988.
Joseph Pérez, Carlos V, Ediciones Temas de Hoy, 1999.
Francisco Câncio, Portugal Histórico e Monumental, 1934, vol. 2.

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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

EFA - STC - Exercício - Tecnologia e Inovação - Sociedade, Tecnologia e Ciência

Leia o extracto da proposta de Barack Obama



Actualizar a Educação para atender as necessidades do Século XXI: Barack Obama vai enfatizar a importância da alfabetização tecnológica, assegurando que em todas as escolas públicas as crianças sejam dotadas com as necessárias competências em ciência, tecnologia e matemática, habilidades para ter sucesso na economia do Século XXI. Acesso a computadores e ligações em banda larga nas escolas públicas deve ser conjugada com professores qualificados, currículos flexíveis e um compromisso com o desenvolvimento de competências no domínio da tecnologia. Isto é central para a competitividade do sector tecnológico da nossa nação e dos nossos cidadãos. Obama também acredita que é preciso fortalecer a educação científica e matemática para ajudar a desenvolver uma qualificada força de trabalho e promover a inovação. Ele vai trabalhar para aumentar o nosso número de diplomados em ciências e engenharia, incentivar os jovens a estudar matemática e ciência para obterem graduação, e trabalhar para aumentar a representação das minorias e das mulheres na ciência e na área da tecnologia, representando a diversidade da América para satisfazer a crescente procura de uma mão-de-obra qualificada. Se vamos exportar o nosso melhor software e melhores empregos de engenharia para países em desenvolvimento, é menos provável que a América beneficie com a próxima geração de inovações em nanotecnologia, electrónica ebiotecnologia. Devemos ter mão-de-obra qualificada para que possamos manter e crescer empregos que exigem as competências do Século XXI em vez de obrigar os empregadores a encontrar trabalhadores qualificados no exterior.



1. Identifique a triologia de competências valorizada por Obama.



2. Relacione as competências tecnológicas com o crescimento económico.

Assista à reportagem da SIC sobre o papel da tecnologia na "escola do futuro".

Conheça os Projectos-chave do Plano Tecnológico da Educação. 







3. Comente o papel da tecnologia na "escola do futuro".

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terça-feira, 19 de setembro de 2017

Powerpoint - Introdução às Boas Práticas Laboratoriais


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Conteúdo - Giambattista Vico - A Infância


Vico nasceu como o sexto dos oito filhos de Antonio Vico e Candida Masulio. Foi-lhe dado este nome por causa de São João Batista, e foi batizado na Igreja Católica, à qual permaneceu leal toda a vida. Desde a primeira infância ele combinou um agudo e amplo intelecto com um insaciável amor ao conhecimento, e muito da sua educação se deu na livraria de seu pai. Com a idade de sete anos ele caiu do alto de uma escada - talvez uma daquelas usadas para alcançar os livros na loja - e fraturou severamente seu crânio. Durante as cinco horas em que permaneceu completamente inconsciente e imóvel, o médico local declarou que ele ou morreria ou ficaria idiotizado. Apesar de sua convalescença levar três anos e sua constituição permanecer delicada durante toda a vida, ele recuperou-se integralmente e entrou na escola com dez anos. Vico ultrapassou seus colegas tão rapidamente que logo foi transferido para uma escola jesuíta. Dentro de um ano, contudo, ele viu seus professores devolvendo-o à anterior, e ele deixou a escola para estudar por conta própria.

Uma visita casual à universidade atraiu sua atenção para o direito romano, em uma época em que a jurisprudência envolvia conhecimento de ética, teologia, política, história, filologia, línguas e literatura. Embora ouvisse as detalhadas palestras de Don Francesco Verde, um distinguido professor de direito, ele percebeu que os princípios básicos eram facilmente perdidos nas minúcias, e ele voltou ao estudo autônomo mais uma vez. Com dezesseis anos ele testou suas habilidades no tribunal assumindo um caso em defesa de seu pai. Ele deu-se bem mas decidiu-se a não seguir a custosa prática do direito. Achou sua saúde fraca, as cortes ruidosas, os casos tediosos e sua mente poética restrita demais naquela profissão, embora descobrisse na jurisprudência as chaves para um novo entendimento da humanidade e da sociedade.

Notícia - ESA - Huygens

A sonda Cassini-Huygens é um projecto colaborativo entre a ESA e a NASA para estudar Saturno e as suas luas através de uma missão espacial não tripulada.

Notícia - Dragões pré-históricos


As libélulas de Portugal estão por explorar
Surgiram na Terra há cerca de 300 milhões de anos. Assistiram ao reinado dos dinossauros e à sua enigmática extinção, mas algumas espécies estão hoje ameaçadas. Falamos dos mais antigos insectos voadores, as libélulas. O biólogo Jorge Nunes revela as curiosidades destas relíquias do passado, quase desconhecidas em Portugal.

Em matéria de records, as libélulas não estão unicamente entre os insectos voadores mais antigos, também conquistaram o título dos maiores insectos voadores de todos os tempos. Esse feito notável foi alcançado pela espécie Meganeura monyi, que viveu no período Carbonífero (há aproximadamente 300 milhões de anos) e atingiu setenta e cinco centímetros de envergadura (tamanho equivalente às asas distendidas de um pombo-torcaz em voo). Terão sido estas dimensões descomunais, que rivalizam com as dos filmes de ficção científica, que levaram a que fossem apelidadas de “dragões voadores”.

O gigantismo de alguns insectos pré-históricos, entre os quais as libélulas, ainda hoje continua a apaixonar muitos paleo-entomólogos, que não encontraram uma justificação totalmente satisfatória para o crescimento desmesurado desses artrópodes. Um dos problemas, que necessita de explicação cabal e que continua a alimentar controvérsias no seio da comunidade científica, é saber como o modesto sistema respiratório traqueal conseguia abastecer de oxigénio todas as células dos seus corpos gigantes.

Como a atmosfera terrestre possui actualmente menor quantidade de oxigénio, não corremos o risco de viver a experiência arrepiante de ser sobrevoados por um desses ruidosos monstros aéreos. Logo, não é de estranhar que a maior libélula actual, a Megaloprepus coerulatus, nativa da América Central, não vá além de uns modestos doze centímetros de comprimento e dezanove de envergadura. Longe das dimensões das suas congéneres extintas, destaca-se, todavia, das mais pequenas do mundo, incluídas no género Agriocnemis, e que atingem no máximo dezoito milímetros de envergadura. A Anax imperator, com onze centímetros de envergadura, é uma das maiores que ocorrem em Portugal, e os exemplares do género Coenagrion, com os seus três a quatro centímetros, contam-se entre as mais diminutas.

Acrobatas aéreos
A maior parte da vida das libélulas adultas desenrola-se no ar. Apesar de a sua morfologia apresentar numerosas características pré-históricas, são os insectos com o aparelho de voo mais perfeito. As suas asas são atravessadas por numerosas nervuras longitudinais que formam uma rede com as abundantes nervuras transversais, o que lhes permite suportar grandes pressões longitudinais sem se dobrarem. Como a enervação alar difere consoante as espécies, esta é uma característica morfológica extremamente útil na sua identificação.

Em voo, podem atingir os 30 quilómetros por hora, e tanto se deixam levar pelo vento sem bater as asas como efectuam manobras aéreas extremamente complicadas. Algumas espécies conseguem mesmo voar para trás. Esta habilidade deve-se ao facto de os dois pares de asas se movimentarem independentemente um do outro e de cada asa poder mover-se isoladamente. Por tudo isto, as libélulas têm servido de inspiração e modelo a muitos dos mecanismos de voo utilizados nas mais recentes invenções relacionadas com as extraordinárias máquinas voadoras de alta tecnologia.

As libélulas adultas ostentam colorações admiráveis, que vão desde o vermelho ao verde, passando pelo amarelo, o castanho ou o azul-metalizado. No entanto, as suas cores brilhantes desaparecem depois da morte. Por isso, não são muito procuradas pelos coleccionadores de insectos, contrariamente ao que sucede com as borboletas, que mantêm as suas belas tonalidades mesmo depois de mortas.

Porém, e ao contrário do que poderíamos pensar, as cores das libélulas não servem apenas para nos deleitarmos com a sua beleza. Desempenham múltiplas funções na sua sobrevivência, incluindo a detecção e a identificação dos parceiros sexuais, a camuflagem do corpo em função do meio e a manutenção da temperatura corporal através da filtragem dos raios ultravioletas da luz solar.

Temíveis dentro e fora de água
As libélulas são animais com um ciclo biológico complexo, tendo os adultos uma vida terrestre e capacidade de voo e as larvas uma longa existência aquática. As semelhanças entre ambas são muito subtis, fazendo lembrar as histórias infantis da bela e do monstro ou do patinho feio.

As diferenças entre as espécies fósseis já extintas e as actuais, se exceptuarmos o tamanho descomunal das primeiras, são muito poucas. Isto mesmo pode confirmar-se através da análise do registo fóssil e parece indicar uma excelente adaptabilidade das libélulas, que se mantiveram mais ou menos inalteradas ao longo de muitos milhões de anos.

Como acontecia no passado remoto, continuam a ser predadoras temíveis. Caçam essencialmente durante o voo, retendo as presas com as patas colocadas em forma de cesto. Possuem um aparelho bucal triturador onde se destaca um par de possantes mandíbulas que lhes permitem agarrar e morder fortemente as presas, especialmente insectos voadores de que se alimentam. Os espécimes de maiores dimensões podem mesmo infligir dolorosas mordeduras aos humanos caso sejam agarrados com as mãos desprotegidas.

Não se pense, contudo, que o aspecto agressivo e os instintos predatórios são exclusivos dos adultos, pois as larvas aquáticas são caçadoras ainda mais terríveis. São carnívoras oportunistas, apresentando uma dieta alimentar muito variada, que inclui quase tudo o que se mexa nas suas imediações, desde vermes a caracóis, girinos, outros insectos, peixes e até pequenos anfíbios.

A estratégia de caça que usam é muito peculiar. Começam por se camuflar no ambiente e ficam totalmente imóveis aguardando a aproximação das vítimas. Depois, avançam suavemente até que aquelas fiquem ao seu alcance. Quando tal acontece, projectam de forma repentina, em apenas 25 milionésimos de segundo, a sua “máscara” (um lábio modificado semelhante a uma pinça articulada com um comprimento idêntico ao do seu próprio corpo) provida de ganchos terminais que agarram firmemente a presa. O sucesso desta técnica, que depende de uma correcta determinação da distância a que se encontra a “refeição”, resulta de possuírem uma apuradíssima visão estereoscópica e uma espantosa rapidez de movimentos.

Nos locais de acasalamento e postura, especialmente durante a Primavera e o início do Verão, os machos caçam intensamente para recuperar o enorme dispêndio energético com as paradas nupciais e o cortejamento das fêmeas. Perscrutam incessantemente os seus territórios, constituindo verdadeiras ameaças para tudo o que se movimente sobre o espelho de água. Entretanto, debaixo de água, no leito dos lagos e ribeiros, as larvas emboscadas estão sempre atentas à aproximação de uma incauta vítima.

Devido ao elevado número de insectos que capturam ao longo das suas vidas, muitos considerados pragas agrícolas, as libélulas prestam um importante serviço ao equilíbrio dos ecossistemas e aos agricultores. O seu apetite é de tal forma insaciável que em situações especiais podem recorrer ao canibalismo, alimentando-se mesmo de indivíduos da própria espécie. Esta tem sido uma prática observada sobretudo em algumas fêmeas que demonstram um apetite desmesurado devido ao facto de a postura dos ovos ser uma tarefa muito fatigante.

Mensageiras do Diabo
Desde tempos remotos que as libélulas foram vistas como animais pouco desejáveis e conotadas com origens diabólicas. Os missionários cristãos consideravam-nas seres malfeitores, o que levou a apelidá-las de “cavalinhos-do-diabo”, designação ainda hoje usada pelos vizinhos espanhóis, ou de “dragões voadores”, como lhe continuam a chamar os ingleses.

Em Portugal, consoante a região, receberam diferentes nomes populares: “tira-olhos”, porventura devido ao seu aspecto ameaçador; “helicópteros”, certamente aludindo ao movimento rápido e sonoro das suas asas e à sua capacidade de permanecerem paradas no ar; “lavadeiras”, “corta-águas” e “bate-cus”, devido ao modo como as fêmeas depositam os ovos, mergulhando as caudas repetidamente na água; “gaiteiros”, pela suposta semelhança com as gaitas-de-foles; e “libelinhas” e “donzelinhas”, possivelmente devido à elegância e fragilidade das espécies mais pequenas.

Todas as libélulas estão incluídas na ordem dos Odonatos (palavra de origem grega que significa “dentes” e que terá sido usada devido às fortes mandíbulas destes insectos). Quanto ao termo “libélula”, ainda hoje está envolto em polémica. Poderá ter tido duas origens etimológicas distintas: do latim libellus, que significa “pequeno livro”, aludindo ao facto de as asas das pequenas libélulas se manterem fechadas como as páginas de um livro quando estão pousadas (pertencem à subordem dos zigópteros); ou libella, que significa “na horizontal”, lembrando a posição em que as libélulas de maior tamanho colocam as suas asas quando estão em repouso (correspondem à subordem dos anisópteros).

Os zigópteros são geralmente de pequeno tamanho e de aspecto inconfundível. A sua cabeça, em forma de haltere, está colocada transversalmente ao corpo e o seu abdómen é cilíndrico e fino. Outra característica que permite identificá-los é o facto de as quatro asas serem sensivelmente iguais e ficarem juntas, na vertical, quando os indivíduos estão em repouso.

Os anisópteros, também designados “grandes libélulas”, apresentam as asas posteriores mais largas na base do que as anteriores e mantêm-nas abertas quando estão pousadas. Os enormes olhos tocam-se geralmente no cimo da cabeça, que é grande e quase hemisférica, ainda que em algumas espécies deste grupo surjam nitidamente separados. A forma do abdómen é muito variável, apresentando um aspecto longo e cilíndrico, sendo, todavia, mais largo do que o dos zigópteros.

A cabeça das libélulas é ocupada maioritariamente pelos olhos compostos, que compreen­dem dez a trinta mil omatídeos (unidades fotorreceptoras dispostas hexagonalmente, cada uma ligada a um nervo óptico autónomo). Por esta razão, têm um grande campo visual e percepcionam o mundo que as rodeia através de imagens em mosaico. Apresentam uma visão excepcional, tendo sido referidos casos em que algumas libélulas conseguiram reconhecer os seus congéneres a uma distância superior a quarenta metros.

Nos olhos, as facetas superiores servem para a visão distante, enquanto as inferiores estão destinadas a uma visão mais próxima. O cimo da cabeça apresenta três pequenos ocelos (órgãos oculares simples), para avaliar apenas a intensidade luminosa, não tendo intervenção directa na formação da imagem visual.

As antenas são curtas e inserem-se geralmente um pouco atrás dos ocelos. Desempenham um importante papel sensitivo, pois ajudam o animal a determinar a velocidade de voo, de acordo com a deformação provocada pela resistência que oferecem à passagem do ar.

Rituais de acasalamento
As lutas entre machos pelo domínio do território e pelas fêmeas são relativamente comuns. No entanto, algumas espécies exibem combates rituais que permitem apurar o vencedor e o vencido sem necessidade de qualquer contacto físico.

Embora as situações de conflito entre machos originem curiosos repertórios comportamentais, são, contudo, as paradas nupciais que mais têm atraído a atenção dos cientistas. Durante o acasalamento, os machos seguram com as pinças caudais as cabeças das suas companheiras, realizando estranhos bailados com elas suspensas e criando curiosas estruturas voadoras que parecem querer desafiar todas as regras da aerodinâmica.

A cópula, que consiste no acto de transferência de esperma do macho para a fêmea, também ocorre numa estranha posição em que os parceiros formam com os seus abdómenes um “coração copulatório”, assim designado porque faz lembrar um coração ligeiramente assimétrico.

A deposição dos ovos ocorre de dois modos diferentes, consoante as espécies: um, mais primitivo, em que os ovos são injectados pela fêmea no interior de algumas plantas aquáticas; e outro, mais evoluído, em que são depositados na água ou bem acomodados sobre substratos no fundo de charcos e ribeiros.

A eclosão dos ovos, com o nascimento das larvas aquáticas, pode demorar desde uma semana até vários meses, variando este período também de espécie para espécie.

As larvas de todas as libélulas, tirando apenas algumas tropicais, crescem obrigatoriamente em ambiente aquático. Para o seu desenvolvimento decorrer com normalidade, apresentam necessidades específicas no que diz respeito à qualidade da água (nomeadamente no que se refere ao pH, à concentração de sais minerais e ao teor de oxigénio dissolvido) e à disponibilidade de plantas aquáticas. As fêmeas precisam de ter todos estes factores ambientais em consideração aquando da escolha do local de postura, de modo a garantirem as melhores condições para as suas proles.

Consoante os requisitos ecológicos específicos, as espécies presentes numa determinada zona húmida serão distintas. Algumas optarão por ambientes lóticos (de águas rápidas e oxigenadas) outras por lênticos (de águas calmas ou paradas); umas escolherão locais com esparsas plantas aquáticas, enquanto outras procurarão fartas coberturas vegetais.

Durante o seu processo de desenvolvimento e crescimento, as libélulas passam por até vinte estádios larvares, correspondentes a igual número de mudas do esqueleto externo. Nas espécies de maiores dimensões, as larvas podem atingir um comprimento de cinco a seis centímetros. Houve quem afirmasse que, se as larvas de libélulas tivessem dimensões semelhantes às de um pequeno cão, seriam, com toda a certeza, os animais mais terríveis de água doce. Atendendo à eficácia do seu sistema de caça e aos seus instintos predatórios, caso pudessem atingir tais dimensões seria decerto muito arriscado ir a banhos nas praias fluviais.

Algumas espécies podem viver no estado larvar durante mais de seis anos, sendo a duração dessa vida aquática fortemente condicionada por vários factores, como a abundância de alimento e a temperatura ambiente, entre outros.

Quando se aproxima o grande momento da metamorfose, da transformação do monstro em bela, as larvas deixam a água e sobem pela vegetação. Penduradas nas plantas, aguardam, pacientemente, as modificações necessárias à libertação dos adultos. Ao emergirem, deixam atrás de si os invólucros quitinosos, conhecidos por “exúvias”, onde se abrigaram no decurso das suas vidas aquáticas.

Os exoesqueletos, aparentemente insignificantes, são, no entanto, um precioso manancial de informações para os cientistas. A partir deles, podem identificar-se as espécies, conhecer a sua distribuição geográfica e requisitos ecológicos, saber a dinâmica populacional e até retirar amostras de ADN que poderão permitir ver, entre outras coisas, a variabilidade genética das populações.

Relíquias a preservar
Conhecem-se cerca de 5680 espécies de libélulas em todo o mundo. Destas, vivem 138 na Europa, das quais 65 ocorrem em território português (64 no continente, seis na Madeira e quatro nos Açores, num total de 41 anisópteros e 24 zigópteros). Apesar de a primeira referência às libélulas de Portugal datar de 1797, publicada por Dominicus Vandelli no primeiro volume das Memórias da Academia Real das Sciencias de Lisboa, e de o nosso país apresentar um número considerável de espécies, sabia-se muito pouco sobre estes admiráveis insectos até ao início do século XXI.

Os esporádicos trabalhos, realizados essencialmente nas duas últimas décadas, por naturalistas estrangeiros (que aproveitavam os períodos de férias para explorar algumas zonas turísticas) e por investigadores nacionais (que se dedicaram a regiões muito circunscritas, como as áreas protegidas), permitiam apenas uma imagem muito desfocada da realidade portuguesa. Este desconhecimento da biologia e da distribuição geográfica das espécies impediu que tivessem sido implementadas medidas de monitorização e conservação, tanto dos habitats como de algumas espécies consideradas internacionalmente ameaçadas.

Ainda em 2005, Sónia Ferreira, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, denunciava esta preocupante situação: “A fauna de Odonata de Portugal é uma das menos estudadas da Europa, sendo este facto surpreendente se tivermos em consideração que o país de situa na Península Ibérica, um ‘hot spot’ entre a Fauna Paleártica ocidental e Paleotropical.” Felizmente, o cenário parece estar a inverter-se.

O “estudo deste grupo conheceu um avanço significativo graças à publicação de uma bibliografia anotada e de um catálogo crítico de espécies”, refere a investigadora, que organizou, em Julho de 2010, o primeiro Congresso Europeu de Odonatologia. Esse simpósio foi o primeiro passo para a criação de uma rede europeia que visa recolher e partilhar informação sobre esta temática.

Apesar das lacunas que se verificam em relação ao conhecimento científico da odonatofauna lusitana, “as perspectivas relativamente ao desenvolvimento do conhecimento e da conservação dos odonatos em Portugal são francamente animadoras”, admite a investigadora do CIBIO. Além disso, o “nosso país vai ter uma participação activa na elaboração do Atlas Europeu de Odonata”, acrescenta.

As libélulas começam, finalmente, a ter a atenção da comunidade científica. E os conhecimentos nunca serão demais, se considerarmos que em Portugal ocorrem pelo menos quatro espécies (Macromia splendens, Oxygastra curtisii, Coenagrion mercuriale e Gomphus graslinii) consideradas ameaçadas e que constam da Lista Vermelha das Libélulas Europeias, estando abrangidas pela Convenção de Berna e pela Directiva Habitat.

A intensificação dos trabalhos de campo com um maior esforço de amostragem poderá ainda ajudar a colmatar lacunas ancestrais no inventário das espécies. Isso mesmo pôde constatar Sónia Ferreira, quando realizou prospecções no Parque Natural de Montesinho e deu de caras com a libelinha Lestes sponsa, uma nova espécie para a lista (cada vez mais credível e em actualização permanente) das libélulas de Portugal.

Biomarcadores Optimal
Estes insectos são óptimos bioindicadores da qualidade dos habitats. “Um local onde exista apenas uma ou duas espécies de libélulas não é, com toda a certeza, um habitat bem preservado”, diz Sónia Ferreira. Estas palavras ganham ainda maior relevância se considerarmos que se tem verificado uma importante regressão das populações de libélulas ao longo dos últimos anos, em quase todos os recantos do mundo. Aqui mesmo, no velho continente, segundo a Lista Vermelha das Libélulas Europeias, apenas metade das espécies tem populações estáveis e cerca de um quarto está em declínio. Embora se conheçam numerosos inimigos naturais das libélulas, uma vez que estas fazem parte da dieta alimentar de inúmeros animais, a culpa não parece ser imputável aos seus predadores, mas ao próprio homem. A maioria encontra-se ameaçada, dado que são muito sensíveis às modificações que ocorrem nos seus habitats.

Os principais factores de ameaça têm sido a deterioração da qualidade da água (meio essencial ao desenvolvimento larvar), devido à poluição agrícola, industrial e urbana; as alterações nos cursos de água, com construção de barragens e de canais de irrigação, artificialização das margens e entubamento dos leitos (muitas das espécies em perigo estão associadas a ambientes de água corrente); a diminuição dos lençóis freáticos superficiais, devido à drenagem dos pântanos e lagoas; a utilização de pesticidas; o abandono das práticas agrícolas tradicionais e a sobrecarga de fertilizantes, que contribuem para a eutrofização dos ambientes aquáticos; e a apanha de exemplares para coleccionismo (embora, sobre esta prática, não existam dados disponíveis para Portugal).

Como principais medidas de conservação, podem apontar-se a diminuição dos factores de risco já referidos, que passam pela recuperação e conservação dos habitats, evitando a poluição das águas e a utilização de pesticidas em zonas consideradas críticas (especialmente, no que se refere a espécies com uma limitada distribuição geográfica), e pela protecção da vegetação ribeirinha, quer aquática quer das margens, de modo a manter a estabilidade das cadeias alimentares em que estas espécies se inserem.

Qualquer medida de conservação, porém, só poderá ser implementada com sucesso se for antecedida por um estudo exaustivo da biologia e distribuição das espécies e dos seus habitats. Sem conhecer as necessidades de cada uma das espécies e dos seus diferentes estádios de vida, não será possível desenhar e desenvolver políticas de preservação eficazes, que permitam manter viáveis as populações.

Embora algumas espécies protegidas de libélulas constem da Directiva Europeia dos Habitats, estes insectos continuam a ser esquecidos em muitos estudos de impacto ambiental. E, “às vezes, bastariam pequenas medidas mitigadoras, sem grandes custos económicos, para fazer toda a diferença na sua protecção”, lembra Sónia Ferreira.

Face à inexistência de um Livro Vermelho de Invertebrados de Portugal, com explicitação do estatuto de ameaça deste vasto grupo faunístico, a grande dúvida é saber se a incrível resistência que permitiu a estes vetustos insectos sobreviverem na Terra desde tempos longínquos continuará a protegê-los de um destino que se afigura pouco risonho.

JN
SUPER 155 - Março 2011


Postal Antigo - Espanha - Grutas de Altamira - Cerva


Ficha de Trabalho - Word


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