Espaço de ajuda aos alunos nas várias disciplinas desde a Educação de Infância até ao Ensino Secundário
sábado, 17 de março de 2018
quinta-feira, 15 de março de 2018
Biografia - Emmeline, Christabel e Sylvia Pankhurst
Três feministas inglesas, dos primórdios das lutas pelo direito ao voto. Mãe e duas filhas com histórias de vida extraordinárias porque fizeram dessa causa a principal das suas vidas.
Depois de 1928, ano em que as inglesas puderam votar, sem restrições, muitas outras desigualdades foi preciso combater e as filhas de Emmeline Pankhurst, Christabel e Sylvia estiveram na primeira linha dessa cruzada, honrando o nome que tinham.
Falar de Emmeline, Christabel e Sylvia Pankhurst é também relembrar às jovens de hoje que nasceram repletas de direitos: de estudar, de escolher a profissão, de ter a conta bancária, de viajar, de vestir o que lhes apetece, de casar ou coabitar com quem amam, de ter ou não filhos e entre muitos outros direitos, o de votar. Sem se lembrarem que no início do século XX ainda a maior parte das universidades europeias não permitia o ingresso de mulheres e que a luta pelo direito ao voto foi uma das mais acesas do séc. XIX, onde mulheres com muita ou pouca cultura e com mais ou menos bens económicos reivindicaram vivamente esse direito, tendo algumas dado a vida por essa conquista.
Na História Universal houve épocas e regiões onde as mulheres tiveram mais direitos que em séculos posteriores, como é sabido, porque a história é feita de assimetrias, de avanços e recuos, não é linear. É, porém consensual que foi o século XX que finalmente proporcionou às mulheres, praticamente de todo o mundo, o seu lugar na sociedade. Como disse a escritora e jornalista espanhola, Rosa Montero: «No vertiginoso lapso de tempo de cem anos, apenas um brevíssimo suspiro no decorrer dos tempos, as mulheres passaram do nada ao muito.»
A Revolução Francesa de 1789 que parecia ir proporcionar às mulheres a igualdade tão almejada não lhes trouxe os direitos nem as oportunidades que esperavam, e depois, com a chegada ao poder de Napoleão Bonaparte com o seu sexista Código Civil, de 1804, onde remete a mulher para a quase exclusiva tarefa da maternidade (continuando a permanecer propriedade do marido ou do pai), tudo ficou na mesma, mas a verdade os ventos de mudança da Revolução que pedia «Liberdade, Igualdade e Fraternidade» para todos e todas tinha deixado a semente da rebelião. Trouxe para a rua as mulheres, de todos os extractos sociais, saturadas de serem consideradas inferiores ou «bibelôs» para prazer dos homens. E sentiram a sua força. Por essa Europa fora e do outro lado do Atlântico, todas perceberam que era esta a oportunidade de reivindicarem os seus direitos. Criaram clubes que pugnavam por liberdade e igualdade, por melhor instrução, pela abolição da sujeição das mulheres aos pais ou maridos, dos empregados aos patrões. As mulheres unem-se em Ligas com propósitos de apoio a patriotas como aconteceu em Itália, em vésperas da unificação.
Nesta caminhada de luta nem todas saíram à rua, porque muitas mulheres houve que lutaram através da escrita, em simples panfletos, com escritos em jornais ou publicação de livros. A imprensa feminina deste período é um fenómeno extraordinário. Nos EUA a feminista Susan Anthony utilizava os escritórios da redacção do jornal The Revolution (1868-1870) para organizar as operárias nova-iorquinas. Fazem-se conferências, abrem-se salões políticos, luta-se por novas formas de família, onde o divórcio acabe com anos de servidão e hipocrisia. Lê-se muito e discutem-se ideias e ideais.
São as mulheres em França com esse emblemático jornal La Fronde, que teve enorme repercussão e proporcionou novos horizontes na caminhada para uma sociedade igualitária. No Reino Unido surgiram diversas publicações que denunciavam a tirania da Igreja e do Estado. Lutava-se contra a prostituição. A própria escritora Charlotte Brontë, autora de As Mulherzinhas participa numa manifestação feminista. Os jornais escritos por mulheres surgiram por todo o lado, alguns mesmo com apoio de homens mais esclarecidos. Na Alemanha, na então Checoslováquia, na Polónia, Holanda, Suíça, as mulheres movimentam-se de forma extraordinária. Para o jornal da famosa feminista alemã Clara Zetkin (1857-1933) escrevem jovens russas, austríacas e até a finlandesa Hilja Parssinen. As mulheres viviam em efervescência pelas suas causas. Era preciso recuperar o tempo perdido a todo o custo.
«”Se, na Europa, as feministas beneficiam, na primeira metade do século XIX, do espírito de revolução e de dissidência religiosa, o feminismo dos Estados Unidos é inicialmente marcado pelo espírito pioneiro. As Daughters of Liberty (uma das mais importantes sociedades patrióticas dos EUA aberta às mulheres) da Revolução americana como Abigail Adams, são teóricas isoladas (...) Todavia a partir do final do século XIX, os feminismos dos dois mundos ocidentais começam a aproximar-se.”»
(Anne-Marie Kappelli in História das Mulheres, vol. V, p. 545)
As mulheres com maior sentido de cidadania, no séc. XIX, começaram por pedir o direito à educação, isto é ao ensino oficial, fora do lar e com acesso a cursos superiores. A pouco e pouco foram-lhe abertas as portas das Universidades. Mas havia um direito fundamental mais abrangente que todas as mulheres aspiravam – o direito ao voto. A palavra sufrágio deu origem ao termo suffragettes em França, que foi utilizado no Reino Unido e EUA e que em Portugal, deu origem à palavra sufragista, que ainda hoje tem uma conotação demolidora, como teve no tempo das primeiras lutas das sufragistas em Inglaterra, caricaturadas como mulheres horrendas e complexadas que nenhum homem deseja. Hoje sabemos que isso nada tinha de verdade.
São muitas as inglesas que têm no Reino Unido estátuas mais ou menos monumentais, relembrando os seus feitos, desde a espectacular Boadiceia, que nos remotos tempos das lutas contra os romanos resistiu até à morte com bravura, até Emmeline Pankhurst, que passou a vida a exigir o voto para as mulheres e leis mais igualitárias. Foi presa vezes sem conto, por perturbar a vitoriana paz pública. Tem uma estátua em Westminster, em Londres e é considerada uma das 100 mulheres mais importantes do século XX, na Grã-Bretanha. Vamos conhecer esta mulher singular.
Emmeline Goulden nasceu, em 14 de Julho de 1858, em Manchester numa família com um forte sentido de justiça social. O pai, Robert Goulden, advogado tinha simpatias pelas ideias radicais e um gosto especial pelo teatro amador que escrevia e encenava em casa com os filhos. A mãe, Sophie Crane era uma feminista apaixonada. «Eu tinha 14 anos quando participei no meu primeiro meeting sufragista». De regresso da escola encontrou a mãe que ia para esse meeting. Seguiram ambas. «Os discursos interessaram-me logo e fiquei a ouvir Miss Lydia Becker que era a editora do Women’s Suffrage Journal. Passei a ir ouvi-las todas as semanas. «Saí do meeting com a consciência de uma sufragista», conta Emmeline Pankhurst na sua autobiografia com o título My Own Life.
Aos quinze anos por sugestão dos pais vai estudar para Paris onde as suffragettes também faziam os seus comícios de rua, não esquecendo que anos antes Olímpia de Gouges ousara escrever a Declaração dos Direitos da Mulher, em 1791 e no ano seguinte, a inglesa Mary Wollstonecraft publicara Reivindicação dos Direitos das Mulheres. Na Grã-Bretanha um político com visão de futuro, John Stuart Mill, em 1866 apresentou uma Petição ao Parlamento pelo direito ao sufrágio feminino, mas a petição foi rejeitada. O seu estudo com o título The Subjection of Women, em 1869 foi traduzido em todas as línguas europeias e tornou-se a referência para as correntes do liberalismo político que se avizinhava.
Nunca deixando de militar nas causas sociais Emmeline, quando o primeiro ministro Earl Grey fez aprovar a Poor Law Commission de apoio às famílias pobres, Emmeline Pankhurst ficou como responsável oficial do cumprimento da lei. Nessa condição visitou muitos bairros pobres e sabia bem como a pobreza era muita no seu país. Emmeline casou, em 1879, com 21 anos,com o brilhante advogado Richard Pankhurst, que tinha quase o dobro da sua idade, mas que comungava das mesmas ideias da jovem. Ele foi pioneiro na escrita de legislação garantindo à mulher a independência das suas rendas ou ordenado e a favor do voto das mulheres solteiras nas eleições locais.
Em seis anos, o casal Pankhurst teve 4 filhos. O casal teve ao todo cinco filhos mas sobreviveram apenas quatro raparigas. Os Punkhurst fazia parte do Independent Labour Party e Richard acabou por ser eleito para a Câmara dos Comuns, escassos meses antes de uma doença súbita o vitimar, em 1898. As filhas mais velhas já adolescentes apoiaram vivamente a mãe.
Em 1903 Emmeline, fundou com as filhas Christabel e Sylvia a WSPU - Women’s Social and Political Union que desenvolveu um trabalho assinalável. Em 1907 Emmeline vai residir para Londres e só em 1912 é que a sua luta pelo direito ao voto se intensifica, apoiada pela filha Christabel. Em 1907 mais de 100 mulheres membros da WSPU passaram pela prisão onde muitas vezes eram insultadas e pontapeadas. Uma irmã de Emmeline, Mary, membro da WSPU em Brighton, foi encarcerada na Holloway Prison, em 1910 tendo morrido pouco depois.
As sufragistas criticavam duramente os políticos e estes andavam de cabeça perdida porque levaram tempo a perceber que com uma simples lei acabavam com a agitação. Mas como é sabido as mentalidades é o que mais tempo demora a mudar!
No ano de 1912, Emmeline foi presa 12 vezes, apesar de ser uma respeitável viúva de 54 anos. Em 1917 Emmeline e Christabel fundam o Women’s Party onde exigiam «para trabalho igual, salário igual» e benefícios para as mulheres que tinham filhos. No fim da I Grande Guerra (1914-1918) Emmeline visitou o Canadá e os EUA. Regressou em 1925. E, ironia do destino, poucos meses depois da sua morte, em 1928, as mulheres puderam finalmente votar em Inglaterra, sem restrições. Morreu com 70 anos.
Christabel (1890-1958), a filha mais velha de Emmeline, seguiu as pisadas da mãe na luta pela emancipação das mulheres e foi uma sufragista carismática. Estudou Direito e era adepta de movimentações de rua para chamar a atenção para as justíssimas reivindicações femininas. E pensava: «se as coisas não vão a bem vão a mal».
E é sabido que Christabel e as suas companheiras provocavam distúrbios de toda a ordem para serem ouvidas. Na sua autobiografia, com o título What I Remenmber relata como faziam as acções de quase vandalismo, e de alguma loucura, como acorrentarem-se às grades do Palácio de Buckingham, para serem ouvidas. Acabavam sempre encarceradas. Na prisão faziam greve de fome e adoeciam dadas as precárias condições higiénicas. Saiu uma lei, que ficou conhecida como Cat and Mouse Act, que não era mais que um perigoso jogo do gato e do rato. Que se passava assim: primeiro: as sufragistas radicais eram presas por desacatos, depois na prisão recusavam-se a comer e a seguir adoeciam. Então a opinião pública forçava e os políticos mandavam-nas libertar. Postas em liberdade ou em hospitais para se curarem e se alimentarem à força, eram de novo encarceradas até cumprirem as sentenças! Uma corrente infernal.
Christabel esteve sempre do lado da mãe, até ao seu falecimento, depois aderiu à Igreja Metodista e foi residir para os EUA.
Testemunho da prisioneira do Cat and Mouse Act, Annie Kenney, em Abril de 1912:
«Tinha como visitas a carcereira, o governador, o médico, o padre e o magistrado do Tribunal. Diziam-me para comer e beber, mas eu recusei. A carcereira e o médico ficaram meus amigos. O médico usava de toda a simpatia para me convencer a comer fruta. Eu nada comia.
“Tenho que estar liberta dentro de três dias, doutor ou então morro-lhe nos braços!” E o bom médico não queria que eu morresse ali. Ao fim de três dias as grades abriram-se para mim. A senhora Brackenbury levou-me para uma determinada casa a que chamavam «Castelo do Rato».(...) Quando estava recuperada de saúde era novamente encarcerada.»
(Memories of a Militant, de Annie Kenney)
Em 1897 a inglesa Millicent Garrett Fawcett fundou a National Union of Womens’s Suffrage. Baseava a sua luta pelo voto numa justa argumentação. Era paciente e esperava resultados. Se as mulheres pagavam impostos como os homens deviam poder votar como eles. Em 1903 com a criação da WSPU por Emmeline Pankhurst, Fawcett percebe que os progressos da sua missão eram demasiado lentos e que era preciso agir de outra forma. Em 1905 Christabel Pankhurst e Annie Kenney interromperam um comício em Manchester, onde dois políticos da ala liberal discursavam. Eram eles, Winston Churchil e Sir Edward Grey. Elas gritaram pedindo direito ao voto. Os homens calaram-se e a polícia levou-as, porque perturbavam a ordem e como se recusavam a pagar a multa eram encarceradas. Deste modo mostravam as injustiças do sistema. Os políticos estavam bastante confusos sobre a melhor atitude a tomar contra estas mulheres, que lhes perturbavam o pequeno-almoço e os derbies. E a família real inglesa, com a rainha Vitória (até 1901) como soberana, era contra o voto das mulheres, daí que também em frente de Buckingham Palace as manifestações tivessem lugar. Nestas lutas de rua o mais trágico acontecimento foi em Junho de 1913 quando a feminista Emily Wilding Davison numa corrida de cavalos se atirou para debaixo das patas do cavalo do rei, tendo acabado por morrer dos ferimentos. A WSPU organizou um espectacular funeral e as sufragistas fizeram dela a sua primeira mártir.
Sylvia (1882-1960) era diferente de Christabel e sempre acompanhara o pai, quando ainda criança a levava a fazer campanha pelo Partido Trabalhista Independente. Sylvia era uma pacifista e jamais aderiu às campanhas violentas da WSPU da mãe e irmã. Sylvia estudou no Royal College of Arts, era escritora e artista e foi ela quem desenhou e escolheu as cores dos uniformes que usavam as mulheres da WSPU. Púrpura, verde e branco. Púrpura representava a dignidade, branco a pureza e verde a esperança no futuro. Em 1914 Sylvia (1882-1960) sai da WSPU. A organização, dada a situação de guerra parou as suas actividades para darem apoio aos soldados feridos na 1ª Grande Guerra, enquanto que Sylvia com outras mulheres, conseguiram angariar dinheiro para abrir hospitais para bebés em Londres. Entusiasmada com a Revolução russa de 1917, partiu e foi conhecer pessoalmente Lenine. As ideias pró-comunistas vão entusiasmá-la. Em 1930 vai apoiar os espanhóis na Guerra Civil. Sylvia também ajudou refugiados judeus a fugir da Alemanha nazi e na campanha de Itália, na Etiópia, manifesta-se contra a invasão. Em Itália conheceu o italiano socialista Silvio Corio e, coerente com as suas ideias, pois era contra o casamento, teve solteira o filho Richard, que nasceu em 1927. Sylvia Pankhurst seria convidada pelo governo etíope para residir naquele país. Ali fundou diversos jornais, onde desenvolveu uma intensa campanha anti-racista. Viveu na Etiópia onde morreu em 1960 e teve honras de funeral de Estado, tal era a consideração que os etíopes lhe dedicavam.
Em finais de 2001 decorria uma campanha de angariação de fundos para erigirem uma estátua a Sylvia. O próprio filho esteve envolvido nessa homenagem.
Emmeline Pankhurst em 1912, numa das suas palestras disse:
«Nós as mulheres sufragistas temos uma grande missão – a maior missão que o mundo jamais teve. A de libertar metade da humanidade, e através dessa libertação salvar a outra metade.»
quarta-feira, 14 de março de 2018
Notícia - Mariano Gago sublinha que nunca houve tantos jovens a estudar ciências em Portugal
Nunca houve tantos jovens a estudar ciências em Portugal como nos dias de hoje nem tantos professores a ensiná-las bem, afirmou ontem, na Figueira da Foz, o ministro Mariano Gago da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.O ministro falava no final da Gala da Ciência promovida pelo jornal online Ciência Hoje, no Casino da Figueira da Foz.
No entanto, o ministro considerou que a actividade científica em Portugal "ainda tem muito que crescer".
"Mas é muitíssimo superior àquela que alguma vez foi na História portuguesa", declarou.
O facto de existir em Portugal uma investigação científica "consistente em muitas áreas", concretamente nas empresas, aliado aos numerosos cientistas é, segundo Mariano Gago, um sinal de "esperança".
No discurso que proferiu durante a Gala da Ciência, em que foram atribuídos os prémios "Seeds of Science" a investigadores de dez áreas científicas, o ministro sublinhou que a ciência não existe sem reconhecimento.
"Claro que o reconhecimento que conta para a ciência é o reconhecimento de quem trabalha em ciência. Não há ciência sem que outros cientistas reconheçam que aquela é uma ciência que vale a pena, que é boa", frisou.
Entre os galardões atribuídos, o prémio "Carreira" distinguiu Álvaro Maceira-Coelho, investigador já reformado, cujo trabalho se desenvolveu na área da biologia celular e molecular do envelhecimento e do cancro. "De todas as recompensas, as que nos tocam mais são as que vêm do país onde nascemos", disse Maceira-Coelho, que vive em França, onde desenvolveu grande parte da sua actividade científica.
Além de Álvaro Maceira-Coelho, foram distinguidos com o "Seeds of Science" Alexandre Quintanilha, Mário Barbosa e Sobrinho Simões, na rubrica "Consagração", Cecília Arraiano ("Ciências da Vida") e Gustavo Castelo-Branco ("Ciências Exactas").
Elvira Fortunato ("Engenharias e Tecnologias"), Irene Pimentel ("Ciências Sociais"), Instituto Gulbenkian de Ciência ("Comunicação"), Ricardo Serrão Santos ("Ciências do Mar, da Terra e Atmosfera"), Pedro Russo ("Especial 2009") e André Afonso ("Júnior") foram os restantes galardoados.
A segunda edição dos prémios "Seeds of Science", atribuídos anualmente pelo jornal online de informação científica Ciência Hoje, contou com a colaboração da Agência Ciência Viva, Fundação Calouste Gulbenkian e Associação de Laserterapia e Tecnologias Afins.
Lusa
terça-feira, 13 de março de 2018
Biografia - Ademar de Barros
Político populista, Ademar de Barros exerceu grande influência no estado de São Paulo em meados do século XX. Ademar Pereira de Barros nasceu em Piracicaba SP, em 22 de abril de 1901. Formado em medicina pela Universidade do Brasil em 1923, fez pós-graduação durante quatro anos na Universidade Popular de Berlim. De volta ao Brasil, trabalhou no Instituto Osvaldo Cruz, até 1932, quando se engajou nas fileiras da revolução constitucionalista. Com a derrota do movimento, asilou-se no Paraguai e na Argentina. Em 1934, elegeu-se deputado pelo Partido Republicano Paulista. Mais tarde fundou o Partido Republicano Progressista, que se transformaria no Partido Social Progressista (PSP). Interventor em São Paulo durante o Estado Novo, em 1947 elegeu-se governador, com o apoio dos comunistas. Candidatou-se em 1955 à presidência da república pelo PSP, mas foi derrotado. Elegeu-se em 1957 prefeito da capital paulista; no ano seguinte candidatou-se ao governo do estado e em 1960 novamente à presidência, sendo derrotado nas duas ocasiões. Foi eleito governador de São Paulo pela segunda vez em 1962, depois de haver apoiado no ano anterior o movimento em favor da investidura de João Goulart na presidência, após a renúncia de Jânio Quadros. Participou, entretanto, da conspiração que resultou no movimento militar de 31 de março de 1964, o que não impediu que fosse afastado do cargo pelo presidente Castelo Branco e tivesse os direitos políticos cassados por dez anos, sob a acusação de corrupção. Ademar de Barros morreu em 17 de março de 1969 em Paris, onde passara a residir.
Informação retirada daqui
domingo, 11 de março de 2018
Biografia - Jacques-Louis David
Deputado à Convenção durante a Revolução francesa, regicida por ter votado a morte do rei de França Luís XVI, pintor histórico, principal expoente da reacção neo-clássica contra o estilo rococo, foi um dos raros grandes artistas franceses da época.
Nasceu em Paris, em 30 de Agosto de 1748;
morreu em Bruxelas em 29 de Dezembro de 1825.
David nasceu no ano em que novas escavações das ruínas de Pompeia e de Herculaneum começavam a encorajar um regresso ao estilo da Antiguidade greco-romana. O pai era um abastado comerciante têxtil, que morreu num duelo em 1757, fazendo com que o jovem David fosse educado por dois tios maternos. Depois de ter realizado os estudos literários e um curso de desenho foi colocado no estúdio do pintor histórico Joseph-Marie Vien, o mais célebre pintor de história e professor do seu tempo, e que pintava de acordo com o novo gosto pelas coisas greco-romanas, sem abandonar completamente o erotismo e o sentimentalismo em moda no princípio do século XVIII.
Aos 18 anos David entrou para a Academia Real de Pintura e Escultura, de França, mas os primeiros tempos de estudo não correram bem, o que o levou a tentar o suicídio à maneira estóica, pela fome. Finalmente, em 1774 ganhou o Prémio de Roma, uma bolsa que não só lhe possibilitava uma estadia em Itália, mas também lhe assegurava futuras encomendas de trabalhos. O quadro premiado «Antíoco e Estratonice» mostra que ainda estava influenciado pela pintura rococo de François Boucher. Foi para Itália no ano seguinte, acompanhado por Vien, tendo sido influenciado pelas principais escolas italianas, a de Caravaggio, a de Nicolas Poussin e a seiscentista de Bolonha. Mas o mais importante foi a sua visita às ruínas de Herculaneum, às colecções de antiguidades de Pompeia existentes em Nápoles, e aos templos dóricos de Paestum. Frente às colunas e aos vasos antigos sentiu-se «como se tivesse sido operado a uma catarata nos olhos».
De regresso a Paris, em 1780, realizou «Belisário pedindo esmola» em que se notam influências de Poussin numa cena da antiguidade. Em 1782 casou com Marguerite Pécoul, filha do empreiteiro e superintendente das obras no Palácio do Louvre. A partir deste momento a situação de David melhorou rapidamente. Em 1784 foi eleito para a Academia Real com o seu «Andrómaca chorando Heitor». Regressou no mesmo ano a Roma, desta vez acompanhado pela mulher e assistentes, para pintar um quadro, que parece ter sido inspirado na peça de Corneille, Horace. O resultado, que acabou por não ser influenciado por nenhuma das peripécias da peça, foi o «Juramento dos Horácios», que é uma afirmação de simplicidade e austeridade estóica anti-rococo. Apresentado pela primeira vez no estúdio de David em Roma, participou no Salão de Paris de 1785, tendo aí provocado sensação, sendo considerado um manifesto em defesa de uma renovação artística. No fundo, acabou por se tornar um manifesto político contra a corrupção da aristocracia afeminada de final do século, e pelo regresso aos rudes princípios morais atribuídos à Roma republicana.
David tornou-se um herói. A sua fama aumentou ainda mais quando em 1787 pintou «A Morte de Sócrates» e no ano seguinte os «Amores de Paris e Helena», e em 1789 «Os Lictores devolvendo a Brutus os corpos dos seus filhos». Quando o «Brutus» foi apresentado a Revolução Francesa já estava em desenvolvimento, e este quadro do cônsul patriota que condenou à morte os seus próprios filhos por traição, teve nesse momento uma importância política inesperada. Para além de que a popularidade de David, e o desenvolvimento do neo-classicismo, fez com que estes quadros fossem fonte de inspiração da moda, tanto no vestuário como na decoração de interiores, na França revolucionária, já que eram considerados reconstituições fidedignas da vida de todos os dias da Roma antiga. Os homens começaram a usar o cabelo curto, «à Brutus», e as mulheres começaram a vestir-se como as filhas, sendo que mais tarde, as mais modernas e ousadas passaram a usar vestidos como as Sabinas, que mostravam os seios.
No começo da Revolução David ligou-se ao grupo extremista dos Jacobinos de Robespierre. Foi eleito para a Convenção Nacional em 1792, a tempo de votar a execução de Luís XVI. Em 1793 durante o governo do Terror jacobino e enquanto membro da Comissão parlamentar de Arte, David tornou-se o ditador artístico francês, o «Robespierre do pincel». A Academia foi substituída por uma Comuna das Artes e mais tarde por uma Sociedade Popular e Republicana das Artes. Nesta época, David estava ocupado fundamentalmente com propaganda revolucionária - medalhas comemorativas, levantamento de obeliscos, festivais, funerais para os mártires do novo regime. A maior parte dos seus projectos de pintura não são terminados, como o «Joseph Bara», tributo a um tambor morto por monárquicos, ou o «Juramento da Sala do Jogo da Pela» comemorando o momento em que o Terceiro Estado jurou não se separar sem ter aprovado uma Constituição escrita. A «Morte de Lepeletier de Saint-Fargeau» pintado em honra de um deputado assassinado, considerado por David como um dos seus melhores quadros, foi destruído, o que implica que esta fase da sua obra seja representada pelo «Marat Morto», pintado em 1793 pouco depois da morte do dirigente revolucionário. Esta «pietá da Revolução», como foi chamada, é considerado como a grande obra de David, mostrando como o neoclassicismo se podia tornar Realismo.
Em 1794, com a destituição e morte de Robespierre, David foi preso. Duas vezes, mas por pouco tempo - 6 meses em dois anos -, e em lugares bastante agradáveis, como seja o Palácio de Luxemburgo, tendo autorização para pintar. A mulher, que se tinha divorciado dele dois anos antes por ele ter votado a morte do rei, voltou para lhe dar apoio, o que levou a novo casamento, desta vez permanente. Pintou dois quadros nesse tempo, um deles o seu auto-retrato. Mesmo na prisão manteve três estúdios no Louvre, e quando foi libertado, devido à amnistia aprovada em 1795, abandonou a actividade política e dedicou-se com a mesma intensidade ao ensino. Nos trinta anos que medeiam entre 1785 e 1815, David foi responsável pela formação e doutrinação de uma geração de pintores que incluíram Gros, Gérard e Ingres, a quem afirmava que o contorno era a base da arte, o que levou a que o desenho teve um influência muito grande na pintura do resto do século XIX.
É nesta época que pinta o seu maior famoso retrato, o de «Madame Récamier», a mulher mais bonita do seu tempo, por quem Chateaubriand, o famoso escritor e político francês da Restauração, se apaixonou.
Mas David não era homem para se dedicar exclusivamente ao ensino e ao retrato de pessoas famosas, e em 1799 apresentou «As Sabinas». O quadro não representa o «Rapto das Sabinas», mas sim a «Intervenção das Sabinas» num conflito entre Romanos, seus maridos e filhos, e Sabinos, seus parentes. O quadro representa Hersilia, a sabina, tentando reconciliar Romulus, o fundador de Roma que dirigiu o rapto, de Tacius, o chefe dos Sabino, que as vinha tentar libertar. Segundo o autor a intenção era afastar-se da dura maneira romana para a mais graciosa maneira grega, e fê-lo com o aplauso do público que gostou da elegância das figuras. Mas a cena de reconciliação também foi vista, com aprovação geral, como uma proposta de pacificação da sociedade francesa ao fim de sete anos de luta política revolucionária. Também teve o benefício de mudar a alcunha de David, que deixou de ser o «Robespierre do pincel» para se tornar o «Rafael dos jacobinos», devido à nudez das figuras do quadro.
Napoleão Bonaparte, que tomou o poder em França em finais de 1799, percebeu que podia utilizar o talento de David em seu benefício próprio. Napoleão utilizou-o tanto no Consulado, como no Império, sendo dele a «Coroação» de Napoleão, pintado de 1805 a 1807, a «Distribuição das Águias» de 1810 e o «Napoleão no seu escritório» de 1812, um quadro com intuitos oficiais que o mostra claramente em declínio.
Com a queda de Napoleão Bonaparte, e a Restauração das Dinastia dos Bourbons, David foi exilado para Bruxelas, não tendo pintado praticamente mais nada.
Informação retirada daqui
sábado, 10 de março de 2018
sexta-feira, 9 de março de 2018
Biografia - Benjamin Disraeli
Primeiro ministro britânico, em 1868 e de 1874 a 1880, foi o principal responsável pela política de defesa das classes trabalhadoras realizada pelo Partido Conservador britânico e pelo desenvolvimento da democracia na Grã-Bretanha.
Nasceu em Londres, em 21 de Dezembro de 1804;
morreu na mesma cidade em 19 de Abril de 1881.
Filho mais velho de Isaac D'Israeli e Maria Basevi, o acontecimento mais importante da sua infância deveu-se à disputa do Pai com a sinagoga londrina de Bevis Market. A disputa fez com que o Pai rompesse com o Judaísmo e baptizasse, em 31 de Julho de 1817, os filhos, tornando-os membros da igreja anglicana, no próprio ano em que Disraeli poderia ter realizado o seu Bar Mitzah. Sem esta mudança de religião, a carreira política de Disraeli nunca teria tido o desenvolvimento que teve, já que os membros da religião judaica só puderam ser eleitos para o Parlamento britânico a partir de 1858.
Disraeli, educado em pequenas escolas privadas, começou a trabalhar numa firma de advogados aos 17 anos. Em 1824 decidiu especular em acções de minas na América do Sul, tendo perdido, no ano seguinte, todo o dinheiro investido. As dívidas contraídas tinham sido tão grandes que a sua vida financeira só se regularizou muito mais tarde. Tendo lançado anteriormente o jornal diário Representative, que foi um completo fracasso, e não tendo podido cumprir com a parte do capital a que se tinha comprometido, entrou em disputa com os seus sócios, que gozou no seu primeiro romance Vivian Grey, que tinha publicado anonimamente. Descoberta a autoria do livro, Disraeli foi severamente criticado, tendo sofrido aquilo a que hoje se chamaria um esgotamento nervoso.
Escreveu um novo livro, The Young Duke, publicado em 1831, e foi de viagem para o Mediterrâneo e Médio Oriente. As viagens foram importantes para as descrições orientais incluídas nos seus futuros romances, mas também lhe permitiram ter um conhecimento em primeira mão do Oriente quando, como político, foi confrontado nos anos 70 com o Problema Oriental. Regressado a Inglaterra, começou a frequentar a vida social e literária londrina tendo-se tornado uma personagem muito conhecida, devido à sua figura de dandy, maneiras afectadas e extraordinária auto-estima, mesmo que nem sempre fosse verdadeiramente popular. Tendo entrado no círculo de festas londrino conheceu as celebridades do tempo. Nessa época escreveu Contarini Fleming, publicado em 1832, um dos seus livros mais autobiográficos.
Foi após a viagem ao Oriente que decidiu entrar na política. Tentou ser eleito deputado pelo condado de Buckingham, perto da localidade onde a sua família vivia, tendo-se apresentado três vezes às eleições como radical independente. Perdeu-as todas. Decidiu-se, por isso, a integrar um dos dois partidos existentes naquele tempo. Tendo uma interpretação muito própria das posições do partido Tory, achou que as suas posições radicais se integravam melhor no futuro partido conservador, do que com os liberais do partido Whig. A decisão foi acertada, e em 1835 foi escolhido como candidato oficial pela associação conservadora de Tauton. Perdeu as eleições, de novo. Mas a verdade é que a sua vida privada não o ajudava muito, mantendo uma ligação pública com uma mulher casada, tendo enormes dívidas e um comportamento pessoal bastante extravagante. Mas o Partido Conservador não perdeu a confiança nele, e em 1837 foi eleito, finalmente, deputado por Maidstone, no Kent. O seu primeiro discurso na Câmara dos Comuns, sobre as eleições na Irlanda, foi um desastre. As suas elaboradas metáforas, os seus maneirismos afectados e a sua extravagante maneira de vestir levaram a que fosse impedido de continuar o discurso. Acabou-o afirmando profeticamente: «Sento-me, mas o tempo virá em que me ouvirão».
Em 1839 casou-se com a Sra. Wyndham Lewis, uma viúva rica doze anos mais velha do que ele, o que fez com que conseguisse resolver os seus mais prementes problemas financeiros. Segundo a própria afirmava, com o acordo do marido: «Dizzy casou comigo por dinheiro, mas se voltasse atrás casava comigo por amor.» O casamento não só melhorou o estatuto social de Disraeli, como lhe moderou os ímpetos extravagantes. Não demorou a que o Parlamento começasse a ouvi-lo com atenção.
Em 1841 os Conservadores ganharam as eleições, mas Disraeli não foi convidado para o Gabinete, possivelmente por ter sido acusado de suborno de eleitores, o que provocou a sua separação do grupo de sir Robert Peel, o novo primeiro-ministro. Ligou-se ao grupo parlamentar Jovem Inglaterra, criado pelo futuro lorde Stangford, que defendia uma visão romântica, aristocrática e nostálgica para a Inglaterra em fase de rápida industrialização, e que foi descrita na sua obra Coningsby or The New Generation (de 1844). Em 1845, devido à Fome na Irlanda e à defesa do livre-cambismo, o governo conservador revogou as altas taxas alfandegárias impostas aos cereais importados, conhecidas pelas Corn Laws. A Jovem Inglaterra lutou afincadamente contra essa medida, tendo obtido o apoio, não só dos aristocratas proprietários de terras, como também dos pequenos e médios proprietários em geral, que eram o esteio do partido conservador. Disraeli tinha encontrado o seu ponto de ruptura com Peel.
Os discursos de Disraeli na câmara, sobretudo o de Fevereiro de 1845 em que atacou Peel por ignorar a vontade do Partido Conservador, e os de Maio de 1846 que foram bastante violentos, azedaram bastante a discussão sobre a revogação das Leis, o que levou a um corte profundo com o grupo de Peel. Disraeli não conseguiu o restabelecimento das pautas proteccionistas, mas conseguiu que o governo de Peel perde-se votações cruciais, que o obrigaram à demissão em 1846. Devido à morte de Lorde Bentinck, chefe dos conservadores proteccionistas e ao afastamento dos antigos ministros de Peel, Disraeli tornou-se de facto o líder da oposição ao novo governo do Partido Liberal (Whig).
A sua direcção do partido foi muito controversa, devido a ter modificado a sua posição em relação ao proteccionismo, tornando-se um defensor do livre-cambismo, e à permanente afirmação da sua ascendência judaica, de que se orgulhava publicamente. Mas os seus talentos não podiam ser ignorados pelo partido.
Em 1847 foi, finalmente, eleito deputado pelo condado de Buckingham, e no ano seguinte comprou Hughenden Manor, o que fortificou a sua posição social e política. Em Dezembro desse ano apoiou a proposta para acabar com as restrições eleitorais dos judeus. Quando o governo Whig caiu, em 1852, Disraeli foi nomeado Chanceler do Tesouro (ministro das finanças) no governo conservador de Lorde Derby, conhecido pelo nome de «Who? Who?» (Quem? Quem?). O orçamento apresentado na câmara dos comuns, com um discurso de durou cinco horas, e que propunha algumas medidas proteccionistas, foi derrotado levando à queda do governo. Disraeli fundou então o seu jornal semanal The Press, que durou até 1858. Na oposição de novo, o partido conservador voltou ao poder, dirigido novamente por Lorde Derby, em 1858, mas novamente por pouco tempo. Disraeli apresentou uma lei de reforma parlamentar que, tendo sido derrotada, levou o governo a pedir a demissão. Derby e Disraeli formaram novamente governo (o terceiro) em 1865, devido à revolta do partido liberal contra a proposta de reforma eleitoral do primeiro ministro Lorde Russell.
O governo conservador apresentou, no ano seguinte, por iniciativa da rainha Vitória e de Lorde Derby, uma proposta de reforma eleitoral que foi defendida por Disraeli na Câmara dos Comuns. O resultado foi a duplicação do número de eleitores na Grã-Bretanha. Derby considerava-a um «salto no escuro», mas Disraeli considerou-a a «realização do sonho da minha vida e o restabelecimento do partido Tory como um instituição nacional.»
Em 1868 Derby retirou-se da vida política e Disraeli tomou o seu lugar na direcção do governo. Tinha finalmente chegado ao topo, mas era o «topo de um poste ceboso», já que o governo que dirigia só se mantinha em funções até à realização do novo recenseamento eleitoral. As eleições de finais de 1868 deram a vitória aos liberais.
Nos doze anos seguintes, a vida política britânica polarizou-se em torno dos dois partidos tradicionais, mas que se passaram a definir mais em torno de programas políticos coerentes do que de personalidades. Disraeli criou o «Central Office» em 1870, uma organização profissional, que juntamente com a «National Union» que unificou as associações políticas locais, deu uma nova coerência ao partido, tornando-o de facto o Partido Conservador. Definiu o ideario conservador muito claramente, diferenciando-o do Partido Liberal. Defendeu a Monarquia, a Câmara dos Lordes, e a Igreja Anglicana; definiu políticas de consolidação do império britânico, e de reforma social, e enunciou uma política externa forte, especialmente no que se referia à expansão do império russo.
Em 1872 a mulher de Disraeli morreu de cancro, tendo provocado problemas financeiros ao marido, já que a casa e a fortuna passaram para alguns primos.
Em 1873, o primeiro ministro liberal, Gladstone, o grande rival político de Disraeli, demitiu-se, mas foi obrigado a manter-se em funções até às eleições devido à recusa do dirigente conservador assumir o poder. A estratégia surtiu efeito e o Partido Conservador ganhou as eleições em 1874.
O segundo governo de Disraeli era forte internamente, e tinha o apoio da rainha Vitória. Por isso mesmo, a legislação social do governo, muito controversa, foi quase toda aprovada, tornando o governo conhecido como o «Ministério dos Esgotos». Disraeli apresentou leis sobre saúde publica e habitação social, assim como o trabalho fabril e a organização sindical.
Mas foram as suas acções na política imperial e externa que o tornaram mais popular. Primeiro com a compra a Ismail Pasha, khedive do Egipto, das acções deste da Companhia do Canal do Suez, o que deu o controlo do Canal do Suez à Grã-Bretanha. Depois, em 1877, a outorga do título de Imperatriz da Índia à rainha Vitória, lutando contra uma oposição muito generalizada em todos os sectores da vida britânica, razão pela qual foi feito conde de Beaconsfield, o que o fez passar de líder da Câmara dos Comuns para o da Câmara dos Lordes, um cargo muito menos exigente do ponto de vista físico, e que foi uma das principais razões da sua aceitação do título aos 72 anos de idade.
O conflito entre a Rússia e a Turquia, que a Guerra da Crimeia não tinha resolvido definitivamente, ocupou-o até 1878. A Rússia tinha declarado guerra ao Império Otomano em 1877 e os seus exércitos tinham quase chegado a Constantinopla. A Grã-Bretanha receou pelas comunicações com a Índia, mas Disraeli percebeu que uma mera prova de força seria suficiente para fazer parar as forças russas. O tratado de paz de San Stefano, imposto pela Rússia à Turquia, e que criou a Bulgária independente, foi submetido a um Congresso Europeu, que se reuniu em Berlim em 1878, onde Disraeli conseguiu da Rússia as concessões que desejava, regressando a Londres em triunfo, afirmando que tinha trazido uma «paz com honra».
A rainha ofereceu-lhe um título de duque, que Disraeli recusou, e a Ordem da Jarreteira, que aceitou. A partir dessa época a sua popularidade começou a decair, devido ao desastre sofrido no Afeganistão, ao massacre de um regimento britânico na África do Sul, no começo das guerras com as tribos Zulus, à crise agrícola e à diminuição da produção industrial. Em 1880 o Partido Conservador perdeu as eleições, mas Disraeli manteve a liderança do Partido, tendo acabado o seu romance político Endymion.
Disraeli envelheceu muito no decorrer do seu governo, e tendo adoecido morreu em Abril de 1881. A rainha Vitória, impedida pelo protocolo de participar no funeral, foi visitar o jazigo da família de Disraeli em Hughenden, pouco tempo depois, para homenagear o seu primeiro ministro favorito.
Fontes:
Enciclopédia Britânica;
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